— Não acredito que nunca tenha dormido com um garoto! – Izzy disse, incrédula.
— Como se você já tivesse dormido com muitos, né? – Kaya alfinetou, fazendo careta para o espelho enquanto passava sua máscara de cílios.
— Ah, sei lá. Enfim, você o viu por aí? Mal conversaram depois da noite retrasada.
— A correria para se preparar para trazer metade das nossas coisas pra cá não deixa. – Kaya referiu-se ao internato.
— É tão exagerada... Qual é a sua primeira aula? – Izzy deu uma bagunçada na franja, deixando-a ainda mais volumosa.
— Cálculo. – Kaya disse e começou a cantar.
Sua voz ecoava pelo banheiro e era misturada à acústica do mesmo, resultando numa combinação perfeita para deixar sua voz ainda melhor:
— Incrível! Vamos investir nisso! Tenho vontade desde que ouvi você cantando. – Izzy sugeriu.
Kaya sorriu:
— Com uma condição. – Ela disse e a amiga rolou os olhos azuis, sugerindo que continuasse. – Vai me deixar te ajudar com esses seus dons pra moda e estética. Você também deve investir nisso. Vamos começar a incrementar coisas no seu bazar. Ao invés de só vender coisas, você irá prestar serviços.
Izzy gargalhou:
— Tudo bem.
As duas saíram para o banheiro e foram para suas respectivas salas. Kaya andava distraída, mas alguém rodopiou seu corpo no ar, tirando-a de seus pensamentos. Ela virou seu pescoço rapidamente, os olhos verdes encontraram um par de olhos azuis, impedindo-a de conter um sorriso e suas bochechas coradas:
— Não te vi chegando. – Kaya colocou uma mecha de cabelo para trás de sua orelha, desajeitada.
— Nem eu. Como você está? – Mike deu uma apertadinha carinhosa no nariz da menina, fazendo-a torcer o rosto de uma forma fofa e sorrir.
— Bem. Bom, eu vou pra aula de cálculo. Até mais tarde. – Kaya sorriu para ir embora, mas Mike a puxou pela cintura, estalando um beijo em sua bochecha.
Kaya sorriu, sem jeito e saiu. Mary viu toda a cena e trincou seus dentes, sem acreditar no que via:
— Não acredito que voltaram. – Rosnou. Os olhos num azul congelante.
— Desista, a felicidade dele é ela. – Vicky lixava as unhas.
— Olha quem fala: dá em cima de um cara que namora a mesma loira aguada há quase um ano. – Alfinetou.
— Acontece, amiga. – Ironizou."Deve ser aqui." – Pensou. Olhou a grande estrutura do colégio e suspirou. – "Só pode ser aqui."
No fim das aulas, Kaya recebeu duas mensagens ao mesmo tempo. Estranhou. Abriu a aba de Mike primeiro:
"Me encontre agora nos jardins. Xxx Mike."
"Porque ele ainda faz questão de se identificar sabendo que eu sei que a mensagem é dele?" – Kaya pensou, abrindo a aba da prima em seguida:
"Hey! Já consegui permissão para sairmos hoje para gravar seu vídeo. Xoxo." – Kaya sorriu largamente.
"Ok. Me dê alguns minutos." – Respondeu brevemente, correndo para os jardins para encontrar Mike.
A menina rolou os olhos verdes pelo local em busca de Mike e o viu deitado na grama, admirando o céu, que estava levemente nublado naquela tarde. Kaya sorriu e andou cautelosamente até o menino. Deitou-se ao seu lado e o admirou por um tempo:
— Oi. – Ela apoiou o corpo em cima de um de seus braços e sorriu.
— Oi. – Ele se sentou. – Izzy me contou sobre o investimento que vocês vão fazer em você.
Kaya engoliu em seco. Mike estava muito sério e o apoio dele seria fundamental. Várias paranóias começaram a importunar a menina. Ela se sentou, já esperando um esporro:
— Queria dizer que eu e nossos amigos vamos te ajudar. E eu te trouxe um presente.
Kaya sorriu largamente, se atirando no menino e o abraçando fortemente. Depois de se desfazerem do abraço, Mike entregou um embrulho à Kaya, que semicerrou os olhos, tentando desvendar o que era pelo formato. Derrotada por não saber, abriu o pacote, tirando de lá um poodle de pelúcia. Kaya sentiu o coração bombear forte, não sabia o que dizer:
— Mike, que coisa mais fofa. – Ela disse, com a voz falha. – Vai se chamar: "Kah".
— Porque amor próprio é tudo. – Mike debochou e levou um tapinha.
— Não, seu besta, você que inventou esse apelido.
— Eu sei. Vamos, Izzy está nos esperando.
E os dois saíram dali abraçados. Já não havia mais nada a ser dito, apenas sentido.Assim que chegaram à casa de Izzy, Kaya e os amigos cruzaram o jardim. Os jovens entraram, mas a sensação de que alguém estava lhe observando atordoou Kaya, fazendo com que ela ficasse mais um instante no jardim procurando por um olhar:
"Impossível. A casa tem um sistema de segurança impenetrável. Não pode vir daqui, especificamente." – Pensou.
Olhou pelos arbustos, caminhos, fontes, árvores. Kaya nunca pensou que procurar por um par de olhos em um jardim tão grande e aconchegante fosse tão atordoante. Desejou por alguns instantes que o jardim fosse menor. Se dando por vencida, entrou na casa e procurou pelos amigos. Pelas gargalhadas, estavam no último cômodo da casa:
— Ah, te achei! Por que demorou pra subir? – Izzy perguntou enquanto posicionava as câmeras.
— Estava... – Kaya ia tentar formular uma desculpa enquanto olhava de relance para a janela, mas ela achou o olhar. Arregalou os olhos instantaneamente, soltando um grito de desespero. – EU SABIA QUE TINHA ALGUÉM ME OBSERVANDO! – Ela apontou para um par de olhos que estava do outro lado do muro da casa da prima.
— Kaya, se acalme! – Mely foi até a janela, procurando pelo sujeito, que tinha sumido.
Mike abraçou a menina e afagou seus cabelos, numa tentativa de tranquilizar Kaya. O coraçãozinho da mesma estava acelerado:
— Vamos tomar uma água, sim? – Mike ergueu o queixo da menina, que assentiu.
Kaya se sentou e Mike lhe entregou um copo d' água:
— Não gosta que te observem? – Mike perguntou.
— Não assim. – Kaya disse.
— Não entendo.
— Um dia você vai entender, Mike. Não é a hora certa para falarmos disso. Obrigada por me ajudar, amor.
"Amor".

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Oceans
Fiksi Remaja"Era loucura, mas eu tinha passado naquela prova. Ia ingressar naquela escola. O problema era: deixar tudo que construí aqui, em Monterrey, pra trás. Mas eu juro que não esperava conhecer alguém que fosse mexer comigo de forma absurda... E eu conhec...