In the Flesh.

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Jack estava esperando a amiga acordar. Já tinha uma hora que Melyrune estava tomando soro. Ela havia sido pega no flagra. O médico adentrou à sala:
— Com licença, Jack White?
Jack levantou-se e bagunçou seus cabelos pretos:
— Eu.
— Fiz os exames da Melyrune e ela foi diagnosticada com anemia. Está passando por anorexia, e, para que isso não passe para uma anorexia nervosa, sugiro que algum nutricionista acompanhe sua alimentação e que você fique no pé dela. – O médico entregou os exames para Jack.
— Obrigado, doutor. Que horas ela vai poder sair daqui?
— Assim que acordar e comer alguma coisa, ela será liberada. O jantar vai ser servido daqui a pouco, mas ela precisa descansar.
— Posso levar o jantar dela.
— Perfeito. Querem que te notifique quando ela estiver melhor?
— Não. Eu vou esperar.
— Como quiser. – O médico saiu do quarto.

Kaya estava tocando alguns acordes no violão, enquanto a amiga ficava se emperiquitando:
— Izzy... Precisa se emperiquitar toda para um simples jantar?
— Eu gosto de ir linda pra todo lugar. – Ela colocou duas argolas prateadas em suas orelhas.
— Você já é linda do jeito que é. Pare com isso.
— Shh! Continue tocando.
Kaya riu e continuou a tocar.

Mely's P.O.V Mode = ON
Bip.
Bip.
Bip.
Aquele barulho latejava. Mas espera aí... Se latejava, eu estava viva. Abri meus olhos e senti meu braço doer. Soro. Ew. Olhei para o meu lado e me deparei com os olhos ternos de Jack. Peguei todas as forças que eu tinha e sorri. Sem entender o que estava acontecendo, perguntei:
— O que faz aqui? O que eu faço aqui?
— A senhorita desmaiou. O que pensa que quer fazer com a sua vida?
What do you mean? – Jack não estava brincando.
— Você foi diagnosticada com anemia, Melyrune. Está anoréxica.
Bati minha cortina de cílios rapidamente, sem acreditar:
— Eu vou acompanhar sua alimentação a partir de hoje. Você não vai sair pra jantar. Eu vou levar o que você deve comer. Entendeu?
Assenti. Mas eu não ia engodar. Não mesmo.
Um médico entrou no quarto e sorriu ao me ver:
— Melyrune. Como se sente?
— Bem. – Eu disse, neutra.
— Ótimo. Você vai receber alta, mas vai descansar muito essa noite, estamos entendidos?
Assenti.

Fomos andando pelo resort até meu quarto em silêncio. Jack não dirigiu uma palavra a mim, sequer. Eu o olhava discretamente. Como ele era mais alto que eu, eu só conseguia ver seu olho azul e o seu outro olho, que era verde, e seus lábios rosados. Ok, eu não estava fazendo certo, mas entendam meu lado! Até que ele parou de andar e eu me virei pra ele, sem entender:
— Pequena... – Há quantos anos ele não usava esse apelidinho? – Desculpa se fui muito ignorante hoje, você sabe que só quero seu bem. É que não tem motivo pra você fazer isso. Você é linda do jeitinho que é, não precisa ficar doente. – Eu estava pasma com suas palavras. Ele suspirou. – Me prometa que vai sair dessa confusão, por favor. – Ele suplicou.
Apenas assenti. Não tinha o que dizer.
Quando chegamos ao meu quarto, ele colocou uma mecha do meu cabelo para trás da minha orelha:
— Eu já trago seu jantar. – Beijou minha testa e foi embora.
Entrei no quarto e fui recebida de braços abertos pelas minhas amigas. Eu apenas as abracei. Ambas disseram que se preocuparam e que estavam felizes em me verem bem. Sorri para as duas. Kaya vestia um vestido regata vermelho escuro e Izzy, um vestido azul no mesmo tom de seus olhos. Ambas de sapatilhas prateadas e brincos prateados. Apenas rímel nos cílios. Foram jantar e eu me esparramei na cama.
Sabe o que é pior? É que Jack tem razão. Afinal, o que eu estou fazendo com a minha vida?
Eu comecei a cochilar e Jack apareceu no quarto com um prato de comida. Eu o olhei e arqueei minhas sobrancelhas devido à quantidade de comida que ele tinha posto naquele prato. Ele se sentou na minha frente:
— Não adianta me olhar com essa cara. Vou ficar aqui até você comer tudo. – Ele sorriu, vitorioso, mas eu ainda tinha uma carta na manga.
— Meninos não podem ficar no quarto das meninas. – Ha!
— Não brinca! Pena que o médico comunicou o diretor sobre a sua situação e quem está encarregado de te supervisionar sou eu. – Ele debochou.
— Ah, seu filho da puta. – Semicerrei meus olhos.
Comecei a comer e fazia um tempão que eu não tinha esse prazer. Uma pessoa que só comia frutas – pra depois vomitar – não tinha esse prazer.
Até que sair das garras da anorexia e da bulimia não seria ruim, mas é claro que eu não conseguiria largar o vício tão facilmente:
— Vou ao banheiro. – Levantei.
— Não, você não vai. Eu sei que vai colocar o dedo na goela.
!
Revirei meus olhos e deitei na cama. Senti os dedos de Jack sob meus cabelos:
— Mely, você sabe que isso é pro seu bem. Por favor.
Ele tinha razão. Sem pensar, eu o abracei fortemente, sussurrando em agradecimento.
Mely's P.O.V Mode = OFF

Izzy, Kaya, Max e Mike estavam jantando. A comida do resort tinha agradado a todos:
— A programação foi atualizada, gente. – Izzy checou o celular.
— E o que temos pra amanhã? – Max cheirou os cabelos da namorada, que riu com o gesto.
— Amanhã de manhã temos canoagem, mais tarde tem trilha na floresta e à noite tem uma brincadeira noturna.
— Pra nego que vai fazer dezessete anos, ou dezoito, no caso do Mike, essa programação 'tá bem fraquinha. – Kaya comentou.
— Até que não, acredita? As atividades são bem legais. – Mike sorriu.
Izzy selou os lábios do namorado e se levantou:
— Gente, eu e Kaya temos que cuidar da Mely. Vocês vão querer ir mesmo na trilha amanhã? Podemos nos encontrar em outro lugar e... – Izzy foi interrompida.
— Amor, vamos aproveitar ao máximo. A gente se encontra no tempo livre. – Max a interrompeu.
— Ok. – Izzy sorriu e assentiu.
— Boa noite pra vocês. – Izzy e Kaya disseram num uníssono.
— Igualmente. – Max e Mike disseram também em um uníssono.

As duas entraram rindo no quarto e ouviram um: "Shh!", provavelmente de Jack:
— Mely comeu e foi dormir. – Jack levantou-se. – Acho que não vai ser tão difícil pra ela se curar.
— Assim esperamos. – Izzy abraçou Jack. – Obrigada por cuidar dela, de verdade.
— Por nada. Boa noite. – Saiu do quarto.

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