Kaya e Celina voltaram para a casa de Kaya felizes da vida. Afinal, tinham conseguido o que queriam:
— Te deixo aqui. Até amanhã. – Celina despediu-se da amiga.
— Até. – Kaya sorriu.
A menina entrou. Meio-sorriso em seu rosto, passos determinados. Atravessou a sala de estar e deparou-se com a mãe no meio da sala. Estranhou:
— Pensei que já estaria dormindo.
— Como poderia dormir se minha filha perturbada está infernizando a vida dos outros? – Crystal aproximou-se. Os olhos azuis tingidos de ódio.
Kaya recuou. Não sabia do que a mãe estava falando:
— Não entendi.
Então a menina sentiu a mão da mãe lhe atingir o rosto. Nunca tinha levado uma bofetada da mãe como aquela. Não tão forte. Os cabelos ricochetearam pelo ar e ela sentiu o gosto metalizado do sangue em sua boca. Ergueu o rosto lentamente para a mãe:
— Por que você fez isso...? – Kaya estava com uma das mãos na bochecha afetada e a voz embriagada pelo choro.
A mãe podia ver o pavor da menina estampado em seus olhos:
— A questão é: Por que você foi inventar essa coisa idiota de vingança de novo? VOCÊ SABE QUE NÃO CHEGA A LUGAR NENHUM. SUA VAGABUNDA. – Estapeou o outro lado do rosto da filha.
A menina recuou, assustada:
— Você me dá vergonha, Kaylee. Escutei suas conversas e sei bem o que fez!
— MAS VOCÊ SABE O QUE O MARCUS E A LEAH FIZERAM COMIGO?! – Kaya rebateu, sem conseguir conter as lágrimas.
— VOCÊ SE REBAIXOU. NADA JUSTIFICA.
Kaya estava apavorada. A mãe nunca lhe tratara de tal maneira:
— Mãe, você não precisa... – E tomou outro tapa antes de terminar.
Já tinha sido demais. Levantou-se e subiu as escadas correndo para trancar-se no quarto. Trancou a porta e olhou-se no espelho: as maçãs do rosto estavam inchadas e vermelhas. Kaya ofegava, assustada. Um fio de sangue escorria pelos lábios. Limpou o fiozinho e foi direto para o banheiro. Grunhiu ao lavar o rosto, que estava dolorido, e ao escovar os dentes, por causa dos cortes dentro de sua boca. Após todo o procedimento "doloroso", ela colocou uma camisola e se deitou. Chorava compulsivamente. Como se não bastasse, Mike lhe veio à cabeça. Nada estava ajudando-a. Seu sono seria perturbado.Mely estava na casa de Izzy, que estava encostada na porta envidraçada de seu quarto, que dava para sua sacada. Voltou os olhos méis para a amiga, que tinha os olhos azuis distantes:
— Você aparenta estar aflita. Aconteceu alguma coisa? – Mely arriscou.
— Ah Mely... Faz tempo que eu, a Kaya e o Mike estamos distantes... Me faz falta, sabe?
A amiga assentiu:
— Faz mesmo. O que vai fazer a respeito?
— Eu ainda não sei.Mike estava sentado na beira do mar, acompanhado por algumas garrafinhas de Ice e seu violão. Tocava acordes aleatoriamente, mas era estranho sem ter Kaya ao seu lado. Ele sentia falta. Sentia falta de antes. Mas era tarde demais. Kaya havia ido embora e, provavelmente, não queria mais nada com ele. Sentiu alguém tocar-lhe o ombro e virou-se lentamente, deparando-se com Max:
— A gente pode conversar? – Ele perguntou. Os cabelos negros moviam-se com o vento.
Mike assentiu:
— Eu sei que a gente acabou discutindo. Mas assim, você é o meu melhor amigo e eu não queria que as coisas ficassem do jeito que estão.
— Já entendi. Você 'tá pedindo desculpas indiretamente. – Mike debochou.
— É. – Max riu.
Os dois se abraçaram e, logo, estavam rindo e bebendo juntos. Seria aquilo um sinal de que as coisas poderiam voltar a ser como antes?

VOCÊ ESTÁ LENDO
Oceans
Teen Fiction"Era loucura, mas eu tinha passado naquela prova. Ia ingressar naquela escola. O problema era: deixar tudo que construí aqui, em Monterrey, pra trás. Mas eu juro que não esperava conhecer alguém que fosse mexer comigo de forma absurda... E eu conhec...