4 - Marcas.

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Eu não quero conversar sobre isso

Como você partiu meu coração

Se eu ficar aqui mais um pouco

Se eu ficar aqui, você não ouvirá meu coração?

Oh, meu coração

(I Don't Want To Talk About It - Rod Stewart)


Abro meus olhos e a luz do dia cega minha vista por alguns segundos, eu estou atordoada tudo roda por fração de segundos que parece uma eternidade sem fim, a tontura chega a me dar dor de cabeça. Suspiro aos fechar meus olhos e abri-los minutos depois e a primeira coisa que noto é minha mãe conversando com um médico. Olho a onde estou e por um tempo não faço a menor ideia do por que estou ali deitada em um tipo de cama hospitalar, cheia de fios conectada na minha pele, fios que eu não consigo nem contar, mas logo minha mente reflete tudo o que aconteceu que novamente eu passar mal, minha respiração acelera junto com meu coração. O monitor cárdico já está apitando descontroladamente por causa do coração que a cada segundo acelera mais. Logo já sinto falta de ar, olho para minhas mãos que tremem sem parar pouso-a sobre minha cabeça apertando-as contra minhas têmporas, enquanto fecho meus olhos tentando conseguir controlar minha respiração. O medo me invade completamente tudo que passei desde primeiro dia naquele galpão não para de se repetir em minha cabeça, o médico aparece no quarto e toca meu ombro eu me afasto quase caindo da cama e grito em lágrimas:

— Fique longe de mim!

E ele diz calmo:

— Se acalme tudo vai ficar bem Nadia não vou machucá-la. Só estou tentando ajuda-la.

Ele tenta me tocar, porém quanto mais ele tenta mais eu me desespero. Eu não o vejo como um médico bonzinho que só que me ajudar enxergo-o igual a Simon um homem mal que só quer me machucar. Começo a chorar mais ainda e me debato enquanto ele tenta segurar meus braços, logo começo a gritar para ele parar de encostar-se a mim suplicando para não me machucar, ele chama por uma enfermeira e pede que me dope com algum tipo de tranquilizante, que eu não sei o nome e assim eu sinto meu coração se acalmar enquanto vejo-a injetar algo no dorso da minha mão e meus olhos começam a ficar pesados como meu corpo, e fecho os olhos lentamente voltando à escuridão em alguns minutos. Mas antes de apagar consigo dizer em um sussurro:

— Por favor. Não me machuque...

Acordo meio sonolenta, eu sinto a mão de alguém apertar a minha olho e lá está ela minha mãe que tanto imaginei como ela estaria no futuro, seus cabelos que antes eram ruivos estão pintando de castanho-escuros e estão curto, não está mais aquele cabelo meio longo que batiam no ombro, agora está bem curto batendo em seu queixo. Ela olha para mim com seus olhos que brilham por alguns segundos, porém lá no fundo estão tristes e ela fala quase em um sussurro:

— Oi querida?

— Oi. – respondo quase sem ouvi minha voz.

Ela beija minha mão e continua a dizer:

— Senti tanta sua falta.

— Eu também. – sorrio de canto.

— Eu te amo muito não sei o que seria de mim sem você achei que eu morreria. Eu estava morrendo sem você. – ela falava beijando minha mão.

— Eu sei que me ama muito mamãe. – eu respondo.

— Você ficará bem? – pergunta com esperança que eu diga um sim, mas não sei que ficarei.

Uma Vida - Inacabada (versão antiga)Onde histórias criam vida. Descubra agora