Complicated.

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Kaya andava pelos corredores do colégio pensando na possibilidade de dar um afinador de guitarra para Mike. Era uma boa ideia e ele não tinha um. Bocejou e entrou na sala de aula:
— E aí, pensou no que vai dar pra ele? – Mely sussurrou para a amiga.
— Vou dar um afinador de guitarra.
— É um baita presente, ele vai adorar. – A menina sorriu.
— Obrigada pela ajuda, de verdade. – Kaya abraçou a amiga.
As duas estavam jogando conversa fora quando Izzy entrou bufando na sala da aula, arrumando os longos cabelos:
— O quê houve, amore? – Kaya perguntou.
— Aquela... Vadia da Vicky! Ela não cansa de me infernizar! – Izzy disse, entredentes.
— Ela te fez o quê?
— Ela simplesmente pegou todas as coisas do meu armário e jogou tudo no chão! – A voz de Izzy chegou a quebrar, de ódio.
— Ela é amiguinha da Mary. Duas cobras. Vou resolver isso. – Kaya saiu da sala.
Encontrou Vick de costas e a empurrou. A menina foi ao encontro do chão e resmungou:
— Qual é o seu problema, garota?!
— Eu odeio quem mexe com as minhas amigas. – Kaya semicerrou os olhos.
Vicky olhou nas profundas esmeraldas de Kaya e levantou-se, lhe dando um empurrão. Logo, as duas brigavam como duas crianças pelo corredor, até que o inspetor lhes advertiu:
— Qual é o problema das duas?! JÁ PARA AS SUAS SALAS.
Kaya nada disse, apenas obedeceu, assim como Vicky.
Logo depois das três primeiras aulas, Izzy e Mely foram correndo falar com Kaya:
— Não precisava disso tudo! – Izzy disse, esbaforida.
— Eu não vou deixar aquela vagabunda nos incomodar. Não mesmo. – Kaya disse, os olhos tingidos de ódio.
O olhar de ambas se encontraram:
"Vadia." – Ambas pensaram.
— Se aquela vadia me incomodar de novo, vou mostrar pra ela o quanto eu consigo infernizar sua vida. – Kaya sorriu, felina.
Mike entrou na sala e foi falar com as meninas:
— Hey! Nossa, que climão. Quem morreu? – Mike disse, bem-humorado.
— Na verdade Mike, a pergunta certa seria: Quem quase morreu? – Kaya abraçou o menino.
— Kaya, vamos conversar. – Puxou a menina para fora.
— Foi só um tranco pra ela aprender e... – Kaya começou a atropelar as palavras.
— Kaylee! – Mike a interrompeu e ela ficou quieta. – Se meteu em briga?!
— Mas...
— Kaya, você é bolsista. Um passo fora da linha pode ser fatal pra você! Não sei como deu sorte!
Kaya olhou para baixo, visivelmente arrependida da burrada que tinha feito:
— É que a Vicky provocou a Izzy e... E ela é amiga de uma garota que não gosto e... Ah, esquece! – Kaya saiu correndo e sentiu os olhos marejarem. Ela não choraria. Não ali.
Mike colocou os dedos sob as têmporas. Mais uma confusão, não...
Kaya não trocava nem um olhar sequer com Mike durante as aulas. Tinha até esquecido da possibilidade do presente. Mal tinham começado a ficar, a ter um lance, que já tinha gente metendo o dedo onde não era chamada. No fim de todas as aulas, Kaya pegou suas coisas e saiu às pressas, não queria que ele a parasse. Apesar de ela saber que aquilo tudo era só para o seu bem, ela queria que, pelo menos, ele entendesse seu ponto de vista. Por que Vicky sairia limpa da história? Claro, porque não era bolsista. Isso afligia Kaya.
Quando passou por Mary e Vicky, Mary começou a lhe provocar:
— Barraqueira! – Mary imitou um espirro e logo, a amiga começou a imitar.
Kaya não deu ouvidos, apenas continuou andando. Mike viu tudo, mas sabia que Kaya não queria conversar naquele momento. Conhecia o gênio da menina. Foi até às garotas e semicerrou os olhos azuis:
— Você é podre, Mary. Pior do que eu pensava. – Mike disse, com os dentes cerrados.
— Eu disse que não desistiria tão fácil de você, Martini. Ninguém mandou me atiçar. – A menina sorriu, vitoriosa.
Mike apenas riu, já ficando nervoso:
— Pela enésima vez: Eu fiquei com você porque estava bêbado. Porque sóbrio, eu nunca ficaria com uma pessoa como você. – Mike saiu.
— Temperamental. O lance dos dois não vai durar tanto tempo. A garota é pavio curto. – Mary debochou. – Vamos, Vicky. Temos que ensaiar com o grupo de dança.

Kaya entrou no corredor dos quartos e se deparou com Izzy e Mely à sua frente:
— Estávamos te procurando! Ficamos sabendo da discussãozinha que você teve com o Mike... Quer ir ensaiar com a gente? – Izzy perguntou. – Quem sabe você esquece isso, até.
— Eu agradeço seu convite Izzy, mas preciso descansar um pouco. Vou dar uma estudada, acho. Eu ainda tenho patinação hoje... Deixa pra próxima. – Kaya entrou no quarto.
Izzy e Mely apenas se entreolharam:
— Foi apenas um mal-entendido, daqui a pouco ela melhora. – Izzy sorriu.

Kaya pegou o violão e começou a tocar os acordes de "Complicated", da Avril Lavigne. [dica: Já sabe qual música é pra colocar, certo?]. Suspirou.

Chill out, what you yellin' for?
Lay back, it's all been done before
And if you could only let it be
You will see
I like you the way you are
When we're drivin' in your car
And you're talking to me one on one

Sorriu ao cantar a primeira estrofe, mas na segunda, seu sorriso foi desaparecendo.

But you've become
Somebody else 'round everyone else
You're watching your back like you can't relax
You're tryin' to be cool
You look like a fool to me
Tell me

Logo, soltou sua voz, lembrando-se dos acontecimentos ruins, como se viessem como um furacão. Identificou-se com o refrão.

Why do you have to go and make things so complicated?
I see the way you're
Acting like you're somebody else, gets me frustrated
And life's like this you,
You fall and you crawl and you break and you take what you get and you turn it into
Honesty, you promised me I'm never gonna find you fake it
No, no, no

Terminou a música, enterrou sua cabeça em seus joelhos e deixou as lágrimas caírem, sem se importar.
Ela sabia que não havia motivo para ela criar problemas com Mike.
Sabia que ele não queria seu mal.
Ela sabia, mas chorar parecia ser uma boa saída.
Por que ela tinha que complicar as coisas?

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