Fancy.

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A festa de dezessete anos das meninas se aproximava cada vez mais e as meninas tinham tudo sob controle. Quase tudo:
— Eu não acredito que aquele idiota veio me questionar! Eu 'to arrumando as coisas pra festa e ele vem encher o saco porque eu NÃO 'TO DANDO ATENÇÃO PRA ELE? Ah, me poupe! – Izzy dramatizava, quicando em seus scarpins pelo shopping.
— Calma, estamos no shopping. – Kaya repreendeu. – Max só 'tá meio carente da sua atenção, você não precisa fazer esse escândalo. Nem brigaram, sequer. E outra, ele só tirou um sarro de você. Não faça drama. – A menina checava a lista de compras para a festa no celular.
Anyway, compraremos os sapatos, marcaremos o horário no salão e, por último, iremos até o buffet para colocar suas ideias em ordem.
— E o estilista. – Lembrou.
— Detalhe. O Luiz me espera. – Referiu-se ao estilista, que era um grande amigo.
Kaya escutou o toque do celular e o atendeu:
— Alô? – Atendeu.
— Oi Kaya. Eu vou sair com o pessoal e queria saber se vocês duas queriam vir. – Mike disse, do outro lado da linha.
Kaya suspirou:
— A gente adoraria, mas hoje vamos encerrar os preparativos. Temos pouco tempo.
— Tudo bem. – Mike sorriu do outro lado da linha. – Até amanhã. – Desligou.
— Vocês estão quase fazendo um mês! – Izzy cutucou a amiga, referindo-se ao novo casal.
— Passou tão rápido... Parece que foi ontem que cheguei aqui, no Kansas.
— Exato. Olhe, a loja de sapato 'tá ali perto. Anda, a gente tem muita coisa pra fazer.
As meninas entraram na imensa loja de sapatos, lotada com vários pares de diversas cores, tipos de salto e altura. Os saltos se destacavam dentre os sapatos baixos. Izzy analisava cada sapato com cautela. Um olho no croqui e o outro nas prateleiras:
— Esses são os croquis definitivos? – Kaya perguntou, desconcentrando a prima.
— Sim. Você concordou. – Izzy pegou seu óculos de grau, extremamente charmoso.
— Tudo bem. – Kaya sorriu e Izzy voltou à sua análise.
Logo, uma vendedora uniformizada com os cabelos castanhos presos em um rabo de cavalo e os cílios pesados de rímel se aproximou:
— Posso ajudar? – Perguntou, simpática.
— Oi! – Izzy sorriu, grata pela ajuda. – Preciso de sugestões para algo que combine com esses vestidos. – Levantou os croquis.
— Incrível. Venham comigo.
O trio adentrou à uma sala diferente da loja, parecida com um provador. Vários espelhos nas paredes, tapete de pêlos no chão, um pufe rosa pink no meio da sala e uma escada aos fundos:
— É uma ala especial da loja especialmente para pessoas que buscam calçados para eventos. – A vendedora explicou.
— Entendo. Podemos dar uma olhada nos sapatos? – Izzy perguntou, já pegando os croquis novamente.
Depois de alguns minutos resolvendo e optando, as meninas finalmente chegaram a uma conclusão. Saíram com uma grande sacola. Uma para cada uma:
— Ok, segundo passo. – Kaya sorriu.
— Ai, meu Deus. – Izzy gemeu.
Atravessaram a rua e andaram algumas quadras, dando de cara com o salão que Izzy frequentava:
— Eu posso pedir pra eles retocarem suas californianas personalizadas – Debochou, risonha. – também.
Kaya riu, leve:
— Não, vou deixar um pouco mais pra frente.
As meninas escolheram o horário mais conveniente para o dia da festa, nada muito demorado. Kaya olhou as horas no visor do celular e arregalou seus olhos verdes:
— Puta merda, o horário no buffet! – Exclamou, em pânico.
— Merda. – Izzy colocou os dedos sob as têmporas. – Vamos, anda. – Ela puxou a amiga.
Logo, as duas corriam pelas ruas, praguejando mentalmente pelo fato de não terem um carro naquele momento. E até mesmo o fato de ainda não dirigirem. Assim que avistaram o portão do buffet, suspiraram, aliviadas:
— PORRA. FINALMENTE! – Kaya jogou-se aos pés do portão, fazendo Izzy gargalhar.
A loura tocou a campainha, identificando-se e o portão rangeu ao se abrir. Caminharam até a porta do buffet e, ao entrarem, depararam-se com a grandeza do local, deixando-se levarem:
— Meu Deus... – Izzy disse, a voz falha.
Kaya observou a enorme escadaria no meio do salão, imaginando a prima descer, toda elegante, os degraus daquela escada:
— É bem sua cara querer descer por ali. – Kaya sorriu para a prima, que lhe sorriu de volta.
— A nossa.
— Não. Eu tenho outros planos. – Kaya subiu seu olhar para o alçapão no teto, sorrindo.
— Gostei. – Izzy sorriu. – Ansiosa?
— Muito!
Ambas riram, mas cessaram ao ver as funcionárias do buffet descerem com pastas nas mãos para acertarem tudo com as meninas:
— Boa tarde, Srtas. Foxen. – A mulher, já idade, sorriu e ajeitou seus óculos de grau.

— Elas estão fora quase o dia todo. – Mike andava de um lado para o outro.
— Elas precisam ver as coisas da festa. 'Tá muito perto. – Max mexia no celular, desinteressado. – E eu não 'to muito afim de falar com ela. Izzy leva tudo muito a sério, às vezes. Foi só uma brincadeirinha.
— É... Kaya não atende o celular, nada. – Mike jogou-se no sofá. – Relaxa, daqui a pouco você e a Izzy se reconciliam. Você sabe que namora uma drama queen.

— Os vestidos são incríveis. Eles ficarão prontos daqui a duas semanas. Tudo bem? – O estilista elogiou. – Izzy, menina, você tem que investir em seus talentos!
As meninas assentiram. Despediram-se do estilista, deixando o local em seguida e parando em uma cafeteria:
— Caralho, eu quero morrer. – Kaya passou a mão pelo rosto.
— Você quer ir mais a algum lugar? – Izzy perguntou.
— Eu queria dar uma passada na casa do Mike...
Izzy suspirou:
— Você que sabe. Ele mora a algumas quadras da minha casa, não vai ser perigoso você andar às nove e pouco da noite.
Kaya sorriu.

10pm.
Mike escutou a campainha e desceu, com seu moletom velho e desbotado e suas meias. Coçou os olhos antes de abrir a porta. Logo, deparou-se com um lindo par de olhos verdes levemente maquiados:
— Desculpa por chegar só essa hora... Eu corri o dia todo, praticamente, mal te dei atenção. – Kaya disse, envergonhada.
— Você não é obrigada a ficar cem por cento do tempo comigo. Nada de pressão. Quer entrar? – Mike perguntou, doce, e Kaya assentiu.
— Seus pais não estão em casa? – A menina perguntou, passando os olhos de relance pelo local.
— Estão, sim. Mas você é minha namorada, posso te trazer aqui quando eu quiser. – Mike riu.
— Bobo. – Kaya disse, pendurando o casaco no biombo e jogando seus longos cabelos.
Ambos deitaram-se no sofá e Kaya agradeceu mentalmente por, finalmente, ter tido a oportunidade de descansar seus pés depois de um dia agitado.

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