Dezasseis minutos depois de eu chegar ao carro a Alice bateu no vidro. Eu destranquei as portas e ela entrou.
-Agora nao chores mais...
Eu acalmei-me com as doces palavras da minha tao adorada prima bebeda.
Comecamos a andar em silencio ate que ela ligou o radio e pos a musica alta. Eu baixei o som, adoro a musica, mas nao me apetece...
Ela acabou por adormecer... O que ja seria de esperar.
Eu estava tao irritada! A imagem do Santiago mesmo ali a minha frente na discoteca nao me saia da cabeca ate que...
Dei uma guinada ao carro que foi contra o separador central, fez piao e bateu no outro lado da estrada e repetiu o movimento mais uma vez e parou em sentido contrario...
Doia-me imenso a perna do lado da porta e a Alice tinha acordado sobressaltada.
-Alice... Estas bem? -disse eu com um mix de sentimentos... Raiva, stress, preocupacao...
-Eu estou! E tu?
-Doi-me a perna... Vamos sair do carro! Eu nao aguento este cheiro a airbag...
Ela saiu, mas eu nao tinha forca na perna e ela teve que me ajudar.
-O que fazemos? -perguntou.
-Ligo para a seguradora e tu para os meus pais...
Ela foi enquanto eu ligava para a seguradora.
Ela fez-me sinal de que ninguem atendeu. Passado um pouco desliguei.
-E agora?
-Temos que aguardar que chegue um reboque... -esclareci.
Voltei a tentar ligar para os meus pais e desta vez a munha mae atendeu:
-Mae... Tivemos um acidente...
-Estao bem?
-Doi-me a perna e a Alice esta bem. Ja chamamos um reboque. Estamos a cinco minutos de casa.
-Onde?
-Na estrada que vai para o Sul.
-Vou acordar o teu pai! -e desligou.
Dez minutos depois chegaram.
-Ja ligaste para a policia?- perguntou o meu pai.
-Porque?- perguntei.
-Vao querer fazer testes... Bebeste?
-Nao! -respondi imediatamente.
-Ainda bem...
Liguei e em cinco minutos estava um grande aparato de luzes no meio da estrada. Policia, reboque e ate uma ambulancia.
Perguntaram se estava bem e eu expliquei da minha perna que analisaram na ambulancia.
-Quase de certeza que esta partida, mas aqui nao temos equipamento para esclarecer a duvida. Vamos transporta-la para o hospital, mas primeiro tem de ir assinar os papeis e tem de fazer o teste do balao para ver o nivel de alcool no sangue.
-Mas eu nao bebi... -murmurei.
-Mesmo assim.
Desci da ambulancia com a ajuda do medico e assinei os papeis e fiz o teste enquanto o medico explicava aos meus pais o processo.
Apenas nessa altura olhei para o meu querido carro... Estava destruido...
-Vamos? -perguntou o medico.
-Posso acompanhar? - perguntou a minha mae.
-Nao... Ela ja e maior de idade. -explicou o medico.
-Mas podemos ir no carro?
-Claro.-e sorriu.
Arrancamos e quando chegamos ao hospital tivemos a confirmacao. Eu tinha o pe partido. Puseram o gesso e pude seguir para casa.
-O que aconteceu? -perguntou o meu pai calmamente.
Voltei a chorar. Fiquei sem carro...
-Ela estava irritada... Um rapaz la na discoteca agarrou-a. -explicou a Alice, facilitando-me assim a vida.
-Aconteceu algo contra tua vontade? -perguntou preocupado.
Eu continuava a chorar... Ja sem saber o porque... Era um mix de emocoes: por um lado estava bem, por outro tinha o carro desfeito e um rapaz agarrou-me... Era muita emocao para um so dia.
Quando chegamos a casa, com a ajuda das minhas novas companheiras, as muletas, fui para a cama onde abafei um grito na minha almofada. Ainda sentia o corpo a tremer e o medo a dominar-me.
Era a sensacao mais estranha e mais assustadora que alguma vez tinha sentido...
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O Primeiro Amor
RomantizmSara é uma rapariga de 19 anos que pensa ter encontrado a felicidade na sua popularidade, namorando com Miguel, um grande traidor! Decide então criar um plano com um amigo, o Santiago. Depois de se apaixonar e estar feliz com o Santiago e com a sua...