O Primeiro Amor

Capítulo 30

Esta nossa guerrilha ainda durou algumas semanas e eu ainda me sentia chateada com aquelas palavras! Mas acabei por me acalmar e perceber que estava de cabeça quente nesse momento...
Eu também lhe disse várias coisas que não devia ter dito e ambos chegámos à conclusão de que aquilo não valia a pena.
-Sara, já te pedi desculpa... Ainda estás a pensar nisso?
-Não! O que passou já passou, certo? O importante é que estás aqui!
Lixado, mas estás... Pensei.
-Ainda bem que pensas assim... Se não ultrapassassemos os problemas do passado ainda estávamos separados.
-Sim... Mas agora não me lembres essa época, está bem...?
-Sim! A Teresa? -perguntou.
-Está a dormir, outra vez... Já deve estar quase a acordar...
-Interessante... -fez um sorriso com segundas inteções e beijou-me.
Começámos a nossa tão amada sessão até que, como esperado, fomos interrompidos pela Teresa.
Ele deu-me um beijo na testa.
-Eu dou-lhe o leite, descansa! -disse ele.
Um bocado depois estavam os dois há minha frente.
-Esta altura é tão chata... Só come e dorme! -comentei.
-Pelo menos não anda a espiar-nos como fazem quando crescem... -começou a rir-se.
-Ela que nem tente! Haha!
-Era um pouco constrangedor se nos apanhásse...
-Não comeces com teorias assustadoras, por favor! -começamos os dois a rir.
Ele às vezes pensa em cada coisa... Sinceramente! Poupem-me!!!
Ela acabou de comer e lá foi dormir outra vez!
Decidimos ver um filme que tinha dado no Hollywood porque já temos televisão e internet. Quando o filme estava a meio tivemos um passageiro clandestino... A Teresa acordou e acabou por "ver o filme" enquanto dormia no meu colo.
-São tão bonitas, as minhas meninas... -comentou o Santiago a prestar mais atenção a mim do que ao filme!
-Obrigada... -tentei dar-lhe um beijo, mas fiquei com medo de fazer com que a Teresa ficasse desconfortável.
Apenas consigo pensar na nossa conversa, por muito que a tente esquecer!
Ele tem razão! Sou uma irresponsável! Eu não consigo meter na cabeça que tenho uma filha e que agora a minha vida não depende do Santiago, mas sim da minha filha!
Apenas lhe dei a mão e ele reparou que eu estava tensa.
-O que se passa, Sara? -perguntou.
-Nada...
-Já te conheço... O que tens?
-Santiago!! Eu não consigo... Não estou pronta para isto! Sou irresponsável e imatura... Tu tens razão!!
Ele pegou na Teresa e eu corri para o quarto a chorar. Só queria deitar para fora o sentimento de que não estou pronta para ser mãe... Mas não consigo! A Teresa merece tudo e eu não tenho nada para lhe dar...
O Santiago entra no quarto sem a Teresa, deve ter ido deita-la, e começou a mexer no meu cabelo.
-Eu não acho... Tens que te habituar... Eu sei que não e nada fácil, amor, mas sabes que eu estou aqui e que nunca mais te vou abandonar!
-Mas eu merecia!! -expliquei a sofocar com as lágrimas.
-Sara, não sejas assim para ti... És uma pessoa especial, com um feitio especial! Difícil, mas e por isso que... -ganhou coragem para proferir as seguintes palavras- te amo...
Fiquei comovida e comecei a beija-lo intensamente... Ele limpou as minhas lágrimas calmamente e continuou a beijar-me.
De repente, senti um pequeno arrepio como que um aviso de que algo não estava bem e no momento seguinte o meu telemóvel tocou e era a minha mãe.
-Sim? -perguntei
A minha mãe estava a chorar.
-Querida, tens... Que... Vir aqui...
-O que se passa?! -perguntei muito preocupada.
-O teu pai... Ele teve um acidente... -começou a chorar desalmadamente.
Reparei que alguém agarrou no telemóvel.
-Sim, Sara... -era a Alice e também ela estava sofocada com as lágrimas.- O tio morreu...
Eu comecei num choro sufocante e desliguei a chamada.
Calcei-me rapidamente.
-O que se passa, amor? Porque e que estas a chorar? -perguntou o Santiago.
-O... Meu... Pai...
Acho que ele percebeu porque me abraçou e foi a correr buscar a Teresa.
-Não queres ficar aqui com ela? -perguntei ainda que sem sucesso acalmar-me.
-Achas? Tu precisas de nos!
Saimos de casa e ainda tínhamos umas cinco ou seis horas de viagem.
Nunca uma viagem tinha sido tão grande para mim! Parecia que nunca mais chegava! Ainda não acredito... O meu pai? Ele não merecia isso!
Ele não merecia! Ele não merecia!
Tenho estas palavras aos gritos dentro de mim a sufocar.
Eu não podia aguentar isto!
Sem pensar, Agarrei no telemóvel e liguei ao Miguel. Queria falar com alguém e ele seria a única pessoa que não me iria tratar como uma coitadinha!
-Sim, Sara? -perguntou curioso.
-Ajuda-me! -voltei ao meu choro.
-O que se passa??
-O meu pai morreu...
-Não te preocupes! Onde está a tua mãe?
-Acho que ainda esta no hospital.
-Eu faco-lhe companhia! Respira, por favor... Onde estas?
-Eu, o Santiago e a Teresa estamos a caminho, mas ainda vamos demorar algum tempo...
-Pronto, não te preocupes... Vai tudo correr bem!
Desliguei a chamada e o Santiago olhou para mim.
-Desculpa, mas tinha que falar com alguém que não me tratasse como uma coitadinha... Ele era a minha única opção!
-A serio?! Para que e que eu estou aqui, Sara?
Eu não acredito que ele ia discutir comigo numa altura destas! Ele não me podia estar a fazer isto!
-Deixa de ser ciumento!! Ele e meu amigo!
-Desde quando?
-Há algum tempo!
-Sara, sou o teu namorado, o pai da tua filha e o homem que vive contigo! Não acredito que tu agora em vez de desabafares comigo Vais falar com esse gajo que te partiu o coracao!
-Esquece Santiago... A minha mãe precisa de companhia!!
-Tem a Alice!!
Decidi calar-me. Não acredito que ele me estava a fazer aquilo!
Não valia a pena continuar a gritar com ele...
Finalmente chegamos e eu abracei fortemente a minha mãe. Ela estava de rastos... Depois passei a Alice, coitadinha também estava tão mal! Depois o Miguel.
-Anda ca! -disse ele e abracou-me.- Estás bem?
-Não! -continuei a chorar.
Os nossos olhares cruzaram-se e voltei a abraça-lo.
Depois percebi que o Santiago não se importava de matar o Miguel... Ele tinha que aprender a lidar com os ciuminhos em excesso que tem... Eu não estava para discussões. Só queria companhia e ele não me estava a dar isso!