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Kaya's P.O.V Mode = ON
Eu tinha deixado a mansão de Izzy bem cedo para conseguir comprar passagens de última hora, o que seria bem difícil. Minha aparência estava péssima: olheiras fundas, palidez excessiva, cabelos descuidados, lábios sem cor... Era assustador.
Estava no aeroporto. Vestia um moletom e um agasalho. Ambos brancos. Meu Vans nos pés. De todo aquele fuzuê, eu não sabia o que era pior. Sair da mansão sem dar satisfação nenhuma para Max, Mike, Mely e Jack, ou ter fugido dos meus próprios problemas. Só Izzy e seus pais sabiam da minha saída. E Mike não teria problema com isso. Aliás, foda-se o Mike. Max, Mely e Jack ainda estavam comigo, mas eu sentia que perderia Max a qualquer momento. Obviamente ele vai escutar a namorada.
Corri para tentar comprar uma passagem e eu praticamente implorei para a moça por uma passagem. Peguei classe econômica... O vôo sairia dali a uma hora. Até que tinha dado mais sorte do que eu esperava.
Kaya's P.O.V Mode = OFF

Izzy acordara mareada naquela manhã. Esfregou os olhos e sentiu uma alfinetada em seu peito. Kaya. Teria ela tido coragem para ir embora assim, sozinha?
"Não." – Izzy pensou, desesperada.
Levantou da cama e correu para o quarto dela, mas era tarde demais. O quarto estava vazio. Abriu armários, gavetas e tudo. Vazio. Colocou as mãos na cabeça, desesperada, e viu um bilhetinho em cima da cama:

"Querida Izzy,
Me desculpe pelo fuzuê. Creio que é melhor que as coisas entres vocês se acertem. Causei muitos problemas desde que cheguei. Quero lhe pedir perdão por fugir das minhas próprias confusões e ter saído sem me despedir. Seus pais estão cientes de minha saída. Não há com o que se preocupar. Volto no começo das aulas, se eu for bem-vinda. Obrigada por tudo de bom que você, seus amigos e pais me proporcionaram. Quando ler esta cartinha, me mande uma mensagem. Responderei assim que estiver em casa.
Com amor,
– Kaya."

Izzy colocou as mãos no rosto e deixou o corpo cair sob a cama do quarto. Correu para a cozinha, dando de cara com os pais:
— POR QUE A DEIXARAM IR? – Izzy perguntou. A voz alterada pelo choro que a loura segurava.
A mãe da menina a olhou, incrédula:
— Filha, ela tem todo o direito de querer visitar a família. Você tem muito tempo de férias pela frente. Vá se divertir, Kaya deve estar bem.

Depois de uma longa viagem, o avião finalmente pousou e Kaya sorriu. Estava com saudades de casa. Pegou a bolsa de mão e desceu do avião. Depois de pegar sua mala na esteira, ligou para um taxi. O tempo em Monterrey estava ótimo: ensolarado, um dia perfeito para se divertir.
O carro andava e Kaya começara a reconhecer aquela estrada e aquelas árvores... Saiu do taxi e olhou para o portão gradeado de sua casa. Sorriu. Tinha saudade. Não se comparava com a mansão da prima, mas era a sua casa. E não havia lugar melhor. Lembrou-se da piscina atrás da casa, cuja deu a festa de despedida e instantaneamente lembrou de Marcus. Sentiu nojo.
Ignorou os pensamentos e tocou a campainha. Quando a mãe atendeu a porta, teve uma surpresa. Arregalou os imensos olhos azuis e abraçou calorosamente a filha:
— Senti sua falta. A casa fica desanimada sem sua cantoria ecoando por tudo quanto é canto. – A mãe disse, simplesmente.
— Eu também senti sua falta, mamãe.
Ambas entraram e Kaya dissera que tomaria um banho rápido para sentir-se mais à vontade. A mãe assentiu.
Kaylee abriu o chuveiro e sentiu a água morna molhar seu corpo, tirando um enorme peso de cansaço. De cabelos ainda úmidos, Kaya enrolou-se numa toalha e vestiu a lingerie bege. Colocou uma bermuda e uma regata branca. Penteou os cabelos e desceu as escadas. A mãe lhe perguntou:
— Fome?
— Não...
— Mas me conta como foi esse tempo no Kansas...
— Bom, muito alto e baixo... Marcus ficou com uma das minhas melhores amigas, conheci um rapaz. Ele era um ótimo garoto, mas pisou na bola e a gente simplesmente não se fala mais.
— Filha... Sempre estarei aqui com você. Esqueça-o. Foi até bom que viesse para cá. Se reúna com seus amigos e saia para se divertir!
Kaya sorriu e levantou-se:
— Vou ligar para Celina.
A mãe sorriu.

— Gente... – Izzy estava sentada na borda da sua piscina, molhando suas pernas.
Os cinco estavam ali reunidos. Izzy havia chamado a todos:
— Sei que estamos num momento difícil. O grupo todo 'tá. Mas aconteceu um pequeno imprevisto e ele deve ser compartilhado.
Os jovens mantiveram-se em silêncio:
— A Kaya foi embora.
Todos arregalaram os olhos. Inclusive Mike. Não estavam acreditando:
— Embora...? – Mely indagou.
Izzy assentiu.

Kaya havia gasto um bom tempo falando com Celina em seu celular. Até que chegaram a uma conclusão óbvia e sensata: era mais fácil se encontrarem. E assim o fizeram. Logo, estavam sentadas nas espreguiçadeiras da casa de Kaya:
— Credo, Kaya. É moleque escroto atrás do outro. – Celina torceu o rosto.
— Pois é, Celina... O problema é que... – Kaya sorriu, felina. Os olhos verdes fixos no nada. – Ninguém sai no lucro ao mexer com Kaylee Foxen.
Celina bateu a cortina de cílios. Kaya estava com os dedos dando leves batidinhas sobre seus lábios. As unhas pintadas de azul-piscina também encostavam, por engano:
— Essa minha chegada a Monterrey vai servir pra resolver muito assunto pendente. – Kaya abriu um sorriso venenoso.
— Aonde você quer chegar? – Celina prendeu os cabelos ruivos em um coque mal-feito.
Kaya riu, venenosa. Voltou as esmeraldas para os olhos azuis de Celina:
— Celina... Você lembra de... Esmeralda?
Celina arregalou os olhos azuis:
— É claro. Te chamavam assim quanto tínhamos treze anos.
— É... Você era Saphire, e Leah, costumava ser chamada de Goldy. – Kaya brincava com as longas unhas pontudas. – E nós juntas, éramos Las Gatas. – Sorriu ao lembrar-se.
— Todo mundo nos temia.
Kaya se matriculara na Monterrey's School quando tinha treze anos. Desde pequena, sua beleza chamava muito a atenção. Logo soube identificar uma pessoa leal: Celina. Leah apareceu com o tempo. As três eram as mais populares de toda a escola e tinham sua própria marca: tiaras com orelhinhas de gatinho – sendo a preta, a de Kaya. A branca, de Leah. E a cinza, a de Celina. –, delineado de gatinho e um esfumado colorido abaixo de seus olhos. Cada esfumado combinava com a cor de olho de cada uma, assim como seus apelidos. A última coisa que selava a união do grupo era a patinha de gato, feita e retocada todos os dias com caneta permanente, em seus pulsos:
— Marcus e Leah irão pagar caro. Muito caro. Afinal... A vingança é um prato que se come frio. – Kaya sorriu, fria.

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