Missing

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Kaya's P.O.V. Mode = ON
Natal... A neve caía do lado de fora e eu apenas observava os pontos brancos caírem, com a minha cabeça encostada na porta envidraçada que dava para a varanda. Era hora de me arrumar. Dei graças a Deus pela casa estar com o aquecedor ligado, eu não queria usar mil casacos por cima do meu vestido lindo. Ele era um vermelho mais fechado, todo brilhante. Eu o vesti e sentei na penteadeira, ligando o babyliss em seguida e fazendo os cachos nos meus cabelos. A maquiagem que fiz era dourada com um esfumado marrom e um lindo batom vermelho-sangue. Por fim, coloquei meus brincos dourados em formato de gota e um anel dourado. Fui até meu armário e peguei meus sapatos. Eram scarpins nudes de 8 centímetros de altura apenas, não havia necessidade de usar um sapato muito alto. Peguei meu celular e liguei para Celina, Leah, Marcus e minha família. A pessoa com quem mais gastei tempo no telefone, foi Marcus. Eu estava morrendo de saudades...
Kaya's P.O.V. Mode = OFF

Kaya desceu as escadas e Izzy comentou:
— Olha ela!
A menina cumprimentou os familiares de Mike, Max e Izzy. Depois de comerem, chegou a tão esperada hora dos presentes. Todos se divertiram. O pessoal morava perto um do outro, não teria problema se passassem a noite na casa de Izzy. Os quatro jovens foram para o quintal e sentaram na borda da piscina:
— E aí Kaya, 'tá gostando daqui? – Max perguntou.
— Ah, gosto. Sinto falta de Monterrey, mas aqui é um lugar bem legal... – Kaya olhava para a piscina, que estava coberta com uma grande lona azul.
— Sente falta do quê? – Mike deitou na grama branca pela neve.
— Ah... – Kaya suspirou. – Da minha mãe, minhas amigas, amigos, Marcus... – A menina esfregou os braços, com frio.
— Boy? – Izzy sentou ao lado de Kaya e a mesma assentiu.
Mike olhou para os próprios pés e Kaya olhava a lona da piscina:
— Erhm... – Izzy quebrou o silêncio. – O que acham de uma partidinha de: "Eu nunca..."?
— Com seus pais aqui, doida? – Mike riu. – "Eu nunca..." só é legal com Vodka ou Tequila e você sabe disso.
— Prefiro Vodka. – Kaya olhava o céu estrelado.
— Eu prefiro Whisky. – Izzy brincava com os dedos.
— Eu bebo qualquer coisa. – Max e Mike disseram num uníssono.
Todos riram. Até que uma brisa fria e cortante bateu nos jovens:
— Nossa, aquela neve 'tava até suportável, mas agora esfriou mesmo! – Kaya esfregou as mãos nos braços com mais força e rapidez.
— Vamos entrar, eu 'to afim de uma partida de buraco. – Izzy se levantou.
— Vai perder pra mim de novo. – Max brincou com as madeixas loiras da namorada.
— Vai nessa, Max. – A loira debochou.
Os quatro subiram e Kaya parou no meio do caminho:
— Izzy... Acho que vou descansar um pouco, 'to morrendo de dor-de-cabeça. – Kaya mentiu.
Os três a olharam e deram de ombros, desejando que tivesse uma boa noite e a menina assentiu, em agradecimento. Assim que a menina fechou a porta de seu quarto, apagou todas as luzes e deixou apenas o abajur da cabeceira da cama aceso. Sem contar a iluminação que vinha da lua, que refletia no quarto. Pegou o diário e começou a escrever:

"Hoje falei com minhas amigas, minha mãe e Marcus... A cada dia que passa, sinto mais falta de Monterrey. Estou pensando seriamente se ainda quero ficar aqui. O pessoal daqui é legal, mas a saudade de Monterrey me mata."

Chorou depois que fechou o diário. Esfregou o rosto com os dedos, que ficaram pretinhos de maquiagem.
"Af." – A menina praguejou mentalmente e foi até a penteadeira para remover a maquiagem.
Depois de alguns minutos revirando na cama, começou a cochilar. Sentiu carícias em seu braço e abriu os olhos, se deparando com um par de olhos azuis à sua frente:
— O que foi? Precisava me chamar uma hora dessas? – Kaya disse, levemente mal-humorada.
— Ei Bela-Adormecida-da-dor-de-cabeça-fingida, só 'to fazendo um favor pra sua prima. – Mike rebateu e Kaya revirou os olhos.
— E ela não podia vir aqui?! – Kaya bateu no lençol.
— Você 'tá muito histérica pra quem dizia estar com dor-de-cabeça.
— Estúpido. Me deixa dormir. – Kaya se cobriu.
— Nem agradece. – Mike se levantou.
— 'Tá, me fala logo que favor é esse, peste. – Kaya passou a mão pelos cabelos.
— Izzy me pediu pra trazer esse comprimido pra você. – Ele deixou uma bandeja pequena com a pílula e um copo d' água.
— Obrigada.
— Por nada. – Mike saiu do quarto.
Kaya olhou a bandeja e enfiou a cabeça no travesseiro novamente.

Um grande palco, um holofote, uma garota e seu violão: a combinação perfeita de tranquilidade pra mim. Começo a tocar acordes de uma música suave e canto suavemente.

"Não fala nada, deixa tudo assim por mim...
Eu não me importo se nós não somos bem assim...
É tudo real nas minhas mentiras...
E assim não faz mal, e assim não me faz mal não..."

Fui interrompida. E qual era o problema do imbecil que pensou em me interromper?! Me viro de costas, mal-humorada, e, no fundo do palco, avisto um par de olhos azuis que bem conheço. O menino carrega uma guitarra elétrica em suas mãos, e com um acorde, ele faz o chão estremecer. Se aproxima de mim, continuando a tocar seu instrumento. Tampo meus ouvidos, incomodada com o som.

— Ai. – Kaya acorda. – Que sonho mais... Ai, preciso escrever. – A loira pega seu diário às pressas e retrata o sonho.

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