Ele deixou-me aqui sozinha... A sentir-me culpada por tudo. Quando dei por isso, já estava a chorar.
A Alice foi a primeira a chegar.
-Sara!! O que foi??
-O Santiago... -disse entre soluços...
-Nao precisas de contar. -abracou-me.
-Ele...
-Shiuu... -disse de forma carinhosa. -Vamos sair para te animar!
-Nao...
-Tens de te animar!
-Nao quero... -foi só o que respondi.
Recebi uma mensagem:
Querida, eu e o teu pai temos uma reunião de emergência. Aquece a massa que está no frigorífico para ti e para a tua prima. Desculpa, beijinhos!
Os meus pais trabalham na mesma empresa, ou seja, quando um tem reunião o outro também. Geralmente fico chateada, mas hoje até fiquei aliviada.
-Quem era? -perguntou a minha prima.
-Vao ter reunião... -foi o suficiente para ela compreender.
-Nao chores... -abracou-me com mais força.
-Obrigada...
-Nao precisas de agradecer.
O que seria de mim sem a minha prima?
-Depois temos de conversar... -disse ela. A sua expressão alterou -se. Ficou séria.
-O que se passa?
-Agora não é altura... -reparei que também ela estava a conter as lágrimas.
Dei-lhe a mão.
-Fala...
-O meu pai diz que quer que eu vá viver com ele em Nova Iorque...
-Nao, Alice! Não me podes deixar aqui!
-Calma Sara...
Será que eu estou em Maré de Azar? Ela não me pode deixar aqui sozinha!!
Numa escala de zero a dez em sofrimento, isto seria avaliado com um dez...
-Não... Não... Não... -repeti inúmeras vezes.
-Vou ligar... Ele pediu para lhe ligar quando pudesse falar. Por favor, eu vou por em voz alta, mas fica em silêncio.
Acenti com a cabeça e começou a chamar. O meu tio atendeu ao terceiro toque.
-Alice?
-Pai... -disse ela com uma voz bastante desanimada.
-Comprei o teu bilhete! Vens no dia três de Janeiro, antes do início das aulas.
-Nao quero ir... -disse ela com a voz a falhar, deixando cair uma lágrima.
-Nao percebi?
-Nao vou! -disse ela convicta.
-Por favor! -disse com a voz exaltada. -Vens sim! Vais ai nas férias e ponto final!
-Ela não vai! -disse eu, já não aguentava as palavras que me estavam a apertar a garganta.
-Sara? Ela vem!
-Nao vai nada tio! Não quiseram saber dela quando foram para ai... A que se deve isso agora?
-Eu e a tua tia divorciamo-nos e eu quero ficar com ela!
-Como assim? Divorciaram-se?
-Sim... Por isso, ela vem!
-Nada justifica está injustiça para com a minha prima! Se agora lhe veio o sentido de pai e se agora percebeu que a ama, deixe-a ficar pois é isso que ela precisa para ser feliz!
-Nao há discussão possível! -disse ele rígido.
-Ha sim!!! -explodiu a Alice.
-Nao!!
-Nao vou!!! Ninguém me pode obrigar a ir até ao aeroporto! Podes por já o bilhete no lixo ou podes da-lo a quem quiseres! -desligou a chamada e começou a chorar.
Abracamos-nos e ficamos as duas a chorar assim agarradas.
Quando me deu a fome, soltei-a s fui até a cozinha. Aqueci dois pratos de massa e comemos ainda a choramingar.
Quando os meus pais chegaram estranharam o nosso ar de sofrimento.
-O que foi? -perguntou o meu pai.
-A Alice vai embora...
-Como assim vai embora? -perguntou.
-Os meus pais... Divorciaram-se e ele quer que eu fique com ele... -explicou a Alice.
-Mas ele não pode fazer isso sem nos informar! -explicou o meu pai.
A minha mãe estava a porta chocada com o que ouvia.
-Ele já comprou o bilhete. Quer que eu vá no dia três, mas eu já disse que ninguém me obriga a ir.
-Eu falo com ele! -disse finalmente a minha mãe, quando acordou daquele transe. -E meu irmão!
-Obrigada tia! -a Alice fez um sorriso no meio das lágrimas.
-Eu vou para o escritório, trouxe trabalho. -disse o meu pai.
A minha mãe ligou e foi falar para o pátio.
Eu e a Alice ficamos a olhar uma para a outra sem proferir uma única palavra, apenas a espera de sinal da minha mãe.
A minha mãe entrou na sala de novo, também de lágrimas nos olhos:
-Nada feito... Ele está convicto. Mas eu vou continuar a tentar convence-lo!
-Mas não posso simplesmente ficar?
-Nao... Ele pode acusar-me de rapto.
-Mae... Não a deixes ir!! -disse.
-Nao deixo...
Fomos deitar-nos e naquele dia eu escolhi encher o colchão de ar da minha mãe e dormir no quarto da Alice. Se ela fosse, eu queria dizer que tinha aproveitado cada momento...
Ela só não me podia deixar... Eu precisava dela! Ela não era minha prima... Ela era mais! Era minha irmã! Eu não a ia deixar abandonar-me assim... Ela ia ficar comigo e com os meus pais... Nem que eu tenha que falar com o meu tio!
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O Primeiro Amor
RomanceSara é uma rapariga de 19 anos que pensa ter encontrado a felicidade na sua popularidade, namorando com Miguel, um grande traidor! Decide então criar um plano com um amigo, o Santiago. Depois de se apaixonar e estar feliz com o Santiago e com a sua...