Eu comecei a ficar inquieta depois daquela mensagem da Sofia, eu sei que ela só nervosa e que tenho que esperar ela se acalmar, mas sei lá.
Renato continuou assistindo o filme mas eu não conseguia prestar atenção, eram muitas coisas acontecendo ao mesmo tempo:Eu terminei com o Davi, a Sofia está muito irritada, jantar na casa do Bernardo, visita do Renato. Meu Deus, é tanta coisa.
Pensando eu tudo isso eu acabei dormindo, por conta do cansaço e de todos os acontecimentos daquela quinta-feira.
Acordei apenas no dia seguinte, vestida com a mesma roupa que adormeci mas coberta por um cobertor e abraçando minha almofada preferida. Eu sabia que Renato tinha me coberto porque só ele sabe qual almofada eu gosto, uma estampada com uma foto da Torre Eiffel.
Renato me deu a mesma no dia que contei que ia me mudar. Eu lembro perfeitamente o que ele falou quando me entregou a mesma. "Manu,eu sei que seu sonho é viajar para a Europa e eu te prometo que vou te levar, não importe quanto tempo demore. Eu sei que essa almofada não é grande coisa mas isso é para simbolizar essa promessa que faço para você. Eu te amo muito." Tenho certeza que ele colocou essa almofada para eu abraçar para dizer que ele lembrava da promessa que me fez.
Quando os pais de Renato iam para a minha casa jantar , nós dois ficávamos deitados na grama olhando as estrelas e falando sobre nossos sonhos. E em um desses dias eu acabei contando sobre meu sonho de ir para a Europa e ele prometeu me levar. Quando Renato me deu a almofada, eu fiquei emocionada por ele ter lembrado daquilo, que eu tinha contado muito tempo antes daquele dia. Mas eu sabia, na verdade, eu sei que ele vai cumprir. Ele sempre cumpre.
Eu sentei na minha cama e fiquei observando aquele gesso na minha perna, isso está me incomodando e eu só quero tirar esse negócio de mim. Mal posso esperar para isso.
Peguei meu celular que estava no meu criado-mudo, olhei para a tela e vi que eram 09:00h.
-Acordei cedo.- falei me espregiçando
Eu me levantei e fui até o meu armário pegando um vestido e roupas íntimas. Fui no banheiro, tomei um banho rápido e vesti minhas roupas, abri a porta e levei um susto.
-Ai meu Deus, você quer me matar do coração, Renato. -falei colocando a mão no peito
-Desculpa, não queria te assustar. Eu entrei aqui para te acordar e vi seu mural de fotos. -ele disse apontando para o mesmo
-Impressionante como as pessoas gostam de olhar esse mural.
-É bem interessante. Cada foto conta uma história diferente. Por exemplo, essa aqui foi em um parque de diversão. Nós dois, suas amigas e os namorados delas. Foi o dia que o Gustavo pediu a Juliana em namoro.
-Eu lembro disso. Também foi o dia que completamos 6 meses juntos. -falei olhando a foto que tiramos na entrada do parque
Ficamos mais alguns minutos ali, olhando aquelas fotos que me deixam tão nostálgica. Aquelas fotos, como as amo.
-Bonito o vestido- falou Renato me olhando de cima a baixo
O vestido é realmente lindo, cheio de flores coloridas que contrastam com o verde-água da californiana do meu cabelo, que aliás está bem desbotado, está na hora de pintar de novo ou talvez eu corte mesmo.
-Obrigada. Então vamos tomar café?
-Claro. Seus pais foram trabalhar e os meus tiveram que ir resolver algumas coisas mas eu preparei seu café da manhã preferido.
Eu fiquei curiosa porque nem eu sei qual é o meu café da manhã predileto, mas o acompanhei sem perguntar. Quando entrei na cozinha eu soube qual é, e com certeza Renato tem razão.
Pães, ovo mexido, suco de laranja, bolo e yogurte. Observei cada detalhe daquela mesa e meu olhar caiu sobre uma flor, para ser mais exata, uma rosa branca.
-Você me conhece muito bem.- eu disse pegando a rosa e a cheirando
-Eu sei- falou puxando a cadeira para eu me sentar
Eu me sentei e ele fez o mesmo. Ficamos conversando e comendo, mas o assunto chegou em um assunto meio delicado.
-Então, você e o Davi terminaram mesmo?
-A... A gente discutiu e eu acabei terminando tudo. Desde de ontem a gente não conversa. Mas e você e a Sabrina? -perguntei mudando de assunto
-Acho que a gente terminou ontem.
-Por que "acha"?
-Porque eu não avisei para ela que ia vir para cá e ela ficou bem brava. Mas eu não me importo.
-Você deveria se importar. Era sua namorada.
-Por que eu me importaria, se eu tenho você.
Renato se aproximou de mim lentamente até os nossos lábios se tocarem. O beijo foi calmo e apaixonado, e quando nos separamos nossas testas continuaram encostadas. Acho que agora é oficial, eu ainda gosto desse garoto e muito.
-É melhor a gente arrumar a mesa.- falei me levantando rapidamente e pegando o meu copo
Renato levantou logo em seguida e segurou o meu pulso: "Isso ainda não acabou e você sabe disso" ele sussurrou no meu ouvido. Depois começou a arrumar a mesa junto comigo.
Quando me dei conta já eram 11:00h, então peguei meu celular e fiquei conversando com minhas amigas. Reli a mensagem que Sofia me mandou e resolvi ligar para ela. Ela já deve estar mais calma, pensei.
Ligação on-Oi Sofia.
-O que você quer, Manuela?
-Sofia, você ainda está brava?-perguntei
-Não, nunca estive melhor.- ironizou
-Por favor, não fica brava comigo. Você não ouviu o que ele me falou.
-Não importa o que ele te falou. O Davi gostava muito de você. Aliás, ainda gosta.
-Claro que importa o que ele me disse, Sofia. Doeu muito. Ele me tratou como se eu fosse uma vagabunda ou coisa pior.
-Não foi essa versão que ele me contou.
-Claro que não foi. Ele só quer nos colocar uma contra a outra, perceba isso Sofia.
-Não me interessa.
-Ta bom, Sofia. Obrigada por todo apoio que você me deu e desculpa se meu namoro com o Davi não deu certo. Eu só quero avisar que eu provavelmente vou para a escola na semana que vem e que depois eu vou para aquela clínica. Talvez depois de tudo, possamos voltar a ser amigas.
-É, talvez.- ela falou parecendo mais calma
-Tchau, Sofia.
-Tchau, Manu.
Ligação off-Está tudo bem?-Renato perguntou
-Ainda não, mas vai ficar.- falei confiante
Na hora do almoço, os meus pais e os pais de Renato chegaram. A tarde passou tranquila e nós não fizemos nada, além de ficar assistindo filmes. Mas no começo da noite, a minha paz foi perturbada.
-Filha, você não vai se arrumar?-perguntou minha mãe chegando na sala com o cabelo molhado
-Como assim, mãe?
-Hoje é o jantar na casa do Bernardo, Manu.
Putz, eu esqueci disso. O bendito jantar na casa do Bernardo. Não acredito nisso. Me levantei e fui desanimada até meu quarto. Tomei banho e fui escolher minha roupa. Optei por um vestido vermelho mais rodado, uma jaqueta de couro e um coturno preto(na verdade só um pé, porque o outro tem um gesso, né). Meu cabelo prendi em um rabo de cavalo alto e a maquiagem foi composta por uma máscara de cílios e um batom bem claro.
Desci as escadas e meus pais já me esperavam sentados no sofá. Eles também estavam bem "chiques" e parecia que tínhamos combinado porque todos tinham uma peça vermelha. Eu com o vestido, minha mãe com um salto e o batom e meu pai com a camiseta.
-Qual coral a gente vai cantar?-perguntei rindo da coincidência
Meus pais demoraram a entender mas depois todos estavam rindo por conta do ocorrido.
-Então, Renato já saiu?
-Sim, filha. Eles já saíram para jantar. Agora vamos nós.
Nós saímos de casa e entramos no carro, indo em direção a casa de Bernardo. Chegando lá, percebi como a casa era chique. Eles realmente eram ricos. A casa estava mais para uma mansão. O portão foi aberto permitindo entrarmos com o carro. Estacionamos e vimos que Bernardo e os pais do mesmo já nos esperavam. Mas tinha uma pessoa a mais, na verdade uma menina. Acho que a irmã mais nova do Bernardo me falava. Peraí, ela me parece conhecida. Aqueles olhos, aquele cabelo. Ah não, é ela. Eu já devia suspeitar.
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Sobrevivendo à Adolescência
Novela JuvenilEssa é a história de Manuela, uma adolescente de 14 anos, que mesmo com a pouca idade passa por várias mudanças e emoções diferentes. Ela muda de cidade e se sente triste por deixar seus amigos e ter de terminar seu namoro, mas na nova cidade ela p...