O Primeiro Amor

Capítulo 29

Quando chegámos ao Alentejo eu estava bastante mais calma. Desta vez, a Teresa dormiu durante quase toda a viagem e eu estava mais calma porque a minha mãe tomou conta dela toda a semana.
Depois de chegar a casa, pousamos as malas e a minha espertalhona acordou e começou de novo a chorar.
-POR FAVOR, TERESA! -eu estava desesperada, fora do controle.
Podia estar ligeuramente mais calma, mas ainda não estava pronta para o berreiro de novo!
Ela chorou mais e o Santiago pegou nela de imediato.
-Tens de ter calma, Sara! Ela sente o teu stress! E ainda tenho que falar contigo!
O que é que ele quer dizer com tudo aquilo? O que é que eu fiz?!
Ele foi tratar de mudar-lhe a fralda e deu-lhe o leite, depois deitou-a no quartinho dela e sentou-se no sofá em frente a mim.
-Não achei correto o que fizeste com os teus pais esta semana...
-Santiago! Poupa-me! Tu aceitaste logo ter uma folga! Eu também mereço!
-Mas tu tens de perceber que a Teresa não é tua irmã! Ela é tua filha! Vê se assumes as tuas responsabilidades de uma vez por todas!
-Estás bem da cabeça?! Até há uma semana atrás eu era a melhor mãe do Mundo e agora já não sirvo?! -elevei o meu tom de voz.
-Ela está a dormir por isso vê lá se te acalmas... E também goatava de saber porque mentiste ao Miguel se tens a perfeita noção de que ele sabe que tu não planeaste isto! Nada disto estava nos nossos planos!
-Menti porque ele não se ia calar!
-Qual é que é o teu problema, Sara?
-Olha! Acho que eu é que devia perguntar?! Qual é o teu problema, seu ciumento!
-Apenas mais uma vez, vê se assumes as tuas responsabilidades e percebes que não te podes comportar mais como uma miúda! A partir de agora, deves crescer e perceber que tens uma filha para criar! Não foi planeada? Ótimo! Serviu lara nos juntar! Eu não me vou afastar podes descansar, mas vê se entendes isto!
Se calhar porque fui mãe há três semanas e estou sensível comecei a chorar.
-Eu não entendo! Eu esforço-me imenso!
-Eu sei que te esforças... Mas eu ainda não acabei... Quem era aquele gajo que beijaste na discoteca?!
Quem... Não me lembro bem disso...
-Eras tu!
-Eu?! Pareceu-me o João, mas pronto...
O João?!
-Santiago... Eu bebi e não me lembro de beijar o João! Só me lembro que alguém se aproximou, perguntei quem era porque não se via bem e responderam que eras tu!
-Aquele sacana... Foi o João! Tens a certeza do que dizes?
-Não te posso afirmar sobre mais nada nessa noite, pois acho que exagerei na bebida, mas garanto essa parte!
Bebida! Já tinha tantas saudades... Eu podia beber porque a Teresa estava a beber do leite de lata e que bem que me sabia poder sair e beber mais um pouco...
-João!! -soltou um grito de raiva e foi para a varanda.
Levou o telemóvel com ele e passado um pouco vi-o aos berros exaltado e tive a certeza de que sabia com quem falava.
Eu tinha feito bosta... Uma grande bosta! Gostava de saber como vou remediar o meu erro!
Ele entrou novamente na sala irritado e deu-me a mão, mas eu afastei-me.
-Vais fazer birra, Sara?
-Eu é que estou a fazer birra?! Tu é que não acreditas em mim! NUNCA ACREDITAS!!! -berrei desnorteada e a chorar.
Pouco tempo demorou a ouvir-se a Teresa chorar.
Bonito! Agora quando é que acabo de lhe atirar todas à cara!!??
-Vou buscar a nossa filha... -disse eu mais calma e saí.
Voltei com ela já a beber um biberão de leite. Enquanto comia, ela estava calada o que me permitia falar mais um pouco com o Santiago.
-Tens noção de que eu fico completamente lixada com isto? -disse-lhe sincera.
-E eu? Queres mesmo que eu diga?
-Idiota... -revirei os olhos.
-É esse tipo de comportamento infantil que me deixa f***** contigo!
-Não uses mais essas palavras quando te referires a mim ou quando a nossa filha estiver por perto!
-Vai-te lixar, Sara!
-Já fui...
-Pena que eu me tenha lixado contigo! -disse ele e eu passei-me.
-Desculpa?! Espero bem que isso não tenha sido a sério!
-E se foi?
-Santiago... Eu não te estou a achar piada! Tens noção do que disseste?! Estás arrependido de estar aqui comigo e com a Teresa?! Se é isso podes ir passear!!
-Vou dar uma volta... -levantou-se e bateu com a porta.
Eu comecei a chorar e a Teresa também. Fui para casa da minha tia e contei-lhe tudo... Precisava realmente de desabafar.
O grande problema é que os dois tínhamos razão, mas não o admitiamos por mero orgulho... Ambos tinhamos que melhorar o comportamento infantil!