Eu estava confusa, não devia ter feito isso. Não devia ter expulsado minhas amigas e muito menos meu namorado, acho que eu tenho problema, só pode. Mas eu estava nervosa, estou meio estressada com tudo que está acontecendo.
-Seu namorado é um otário- disse Bernardo
-Não fala assim dele, ele é bem legal, você que é meio ignorante e não percebe - eu digo me sentando no sofá e chorando
-Não precisa ser grossa. Eu só falei a verdade.
-O único otário aqui é você. Tu nem conhece o Davi e sai falando dele.
-Eu falo de quem eu quiser.
-Sim, mas não fale do meu namorado na minha frente. Tenha o mínimo de respeito, por favor.
Ele revirou os olhos e foi aí que minha paciência chegou ao fim, não aguento mais nada.
-Quer saber? Eu não aguento mais. Acho que expulsei a pessoa errada.- falei olhando para ele- Eu odeio tudo isso.
-Você está me expulsando?
-Sai- eu gritei- Só quero um pouco de paz.
-Espera....- ele falou se aproximando
-Espera nada, sai, não quero a companhia de ninguém.
Bernardo apenas balançou a cabeça de um lado para o outro, pegou sua jaqueta e antes de sair, disse:
-Tchau, Manuela.
Ele saiu e não liguei, só me importava com o fato de finalmente estar sozinha. Eu tenho que gritar, chorar, botar tudo para fora. Não aguento mais. Me sentei no chão e comecei a chorar como nunca tinha antes. Eu expulsei meus amigos e eu não sei o por quê. Talvez eu realmente tenha problemas mentais, sei lá.
Eu comecei a gritar de raiva, tristeza? Eu não sei. Tudo parece tão confuso. As lágrimas continuam correndo e molhando o tapete da sala. Alguém me ajuda, eu quero gritar. Eu preciso disso, preciso de apoio. Mas ninguém está aqui. Tudo está vazio, não há uma luz no final do túnel.
Parece o ano passado, quando eu achava que tudo daria errado. Mas tinham pessoas lá para mim, agora estou sozinha. Sem amigos, minha família me acha uma estranha, meus pais quase nunca estão em casa. Não sei o que fazer. Acho que sou uma inútil mesmo. Uma completa idiota.
Por dentro parece que tudo está vazio, não há nada. A única coisa que posso fazer é chorar e botar tudo para fora. Botar o quê?? Minhas mágoas, minha tristeza, minhas inseguranças, meu medo. Medo, uma palavra tão pequena que pode dizer tanta coisa, que significa muito. Ela muda vidas, intimida algumas pessoas e a aterroriza outras.
Eu sempre tive medo de aranhas, de cobras e outras coisas assim, mas agora eu tenho medo de uma coisa muito maior que tudo, eu tenho medo de mim mesma. Já não tenho consciência do que posso fazer, eu realmente não sei.
Acho que sempre tive isso, mas escondi de mim mesma, tudo isso para me libertar. Porém agora tudo está vindo á tona, porque agora é um momento no qual estou vulnerável, estou sem aquela armadura que sempre uso para me proteger.
Eu estou fora de mim mesma, estou fora da minha cabeça. Nada mais parece valer a pena, nada mais vale a pena. A vida é uma pura ilusão, onde tudo sempre é lindo, mas quando percebemos tudo não passou de um nada, um belo e maravilhoso nada. Quando nós morremos, apenas temos nossos filhos, netos ou bisnetos para lembrarem de nós, depois seremos esquecidos. Se você famoso, até pode ser lembrado mas nada é para sempre.
Minha cabeça gira ,meu estômago está remexendo, tudo está confuso. As lágrimas mancham meu rosto e o deixam grudento, eu não estou bem, eu não consigo respirar direito. Tudo parece uma simples ilusão. Nada mais faz sentido. Acho que a única solução é fechar meus olhos e assim tudo ficará bem.
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Sobrevivendo à Adolescência
Teen FictionEssa é a história de Manuela, uma adolescente de 14 anos, que mesmo com a pouca idade passa por várias mudanças e emoções diferentes. Ela muda de cidade e se sente triste por deixar seus amigos e ter de terminar seu namoro, mas na nova cidade ela p...