24 - Piquenique.

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— Paula mandou eu entregar isso para você. – ele diz segurando um pedaço de bolo.

— É o bolo da festa dela?

— Sim. - responde.

Pego de sua mão, abro a tampa e pego um garfo de plástico e começo a comer devagar saboreando cada pedaço, bolo tão macio e gostoso de sabor laranja com recheio de nozes com alguns M&Ms, com cobertura de chantilly confeitado com granulado de chocolate branco.

— Que delicia! – exclamo olhando para ele sorrindo de canto.

— É bem gostoso mesmo.

— Gostoso não, maravilhoso isso sim. – corrijo.

Ele ri e eu continuo a comer. O sol bate no gramado e em nossos rostos, o sol hoje está muito bom, não tão quente. Parece que estou morando em Curitiba de tão gostoso que o sol está, ele está aquecendo o dia que hoje se encontra um pouco gélido. Não faz muito tempo que me mudei de Curitiba para o Rio. Faz uns 2 anos, mês que vem fará 3 anos. No fundo, lá no fundo eu sinto falta dos dias loucos de Curitiba dos meus amigos que deixei para trás, mas que nem se quer lembram da minha existência. Talvez por todos já estarem na puberdade onde preferem curtir mais com aqueles que estão perto e esquecer de quem ficou para trás e eu sou a que ficou para trás.

Pego um copo e coloco um pouco de refrigerante e bebo não sinto muito o gosto por causa do açúcar, então pego um chips e o abro e começo a comer. Caleb pega um de mim e eu falo:

— Ei! Sai fora esse é meu. Pega o seu ali.

— Não eu quero o seu.

— Na-na-não. Sai!! – grito afastando dele.

Ele fica muito mais perto de mim que nossos lábios quase se tocam, eu empurro sua cara para trás e o vejo cair sentando e eu acabo derrubando metade do meu chips no lençol quando olho para o chão:

— Idiota ficou satisfeito, olha ai perdi toda minha comida! – esbravejo brava.

E ele abre um largo sorriso e concorda e eu o fuzilo com os olhos dizendo:

— Vontade de matar você.

— Mata. – diz ainda sorrindo.

Eu curvo um sorriso e ele chega mais perto de mim pega o chips de minha mão. Tira um de dentro coloca sobre meus lábios e eu abro a boca, ele solta e eu mastigo rindo. Faço o mesmo com ele e ele sorri e eu dou uma gargalhada, pego o copo e bebo o resto de refrigerante e volto a encostar minhas costas na árvore. Ele senta bem mais perto de mim me deixando pôr minha cabeça em seu ombro, enquanto olhávamos algumas crianças correndo pelo gramado, no tempo em que ouvíamos o segurança gritando dizendo pra não correr, a gente dá gargalhadas com a cara das crianças.

— Elas brincam como se o mundo nunca fosse acabar. Como se a tarde fosse infinita – Caleb comenta.

E eu sorrio com seu pensamento e por um lado ele tem razão. Quando crianças tínhamos medo de dormi por medo de perder toda a diversão da vida, e quando chegamos na puberdade o mundo todo parece desabar debaixo de nossos pés e, no fim, começamos a pensar que nunca nada será a mesma coisa e que o mundo nunca se ajeitará, que nada vai ser como era quando tínhamos 10 anos.

— Tem razão.

Ele me olha abrindo um sorriso tão lindo. E eu fico olhando para aqueles olhos cinzas, eu consigo me ver lá dentro daqueles olhos quando eles brilham quando me vê. Ele é tão lindo sempre foi e sempre será, o homem da minha vida. Começo a chegar mais perto dele até eu senti sua respiração lenta, ele agora olha para meus lábios rosados e eu olho para os deles e então sinto seus lábios tocarem os meus, e eu o beijei. Ficamos ali nos beijando por longos minutos, mas logo a gente não consegue respirar, então nós se afasta lentamente e eu toco seu rosto e começo a rir sentindo que vou chorar a qualquer momento de tanta felicidade, foi a primeira vez que quando toquei nele, não vi o passado assombroso me atormentando. E vejo que aos poucos eu estou conseguindo superar, estou me recuperando. Ele segura minha mão e eu sorrio e ouço ele perguntar:

— Você está pronta?

— Sim.

E ele me beija novamente e dessa vez eu não recuo, eu fico aonde estou. Amor recíproco nesse século é como ganhar na loteria e nesse momento, eu percebi que acabei de ganhar na loteria. Depois que ele me beija Caleb deixa eu pôr novamente minha cabeça em seu ombro enquanto saboreava guloseimas gostosas, eu estou adorando esse piquenique. Mas logo teremos que voltar para casa.

O tempo começou a fechar e Caleb olha para mim dizendo:

— Acho que vai chover.

— Acha que é melhor a gente ir?

Ele assente e eu me levanto devagar começo a colocar tudo dentro da cesta e vislumbro Caleb dobrando o lençol quando término de colocar tudo dentro da cesta, e coloca por cima e fecha a cesta pegou-a na mão e segurou a minha mão com a outra, e saímos andando do parque.

Paramos no ponto de táxi e esperamos o táxi chegar eu olho para ele, não sei porque ele tem que ser mais alto que eu, porém eu tenho 1,54 e ele 1,63 isso é injusto e pelo jeito ele crescerá mais que eu. Quando noto começou a chuviscar e o táxi ainda não chegou, Caleb liga para o táxi e ele diz que a atendente disse que não pode mandar outro táxi porque dois já estão a caminho a onde a gente se encontra e ele fica resmungando um monte no meu ouvindo e eu fingindo nem ouvi-lo. E o chuvisqueiro começou a engrossar e o vejo ficar nervoso:

— Cadê a merda desse táxi? Cadê os dois táxis que já estavam a caminho. Não estou vendo porra nenhuma.

— Caleb olha essa boca. E se acalme uma chuvinha não mata ninguém. – alertei abrindo um sorriso.

— Nossa. Você está brisada ou algo do tipo?

— Cala a boa. – falo chateada.

Ele vem sorrindo para perto de mim me abraca pedindo desculpas, dizendo que era para eu ter levado na brincadeira – eu sabia que era brincadeira, não sou tão burra a esse ponto. – e ele fica ali agarradinho tentando me proteger da chuva e do frio, logo a chuva vem com tudo e molha a gente e eu olho para o fim da rua e consigo ver o táxi chegando. Entramos no táxi, eu aperto minha blusa meio grossa para poder me aquecer do frio que tomou conta de mim e me faz ter arrepios. Caleb me olha e diz:

— Está com frio?

Eu assenti e ele tira seu casaco e manda eu vesti e eu como sou, visto sem pensar duas vezes. Me sinto bem aquecida mesmo que o casaco dele também esteja molhado. O taxista levara a gente até nossas casas, quando chego em casa desço do carro me despeço de Caleb com um selinho rápido em seus lábios e adentro em casa com um sorriso largo estampado no rosto minha mãe me vê e disse:

— Nossa filha! Que sorriso é esse? O dia foi bom então.

— Não é nada, não. Sim foi ótimo. – digo sem tirar o sorriso do rosto.

— Sei... Que bom, agora vai trocar de roupa para não pegar nenhum resfriado.

— Sim, mamãe.

Depois me troço e olho as horas no celular 15h35min. O resto da tarde eu fico no meu quarto deitada na minha cama revendo tudo o que houve no parque e no cemitério. Falo um pouco com Caleb pelo notebook, agradeço Paula pelo pedaço de bolo e ela respondeu de nada e que eu mereci o bolo e logo saiu dizendo que precisava conversar com Victor – bom Victor e Paula na verdade são namorados desde que eu meu lembre – só que parece que por minha causa ela tá muito furiosa com ele. Depois eu desligo meu note e volto a ficar deitada na cama olhando o teto pintado de cor gelo com o sorriso no rosto e fico até adormecer pensando no Caleb. Sonhei até com ele no começo foi bom, porém faltou pouco para o sonho virar um pesadelo e eu acordar aos gritos, quem foi me socorrer minha mãe como sempre. Estava bem assustada e não parava de chorar, ela teve que me dopar no fim, para eu me acalmar e tentar fechar os olhos. E só consegui dormir bem dopada de remédios.

25 de marco de 2014

O alarme toca as 06h35min em ponto eu levanto meio cansada e sonolenta por causa dos comprimidos. Vou para o banheiro, despir-me e tomo um banho rápido, enrolei-me na toalha e sair do banheiro arrumando meus cabelos. Término de arrumá-lo e coloco o uniforme, passo perfume contundo vou para a cozinha tomo meu café da manhã e volto para o quarto, arrumo o material para aula de hoje e coloco tudo dentro da mochila e sentei-me na cama esperando o tempo passar, e por um momento Astrid passa por minha mente e ouço o que ela me disse ''uma hora temos que seguir em frente'', suspiro profundamente e sorrio de canto.


Uma Vida - Inacabada (versão antiga)Onde histórias criam vida. Descubra agora