Repentance.

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Kaya's P.O.V Mode = ON
Que festa. Que festa! Não tenho palavras para descrever essa noite. Era uma pena a outra Kaya ter se apossado de mim. Que culpa eu tenho? Eu e minhas amigas subimos para o quarto para pegarmos nossas malas. Izzy disse que tinha um recado importante para dar e tinha convidado Mely para passar a noite na casa dela. Entramos na limusine – Eu não sabia que modelo de carro era aquele, mas parecia uma limusine! – e fomos direto para a casa de Izzy.

Mely se instalou em outro quarto de visitas da mansão e eu fui me preparar para dormir. É, "dormir". Lavei meu cabelo, tirei toda a maquiagem e coloquei um babydoll preto. Entrei timidamente no quarto de Izzy e ela estava com sua cabeça encostada na grande porta envidraçada de sua sacadinha. Os cabelos louros escorriam por suas costas, cachinhos nas pontas. Pergunto-me o que passa por sua cabeça:
— Izzy... Tudo bem? – Disse, receosa.
Ela voltou suas safiras para mim e fechou ainda mais a expressão. Teria eu feito algo de errado? Virou-se novamente para a porta e disse, indiferente:
— Sim. Algo errado?
— Sim. – Arrisquei. – Seu comportamento. Pensei que estava me apoiando nesse... – Fui interrompida.
— Eu nunca gostei desse seu comportamento imaturo e você sabe disso. Sabe que eu odeio quando usa seu desejo de vingança no lugar do cérebro. – Ela ainda estava de costas para mim.
— Mas eu não fiz nada de errado! Eu... – Tentei me justificar, mas, obviamente, foi em vão.
Ela voltou seus olhos azuis para mim. Estes estavam semicerrados, destacando ainda mais o formato agateado:
— Eu vi a forma que você cantou. Vi a maldade que você conseguiu colocar naquela música. Ouvi atentamente a letra. Não sou idiota. Você gosta de passar mensagem por música e isso não é de hoje, Kaylee Foxen.
— Aconteceu alguma coisa? Não! Então para de fazer drama, Drama Queen. – Eu disse, antipática. Cruzei meus braços. – Você apoiou na hora!
Ela passou os dedos por sua volumosa franja platinada e bateu sua longa cortina de cílios:
— Sabe o que esse seu simples joguinho ocasionou?
Dei de ombros. Nada estava nítido o suficiente para que Mary ou Mike ousassem encostar um dedo sequer em mim:
— Você mesma disse que "eu não existia"! – Fiz aspas com os dedos.
— Kaylee. – Ela disse, a voz branda e os dedos sob as têmporas. Ajeitou a camisola branca de seda. – Eu também achava que era um gesto inocente, mas a Mary é podre e encheu a cabeça de Mike de besteiras. Ele mesmo veio meter o louco em mim e te ameaçar. Ou seja, eu briguei com ele por sua causa. Eu não sei do que ele é capaz.
Senti meus lábios secarem. Me sentia mal. Mal por ter envolvido quem não tinha nada a ver no meu joguinho. Fui tola. Apenas saí do quarto e me pus a chorar em meu quarto, desejando que estivesse em um pesadelo. Comecei a escrever em meu diário e jogar todas as minhas mágoas ali em cima, como se aquilo fosse resolver. Não resolveria. Eu já tinha feito a merda, não tinha volta.
Kaya's P.O.V Mode = OFF

Mike estava em seu quarto malhando quando escutou o telefone tocar:
— Cara, que história é essa de você estar defendendo a vagabundinha da Mary?! A menina que sempre te infernizou?! – Max gritou, do outro lado da linha.
— Primeiro: A Kaylee que começou esse alvoroço. Segundo: Se está me ligando por causa dos dramas de Izzy Foxen, me desculpe, mas eu não quero falar sobre isso! – Mike desligou e jogou o aparelho na cama.
Jogou-se na cama e fechou os olhos. A imagem de Kaya e ele no festival de música eletrônica o perseguia. Os flashes o agoniavam. A caixinha de som tocava: "If you can't hang", de Sleeping with Sirens. Nem a música era um escape de seus pensamentos. Correu para o banheiro e vomitou. Não se aguentou. Como se não bastasse, os flashes da briga com a melhor amiga o perseguiam desde então.

FLASHBACK = ON
— Essa tua prima mal chegou aqui e já acha que pode sair julgando todo mundo! Quem ela pensa que é?! Ficar jogando indiretinha por música?! Francamente Izzy, quantos anos ela tem?! Quem ela pensa que é?! – Mike gritava.
— Você não 'tá dizendo isso. Você não 'tá me dizendo que 'tá defendendo a... A vadia da Mary? Foi ela que estragou o seu lance com a Kaya! Foi ela que iniciou todo esse fuzuê! E você agora vem defender ela?! E outra, se ela foi aí te dizer que a Kaya cantou pra ela, ou pra vocês, ou pro seu foda-se, é que a carapuça serviu, não?
— Eu conheço a Kaya. Ela é desse tipo de gente.
— Como você ousa falar assim de uma menina que te tirou um sorriso até nas horas mais difíceis? Que esteve contigo todo o tempo? Enquanto essa aí, só é bonita por fora. Por dentro, até o Diabo fica com inveja.
— Olha, não tenho culpa se você é prima daquela garota. Saiba que foi uma péssima ideia você ter deixado-a ficar na sua casa. Ela não é companhia pra...
CALA A BOCA. – Izzy alterou-se. – VOCÊ NÃO VAI FALAR MAIS UM PIU DELA. NÃO PRA MIM. EU DEIXEI BEM CLARO, AINDA QUANDO VOCÊS FICAVAM, QUE VOCÊ NÃO MEXERIA COM ELA. REZE PARA QUE MELY NÃO DESCUBRA AS MERDAS QUE VOCÊ 'TÁ ME FALANDO. PASSAR BEM. – Izzy desligou, extremamente estressada.
FLASHBACK = OFF

Ótimo. Estava sem seus melhores amigos. Só tinha Mely e Jack, que, provavelmente, ficariam com a maioria. Ele só tinha Mary.

Kaya acordara sentindo-se mal na manhã seguinte. Não estava sentindo-se cômoda diante daquela situação que uma simples brincadeira havia causado. Colocou uma blusa de um ombro só, azul, um shorts jeans desbotado e uma sapatilha bege. Prendeu os cabelos num rabo-de-cavalo e foi até a cozinha. Izzy estava fazendo algo para comer e nem sequer olhou para a prima:
— Bom dia...? – Kaya arriscou.
— Uhum. – A loira respondeu sem tirar os olhos de seus afazeres.
— Você... Não tinha um recado pra dar?
— Tinha. Até você atuar como uma criança, Kaylee. Você e o Mike.
Aquilo tinha sido demais:
— Olha Izzy... Acho que não sou bem-vinda aqui. Eu vou embora. Volto no começo das aulas. Boas férias para você, sua família e amigos. – Kaya disse, indiferente. Estava fugindo. Pela primeira vez.
Izzy olhou para a silhueta da menina, incrédula com o que acabara de escutar.

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