Green Eyes between Blue Eyes.

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Kaya's P.O.V Mode = ON
E mais uma vez, eu estava guerreando com meu guarda-roupas. Já estava parcialmente pronta, só precisava de uma roupa. Deduzi que, se Mike passaria em casa para me pegar às oito da noite, provavelmente me levaria para jantar ou para algum evento noturno. Bati meus olhos num vestido azul Royal, de seda. Decote em V, um pouco acima dos joelhos. As costas eram nuas, apenas com algumas fitas entrelaçando-as. Sensual e casual, nada gritante. Coloquei o vestido e sorri com a imagem no espelho. Optei por um Louboutin nude que havia ganhado de Natal e fui pegar algumas joias. Coloquei dois brincos azuis, que tinham formato de uma flor, e uma correntinha prateada. Meus cabelos e minha maquiagem já estavam prontos: Meus olhos estavam com um esfumado marrom e preto bem leve e, meus lábios, com um batom fúcsia mate. Meus cabelos estavam presos em um coque mal-feito, mas elaborado. Contraditório, eu sei. Suspirei e olhei o relógio. Cinco para as oito, Mike deveria estar chegando.
Peguei minha bolsa, branca, (que estava apenas com algumas maquiagens, dinheiro e meu celular) e desci as escadas da imensa mansão de Izzy, me deparando com a mesma me olhando:
— Que linda. – Ela disse, sincera.
— Obrigada! – Eu sorri, empolgada.
— A gente mudou tanto... – Izzy estava calma, um pouco quieta demais, olhando porta-retratos.
Aproximei-me e sorri ao ver as fotos que eu ainda tinha os cabelos curtos e os olhos tão verdes quanto hoje. Izzy tinha os cabelos quase brancos de tão louros, e os olhos de um azul que chegava a doer:
— Sim, mudamos. – Sorri.
— Sabe, esse ano 'tá passando voando. Eu não sei, daqui a pouco a gente já 'tá na faculdade... E tem tanta coisa que eu quero fazer. – Izzy passou seu dedo indicador delicadamente por um porta-retrato que retratava nós duas, sentadas num balanço. Senti um aperto no coração ao ver aquela foto.
— As coisas só tendem a melhorar. – Sorri.
— Mudando de assunto, preciso conversar sobre o seu vídeo depois. – Ela sorriu, mudando de humor repentinamente.
— Claro. – Sorri e ouvi uma buzina vinda do lado de fora. – Essa é a minha deixa. – Apontei para a janela e me despedi de Izzy.
O céu estava lindo naquela noite: de um azul bem escuro, que ia escurecendo conforme meus olhos não alcançavam, e as estrelas pareciam sumir dentre o brilho da lua cheia. O jardim inteiro estava iluminado pela luz da lua. Apaixonante. Voltei à realidade e, a cada passo que eu dava em direção ao Audi-A8, meu coração acelerava. O vidro do carro abaixou, mostrando um lindo par de olhos azuis e um sorriso tímido:
— Boa noite, madame. – Mike fez uma voz com um sotaque francês bem forçado, me fazendo rir.
— Boa noite. – Sorri.
Rimos e ele saiu do carro para abrir a porta do carro para mim. Olhei para Mike, que vestia uma camiseta polo azul e um jeans desbotado. Enquanto conversávamos, arrisquei:
— E o menino com o Oceano nos olhos não quer me dizer aonde vai me levar? – Supliquei e Mike gargalhou. Ele não diria. Fechei a cara, curiosa, e olhei para a janela.
Minhas deduções já não faziam sentido. O caminho que estávamos fazendo era para casa de Mike, eu me lembrava daquela rua desde o festival que ele tinha me levado. Chacoalhei a cabeça, confusa, e continuei olhando a janela. Logo, entramos na rua da casa dele e eu já enxerguei o portão, reconhecendo:
— Chegamos.
Sorri. Mas Mike é um filho da puta esperto. Quer me comer, mas me traz pra casa dele:
— Você quer me comer, não é possível. – Eu disse, rindo, e ele me acompanhou.
— Não te trouxe aqui pra isso. – Ele me lançou um sorriso tão encantador que, se eu estivesse de pé, meus joelhos bambeariam e cederiam.
Atravessamos o quintal e ele abriu a porta do carro para mim. Quando adentrei à sala, senti meu cu fechar. Mas fechou tanto que nem ar passava. A única coisa que fez meu coração voltar à arritmia normal e meu corpo "esquentar", depois de petrificado por frações de segundos com o que eu via, foi o entrelaçamento dos dedos de Mike nos meus. Senti-o me olhar e eu o olhei, nervosa:
— Mike Martini, que porra está acontecendo?! – Disse, entredentes, e ele virou meu rosto para o dele.
— Eu quero levar isso a sério, Kaya. – Ele não estava brincando. – Quero fazer bom proveito dessa chance que você me deu. – Ele acariciou meu rosto.
— Mas Mike, seus pais e sua irmã estão ali, eu não entendo. – Eu disse, confusa.
A visão que eu tinha era de uma mesa farta de comida, os parentes de Mike devidamente vestidos e os olhos azuis de todos fixos em mim. Meu par de olhos verdes era invasor ali, se é que me entendem. Engoli em seco:
— Vai dar tudo certo. Eu disse que ia levar isso a sério, Kaya. – Ele repetiu e soltou minha mão.
— Pai, mãe, Sophie... – Mike começou. – Quero lhes apresentar a Kaya. – Ele me olhou e eu caminhei até ele.
O movimento foi tão rápido que eu não consegui nem ver o que estava acontecendo. A única coisa que consegui sentir foi o meu corpo em contato com o chão. Eu tinha dado um belo escorregão na frente dos pais de Mike e da irmã. Ótimo jeito de começar, Kaylee Foxen. Abri meus olhos contra a minha vontade – eu só queria fugir dali! – e me deparei com um sorriso lindo e uma mão para me ajudar:
— Obrigada, Mike. – Sorri. – Me desculpe, eu... – Comecei, mas fui interrompida.
— Claro, com um Louboutin desses, é impossível andar. – Sophie comentou.
Eu sorri:
— O problema não é o Louboutin, é o nervosismo. – Mike me consolou. – Bom, vamos sentar? – Ele fugiu do assunto.
Nos sentamos e eu coloquei pouca comida no meu prato, meio tímida:
— Já sabe a faculdade que quer fazer? – A mãe perguntou, dócil.
— Não, ainda não. – Eu disse, timidamente.
— Não sei porquê você 'tá tão tímida. Já nos conhecemos. Você veio com o Mike aqui no dia do festival que ele te levou, lembra? – Sophie comentou, toda graciosa. Eu assenti.
O olhar do pai sobre mim era rígido, eu não entendia o motivo:
— Como se conheceram? Mike nunca contou a história de vocês. – Sophie perguntou.
Eu ri, feliz com a pergunta:
— Eu conto? – Perguntei a Mike, que assentiu. – Nos conhecemos no fim do ano passado, na véspera do Natal, praticamente. – Eu ri, me lembrando das lembranças.
— Nós não demos muito bem no começo, a gente implicava bastante um com o outro. – Mike continuou.
— Então, a gente acabou se aproximando. E, um dia, a gente ficou. – Ele disse, simplesmente, me arrancando algumas risadas discretas e bochechas coradas.
Por baixo da mesa, Mike pegou minha mão, entrelaçando seus dedos nas mesmas, me fazendo sorrir:
— Já brigaram? – Sophie perguntou. Os olhos azuis curiosos.
— Sophie! – A mãe lhe advertiu.
— É claro. Nada é cem por cento perfeito. – Apertei suas bochechas e ela riu.
— Mamãe, eu adorei a namorada do Mike. – Ela disse, toda fofinha.
— Ela ainda não é minha namorada. – Mike disse, timidamente.
Ainda. Contive um suspiro:
— Seu nome real é Kaya mesmo? – A mãe perguntou.
Senti uma mão acarinhar minha coxa, me arrancando arrepios. Mike Martini, ESTAMOS NA CASA DOS SEUS PAIS.
— Não. É Kaylee, mas prefiro Kaya. – Eu disse, gentil, e ela sorriu para mim.
— Mamãe, posso levar a Kaya pro meu quarto? Quero mostrar pra ela minha coleção de bonecas.
Eu acabei soltando uma risada um pouco alta:
— Sophie, talvez outro dia, sim? – Mike brincou com os cabelos da irmã. – Já 'tá tarde.
— Foi um prazer conhecer vocês. – Levantei-me.
— Igualmente. – A mãe sorriu.
Kaya's P.O.V Mode = OFF

— A menina é linda e educadíssima. Bem diferente daquelas meninas que você trazia pra casa. – A mãe comentou. – E, céus, que paciência! – A loura lançou um olhar ameaçador para a filha, que se encolheu.
— Meio estabanada. – O pai comentou, ainda rígido.
— Mas foi ela que eu escolhi. – Mike disse, decidido, e o pai lhe sorriu.

Assim que Kaya pisou em casa, tirou os sapatos, esfregando os pés no tapete, em seguida. Soltou os cabelos e suspirou, aliviada. Que noite! Izzy apareceu no topo da escada, sorridente:
— E aí? – A menina escorregou pelo corrimão, aterrissando com um pulinho.
— Ele me levou para conhecer seus pais. – Kaya disse, os olhos verdes ainda um pouco assustados.
— Mas... – Izzy estreitou seus olhos azuis. – Vocês não namoram, qual é a lógica?
— Não sei, mas ele disse que ainda não estávamos namorando.
— VEADO, OLHA O EASTER EGG. – Izzy gritou, esbaforida.
— Cale a boca, sua louca! Seus pais estão dormindo! – Kaya gargalhou. – E eu preciso de um banho, meus pés estão me matando.
Kaylee subiu as escadas e despiu-se completamente, deixando as peças de roupa sobre a cama e entrando direto no chuveiro. Conforme a água caía em seu corpo, pensamentos fluíam.
Ainda... A maldita palavra atordoava seus pensamentos. O vídeo que tinha postado... Tudo de uma vez.

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