What Lies Beneath.

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— Nossa, que frio. – Kaya esfregou seus braços mais uma vez.
— O café não esquentou você? Nem a coxinha gigante que você pediu? – Mike riu da namorada, que ajeitava o gorrinho.
— Bobo. – Mostrou a língua e bocejou em seguida. – Eu quero comer mais!
Mike riu e a menina dirigiu-se ao balcão para pegar um cappuccino e um pão de queijo:
— Yay! – Ela comemorou, abrindo o pacote e enfiando o pão de queijo praticamente inteiro na boca.
Kaya bocejou e ambos dirigiram-se aos assentos para que pudessem esperar pelo seu vôo:
— Nervoso? – Ela perguntou, deitada com sua cabeça no ombro do menino.
— Um pouco. – Riu, leve.
— Entendo. – Kaya fechou seus olhos.
Alguns minutos depois, o vôo do casal foi anunciado e ambos correram para o gate para embarcar. Sentaram-se em seus lugares e Kaya tirou o poodle de pelúcia da bolsa, que estava meio amarrotado:
— Você ainda tem isso?! – Mike questionou, rindo.
— Claro! É especial pra mim. – Kaya abraçou a pelúcia e Mike sorriu.

Mike's P.O.V Mode = ON
Não deu muito tempo de viagem e Kaya adormeceu. Sua cabeça estava apoiada em meu ombro e sua respiração estava calma. Estava abraçada com seu poodle. Era absurda a perfeição dos seus traços. Desde suas sobrancelhas arqueadas, suas cortinas de cílios e seus lábios avermelhados. Eu não sei como uma menina dessas apareceu em minha vida. Sua mão estava apoiada em um dos braços da cadeira e eu a segurei, entrelaçando meus dedos nos dela. Olhei para suas unhas esmaltadas de azul claro e beijei sua cabeça.
Voltei meu olhar para a janela do avião e já estávamos acima das nuvens. A cabeça de Kaya se mexeu e eu me virei para vê-la. Ela esfregava seus olhos e bocejava. Ri, leve, e disse:
— Olhe. – Apontei para a janela.
— É encantador. – Ela sorriu e acarinhou meu braço.
Seus olhinhos estavam fixos nos meus e eu me inclinei para lhe selar os lábios. Aproveitando que estamos conversando, meu leitor, posso desabafar? Eu simplesmente fiquei no cio, tipo, do nada. Fiquei desesperado para pegar ela. Como é que faz? Tem que esperar chegar na casa dela. É foda.
Mike's P.O.V Mode = OFF

"Senhoras e senhores, vocês chegaram ao seu destino." – A aeromoça anunciou depois de um tempo.
Mike e Kaya soltaram seus cintos e levantaram-se.
Depois de pegarem suas malas e, finalmente, entrarem em um taxi, suspiraram, aliviados:
— Pronto. Chegamos. – Kaya sorriu.
— É. – Mike passou seu braço ao redor da menina e estalou um beijo em sua bochecha.
Ao deparar-se com o portão da casa de Kaya, Mike estranhou. Estava tão acostumado com a casa de Izzy que esquecera que Kaya não tinha as mesmas condições da prima. Mas aquilo não importava. Não quando ele tinha Kaya ao seu lado.
Cruzaram o jardim da casa e Mike engoliu em seco. Já fazia um tempo que ele não passava por uma situação como aquela. Logo, uma mulher abriu a porta. Olhos verdes serenos e cabelos louros, que caíam em cachos largos sob seus ombros. Mike observou Kaya abraçar a mãe e sorriu, terno.
Crystal voltou seus olhos para Mike e sorriu, leve, lhe dando um apertão na bochecha:
— Vamos, entrem. – Crystal disse, leve.
Todos foram para a cozinha e começaram a comer. Kaya e Mike estavam nervosos, com medo da reprovação de Crystal:
— Permita-me que eu me apresente. Sou Crystal, mãe da Kaylee. – A mãe sorriu.
— Muito prazer. Sou o Mike.
— Mike do quê?
— Martini. – A voz do menino saiu falha e Kaya engoliu em seco.
— Certo... Estão há quanto tempo juntos? Como se conheceram?
— Nós... – Mike olhou para Kaya, que o olhou no mesmo instante. – Estamos juntos há quase um mês. – Kaya completou para Mike, que suspirou aliviado.
E a conversa dos três permaneceu neste ritmo. Mike respondia as questões com cautela, assegurando-se de que não falaria nada de mais. Até que a mulher suspirou e voltou seus olhos cansados para o casal:
— Eu desejo tudo de bom pra vocês. De verdade. Kaylee, querida, por que não mostra o jardim dos fundos da casa para o Mike?
— Tudo bem. – Kaya aceitou a sugestão.
A menina saiu da cozinha com Mike em seu encalço, que a observou ir até uma mesinha de centro e pegar um objeto em uma caixinha centralizada na superfície da mesa. Kaya virou-se para o menino e sorriu, indicando para que a acompanhasse.
Caminharam pela piscina e um mar de lembranças atingiu Kaya, que sorriu ao lembrar-se de coisas boas. Mike observou a enorme piscina e as plantas espalhadas pelo local. Até que Kaya o puxou e sussurrou:
— Não conte a ninguém o que vou lhe mostrar.
Mike nada disse, apenas assentiu. Kaya afastou alguns arbustos, revelando uma porta de madeira desgastada e tirando algo de seu bolso. Uma chave. Provavelmente era isso que tinha pego na caixinha. Introduziu o objeto na fechadura e a porta se abriu, revelando um jardim bem cuidado e bem arborizado. Ambos caminhavam e escutavam o estalar das folhas secas no chão. Kaya encostou a porta e pegou na mão de Mike, conduzindo-o até um balanço e sentando-se:
— Me empurra! – Kaya riu, como uma criança e Mike não pôde deixar de acompanhá-la.
— Boba. – Mike parou o balanço e Kaya virou-se para ele, acarinhando seus cabelos e seu rosto.
A menina soltou um suspiro pesado e Mike pôde notar a tristeza em seu olhar. Levantou-se e conduziu a menina para um tronco caído. Ambos sentaram-se e Mike acarinhou a bochecha da menina:
— O que houve?
— Mike... Eu acho que já 'tá na hora de te contar o que eu deixei coberto. Tipo, em evidência.
Mike fez um sinal para que ela continuasse:
— Kaya, desculpa te interromper, mas... E o seu pai?
A menina soltou mais um suspiro:
— É nesse ponto que eu quero chegar.
— Me desculpe.
— Não, a culpa não é sua. – Kaya acarinhou o rosto de Mike e lhe selou os lábios. – Escuta... Você... Se lembra daquele dia que eu entrei em pânico porque senti alguém me observar?
— Acho que... – Mike forçou sua mente.

FLASHBACK = ON
Kaya se sentou e Mike lhe entregou um copo d' água:
— Não gosta que te observem? – Mike perguntou.
— Não assim. – Kaya disse.
— Não entendo.
— Um dia você vai entender, Mike. Não é a hora certa para falarmos disso. Obrigada por me ajudar, amor.
FLASHBACK = OFF

Logo, o pânico de Kaya ficou nítido na mente de Mike. Lembrou de seu desespero e suspirou:
— Lembro.
— Meu pai morreu quando eu tinha uns cinco anos. E, bom, eu sentia que o assassino já planejava matar alguém daqui de casa. Eu sempre via seu olhar. Sempre esteve presente, mas uma criança não é capaz de enxergar maldade nas coisas. – Kaya fitou o nada.
Mike segurou a mão da namorada, que estava gelada e trêmula:
— E... Bom, um dia eu descobri suas intenções. Mamãe teve um caso com esse cara antes do meu pai, e ele ficou obcecado por ela. Ou ela ficava com ele, ou não ficava com ninguém. Então ele queria matar a minha mãe. Mas... Meu pai amava muito minha mãe e... – A voz de Kaya já se alterava pelo nó que se formara em sua garganta. – Ele se atirou na frente dela, impedindo que ela fosse morta. Ele deu a vida por amor. Desde então, eu acho que é a forma mais digna de morrer. Por alguém que valha a pena. – Kaya finalizou, sorrindo de canto.
Mike nada disse, apenas abraçou a menina, afagando seus cabelos:
— Eu morreria por você. – Sussurrou e Kaya sorriu.
— Mas tem coisa boa pra contar. – Kaya levantou-se, seguida por Mike e ambos começaram a caminhar abraçados pelo jardim:
— Mas antes, quero saber a origem desse jardim. Não faz sentido. – Mike disse e Kaya riu da confusão do namorado.
— Meus pais costumavam brincar aqui. Pulavam o muro e ficavam aqui. Isso perdurou até a adolescência. Quando demoliram tudo em volta, minha mãe comprou o jardim e impediu que demolissem. Construiu nossa casa em volta. Mas ela nem se atreve a entrar aqui.
Mike assentiu:
— É fascinante. Mas me diga o que você tem pra me contar.
— Bom, tem a festa daqui uns dias, minha apresentação de patinação e... Me chamaram para cantar numa casa de shows.
Mike arregalou os olhos e sorriu de orelha à orelha, erguendo o corpo da menina e beijando-a em seguida:
— Estarei aqui para te apoiar! – Ele disse, enchendo seus lábios de beijos.

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