Lá estava eu,Manuela,tendo de dizer adeus a tudo que conheço.As minhas amigas,escola,casa,a vida que eu conhecia.Agora vou começar outra vida em uma cidade diferente. Certo, é a minha cidade natal e vou ficar perto dos meus primos,tios,irmãos e toda a minha família novamente,mas é estranho dizer tchau a essa cidade que eu achei que ficaria por mais tempo.
Eu estava me despedindo de minhas amigas e eu só queria poder colocá-las em um potinho para leva-las comigo mas não posso. Eu também quero minha escola de volta, um colégio tão tradicional e pequeno, é disso que eu gosto mas vou ter que ir para uma escola enorme onde terei que fazer novas amizades com um pessoal que provavelmente só se importam si mesmo. Estou fazendo um julgamento cedo demais? Talvez, mas eu não me importo.
Me despedi de Juliana, Didi e Maddu. E olhei em volta, eu sei que vai demorar para vê-las novamente, para ver tudo aquilo novamente, mas eu não tenho escolha. E ainda tem meu namorado, quer dizer ex-namorado. Quando contei sobre a mudança á ele, nós decidimos que era melhor terminar o namoro porque namoro á distência seria muita tortura para os dois. Nós não mandaremos mensagem, não ligaremos e não teremos mas nenhu tipo de contato, temos que esquecer um ao outro e seguir em frente. Pelo menos, esse foi o combinado. Ele nem apareceu para se despedir mas eu sei que isso foi o melhor a se fazer.
Eu entrei no carro e nem olhei para trás, eu já me sinto mal o bastante. Meu coração está quebrado em centenas de pedaços, e ninguém está aqui para me ajudar a juntá-lo. Estou meio: me, myself and I agora e nada pode ser feito. Eu tinha que me distrair senão pularia daquele carro a qualquer momento, então peguei meu celular e coloquei a primeira música que vi, depois peguei um dos meus livros e comecei a lê-lo.
Eu relia a primeira frase daquele capítulo mas parecia que as palavras estavam escritas em outra língua, talvez em grego, não sei. Nada fazia sentido em minha mente, não havia nenhum tipo de conexão. Sabe quando estamos aprendendo a ler e as palavras parecem apenas letras? É assim que me sinto, as palavras parecem apenas pequenas letras juntas que não fazem sentido. Eu fechei o livro com força e o guardei, aquilo estava me assustando.
Mas tinha uma coisa que me dá mais medo ainda, uma simples palavra, na verdade a única que parece fazer algum tipo de sentido para mim, ou talvez não. "Recomeçar" uma coisa que está parecendo impossível ser feita. Fazer novas amizades? Um pesadelo para mim, uma garota que sempre foi super tímida e sempre teve medo do mundo. Gostar de alguém novamente? Isso vai ser fácil porque eu vou tentar fazer de tudo para esquecer Renato.
Olhei para a janela e vi as coisas passando. As árvores, os campos, as flores e as pessoas que eu amo indo embora, me abandonando. Deixar elas para trás foi uma das coisas mais difíceis que eu já fiz, sei que sou só uma adolescente de 14 anos e que não tive que fazer tantas coisas complicadas na vida mas entre todas que já fiz, essa foi a que mais doeu. Encostei minha cabeça no vidro e meus olhos foram se fechando lentamente olhando para aquele lindo pôr-do-sol.
Abro os olhos e vejo um grande campo na minha frente. Eu me levanto lentamente e tento entender o que está acontecendo. Só então percebo que tudo á minha volta é preto e branco, parecendo um daqueles filmes de antigamente. Olho para mim e vejo que a única coisa colorida é meu vestido, um lindo vestido com uma cor vibrante de vermelho.
Ando mais um pouco e vou observando, na minha frente á um lindo horizonte com um sol se pondo. Quando olho para trás, vejo Juliana, Maddu e Didi paradas olhando para mim, logo depois Renato se junta a elas e todos ficam me olhando com os olhos cheios de lágrimas. Eu quero correr até eles mas eu não consigo, tem algo me prendendo no chão. Eu me mexo desesperadamente mas não consigo me soltar.
Apenas paro quando percebo que eles estão desaparecendo, eles se tornam cinzas e o vento os leva para longe de mim. Me ajoelho no chão e começo a chorar, lentamente meu vestido vai perdendo seu tom até se tornar cinza, igual o resto das coisas.
De repente, uma mão toca o meu ombro e alguém fala no meu ouvido:" Tudo vai ficar bem". Tiro as mãos de meu rosto e as cores estão lá. Tudo que antes era cinza e sem graça, agora apresenta uma cor viva e vibrante. Mas eu continuo cinza e o sorriso que antes estampava meu rosto se desfaz rapidamente.
Eu acordo assustada, mas que tipo de sonho foi esse? Ou eu posso chamar de pesadelo? Não sei. Mas meus pais estão me chamando e falndo que finalmente tínhamos chegado. Olhei para meu lado direito e vi um lindo e grande sobrado na minha frente, agora o meu novo lar.
A mudança aconteceu normalmente, e quando tudo terminou eu só queria comida e minha cama. Eu e meus pais jantamos fora e quando voltamos para "casa" corri para o meu quarto, tomei um banho e logo fui dormir.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sobrevivendo à Adolescência
Teen FictionEssa é a história de Manuela, uma adolescente de 14 anos, que mesmo com a pouca idade passa por várias mudanças e emoções diferentes. Ela muda de cidade e se sente triste por deixar seus amigos e ter de terminar seu namoro, mas na nova cidade ela p...