Let the rain fall.

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Kaya's P.O.V Mode = ON
No dia seguinte, acordei meio indisposta. Não sei nem como arranjei "saco" suficiente para escrever no meu diário. Acho que tinha virado hábito, não sei. As meninas não tinham me questionado sobre a minha suposta discussão com Mike, o que achei melhor. As músicas do Sleeping With Sirens latejavam na minha cabeça. Suspirei e coloquei meu uniforme.
Mely e Izzy tinham ido na frente, sabiam que eu não estava afim de conversar. Eu me sentia mal por ter um dom pra complicar as coisas.
Andei pelos corredores e nem olhei para Mary e Vicky, que estavam encostadas nos mesmos lugares de sempre. Entrei na minha sala e fui falar com minhas amigas:
— Bom dia, meninas. – Sorri e elas não disseram nada, apenas me abraçaram.
Fui para a minha carteira e avistei Mike entrando. Todo charmoso como sempre. Cabelos louros todos bagunçados, a camisa social abotoada de forma "irregular", a calça jeans uns dois números acima do seu, vans preto nos pés e seu sorriso torto. Eu poderia ficar horas o observando. Quando ele voltou seus olhos azuis para mim, rapidamente desviei meu olhar, sentindo minhas bochechas queimarem.
Para o meu inferno, a primeira aula era de cálculo. Eu mais passava essa aula olhando discretamente para Mike do que prestando atenção. No fim das três primeiras aulas, teríamos o intervalo. Eu saí da sala para ir ao banheiro. O corredor que dava para o banheiro estava muito vazio, o que eu achava muito estranho, mas continuei andando. Depois de dar uma olhada na minha silhueta no espelho, saí e me deparei com as duas cobrinhas, Mary e Vicky:
— Bom dia. – Elas disseram, ironicamente.
Eu não iria me estressar, mas ouvi uma delas gritar:
— Eu sabia que o lance deles não iria durar muito. – Debochou.
Eu apenas continuei dando passos firmes.
Kaya's P.O.V Mode = OFF

— Acha que a Kaya 'tá melhor? – Mely perguntou.
— Não sei... Ela 'tá muito quietinha. – Izzy suspirou.
Mike apareceu correndo e pegou o braço de Izzy:
— Caralho moleque, que susto! – Izzy olhou para o amigo, que ofegava.
— Não acho a Kaya em lugar nenhum! – A voz de Mike estava afetada pelo cansaço.
— Ah Mike, ela deve estar tomando um banho! Acabamos de sair da aula! – Izzy mexeu nos cabelos.
— Onde ela costuma ficar?
— Pelos jardins, mas como hoje está chovendo, aí eu não sei... – Izzy olhou a grande janela.
— Ok, vou tentar achá-la. – Mike saiu correndo.
O menino caminhava pela imensa escola, até que avistou uma silhueta que ele bem conhecia. Kaya vestia um casaquinho bege levinho, uma regata azul e uma saia branca. Nos pés, o Vans de galáxia de sempre. Seus longos cabelos escorriam por suas costas, os olhos verdes fixos na janela, observando os pingos de chuva escorregarem pela janela.
Mike chegou de fininho por trás e pegou em sua mão. O pulso da menina estava lotado de pulseiras. Kaya olhou para a mão em cima da dela e não pôde deixar de sorrir. Sentiu o menino lhe abraçar e continuou sorrindo:
— Chuvinha chata, não? – Mike beijou o topo da cabeça da menina.
— Eu gosto de chuva. – Kaya sorriu.
— A gente pode conversar?
— Claro. – Kaya se virou.
— Já sabe, né? Queria pedir desculpas pelo mal-entendido de ontem.
— E eu, por complicar as coisas.
Ambos sorriram e se abraçaram. Kaya enterrou sua cabeça no pescoço de Mike e ele afagou os cabelos da menina, fechando os olhos ao inalar o perfume doce dela. Quando se desfizeram do abraço, Kaya acarinhou os cabelos do menino até sua nuca. Ele entrelaçou seus dedos nos dela e os dois saíram dali.

Kaya entrou no quarto sorrindo e as amigas soltaram um: "Hmmm". A loira revirou os olhos, sorrindo:
— Como foi? – Izzy perguntou. Sabia que os dois haviam se reconciliado.
— Fofo. – Kaya pegou a carteira e o guarda-chuva. – Você tem uma boa intuição mesmo!
— Não precisa ter uma boa intuição para notar que você 'tá visivelmente mais feliz. – Izzy sorriu.
— Aonde você vai? – Mely perguntou.
— Seguir o seu conselho. – Kaya sorriu e saiu.
A menina pegou sua autorização para sair e foi, mesmo debaixo de chuva, até a cidade. Foi até à loja de instrumentos musicais e comprou um afinador de guitarra. Embrulhou o objeto e voltou para o colégio.
Escreveu um bilhetinho e tinha que pensar em alguma ideia boa para entregar o presente de uma forma que fosse uma surpresa. Kaya ama surpresas. Viu Max andando pelo corredor e o parou:
— Max! Pode me ajudar?
— Claro, precisa de quê?
— Escuta: comprei um presente pro Mike, mas quero entregar como se fosse uma surpresa. Ele não pode saber que fui eu que coloquei lá, só depois de abrir o presente, entende?
— Posso distraí-lo para ele sair do quarto e você deixa o presente na porta.
— Legal! – Kaya comemorou. – Quando começamos?
— Agora mesmo.
Kaya sorriu.
A menina foi para trás de uma pilastra e observou o amigo levar sua vítima para fora. Saiu de trás do objeto às pressas e deixou o presentinho na porta do quarto, em seguida, voltou correndo para o local que estava escondida:
— O que é isso? – Mike perguntou para o amigo, que deu de ombros.
Max entrou no quarto e Mike começou a abrir o presente. Quando viu o que era, arregalou os olhos e sorriu largamente. Abriu o bilhetinho:

"Mike, eu já queria comprar um presente pra você há um tempo, mas não sabia muito bem o quê comprar. Espero que goste. Comprei pensando em você.
Com carinho,
– Kaya"

Mike sorriu, terno e disse ao amigo:
— Vou procurar a Kaya e já volto.
Kaya não podia estar mais feliz com a reação do menino. Este passou pela garota, que disse:
— Boo.
— Ah, você 'tava aqui me espionando! – Mike começou a fazer cócegas na menina, que gargalhava.
— Para, bobo!
Linda! – Mike pensou alto.
Kaya apenas o olhou, as bochechas levemente coradas:
— Eu... Queria te agradecer por esse presente, de verdade. – Mike olhou para Kaya, que desviou o olhar. – E... voltando às origens... – Mike beijou a bochecha de Kaya, que corou. Os batimentos cardíacos a mil. – Você 'tá vermelha! – Mike riu.
— Shh! – Kaya o abraçou, rindo também.
Mary apenas observava de longe. Seria uma tarefa difícil romper o lance dos dois.

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