Transtorno bipolar?!

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Sofia me olhou de relance e subiu as escadas indo em direção ao meu quarto. Eu sabia que tínhamos que conversar, apenas olhei para Davi e ele fez um sinal para eu subir. Eu obedeci e fui suindo as escadas lentamente, respirando fundo e pensando que talvez eu tivesse perdido uma das minhas melhores amigas. Eu a conheço faz pouquíssimo tempo mas já a considero pacas. Entrei no quarto e ela se encontrava sentada na minha cama olhando para o nada, fechei a porta e a olhei esperando alguma reação.

-Manu- ela falou ainda olhando para o nada- eu soube o que aconteceu, na verdade, meu primo me avisou por mensagem e pediu para mim vir aqui.

Eu não sabia o que dizer, apenas fiquei a olhando e pensando que talvez ela tivesse me perdoado ou que talvez eu tivesse feito a maior burrada da minha vida.

-Eu não sabia.- ela falou ainda observando aquele mesmo ponto fixo

-Não sabia o quê?- eu perguntei

-Que você tinha essa foto.

Eu então entendi para o quê ela olhava. Sofia olhava a meu mural de fotos, onde coloco as fotos com as pessoas que eu mais amo e lá tem uma foto minha e dela, uma foto que tiramos com a Polaroid dela mas eu roubei enquanto ela não olhava.

-Desculpa, eu meio que roubei de você. Eu precisava de alguma foto nossa para pôr aqui.

-Não tem problema- ela falou sorrindo e olhando para a foto- Aqui só tem pessoas especiais, não é?!

-Sim, todas as pessoas que eu mais amo estão aí- falei

-Essas são suas amigas de sua antiga cidade, não são?- Sofia disse apontando para uma foto

Me aproximei do mural e vi qual era a foto. Era uma que tirei no aniversário da Didi, estávamos nos quatro fazendo careta, aquela noite foi incrível.

-Sim, são elas.

-Você sente muita falta?

-Muita.

-E esse é o Renato, certo?

-Sim, é ele.- falei sorrindo e olhando a foto onde eu estava nas costas de Renato

Olhar todas aquelas fotos me fez ficar muito feliz, antes eu achava que ninguém estava do meu lado mas agora eu acordei e percebi que muitas pessoas estão comigo, tenho amizades que eu sei que durarão para sempre, tenho Juliana, Didi, Maddu, Renato, meus pais, Sofia, Davi e muitas outras pessoas que vão sempre me ajudar.

-Nossa, estou bem chateada.- falou Sofia

-Por que?- perguntei

-Você parece amar mais suas antigas amigas do que eu.- ela falou fingindo estar triste

-Sofia, eu tenho espaço para todas as minhas amigas no meu coração.

-Mas você não tem espaço o bastante para duas paixões- ela falou séria

-Como assim?

-Renato e Davi. Você tem que escolher.

-Não é tão fácil- falei olhando para o chão

-Que bom que você me tem para te ajudar, não é?!- ela falou abrindo um sorriso

-Peraí, você não está brava comigo?- perguntei esperançosa

-Claro que estou, mas com você sofrendo desse jeito eu quero te ajudar.

Quando ela falou isso, eu dei um abraço muito forte nela e nós duas sorrimos. Essa, é mais uma das amizades que sei que serão para sempre.

-Mas voltando, você quer me matar?- Sofia perguntou me soltando

-Como assim?

-A senhorita desmaiou enquanto ninguém estava em casa. Você poderia ter morrido.

-Você fala como se eu pudesse controlar meus desmaios- falei rindo

-Da próxima vez tenta, certo?

-Tá bom. Mas Sofia, eu tenho uma consulta porque o médico acha que eu tenho algum tipo de problema. Será que eu sou louca?- disse me sentando na cama

-O Davi também me falou sobre isso, mas calma Manu, tudo vai dar certo.

-Por que eu não tenho tanta certeza disso?

-Para de ser pessimista, mulher. Agora vamos descer, senão meu primo vai achar que uma de nós matou a outra e fugiu pela janela.- Sofia disse rindo

-Pode descer, eu te encontro lá em baixo daqui a pouco.

-Tá bom.

Sofia saiu do quarto e eu logo peguei meu celular, eu tinha que avisar minhas amigas e Renato. Mandei uma mensagem quilométrica para Renato e para o grupo das minhas amigas explicando o que tinha acontecido mas falando que eu estava me sentindo bem e que eu não vou morrer. Eu desci e me sentei no sofá, onde os primos conversavam e assistiam TV. Fiquei respondendo as mensagens das meninas que logo ficaram preocupadas e falando com Renato sobre o acontecido com a perna e sobre o desmaio. Me lembrei de Bernardo mas eu nem me atrevi a pensar nele de novo, ele que se exploda.

Davi e Sofia ficaram ali até meus pais voltarem do trabalho. O mesmos ficaram fazendo milhares de perguntas sobre como eu me sentia e tudo mais, então resolvi desabafar, aliás eles são meus pais e me entendem como ninguém, eu acho. Falei como eu me sentia e sobre tudo que tinha acontecido, eles decidiram que falariam com o pai de Bernardo no dia seguinte sobre o ocorrido. Então nós jantamos e meus pais foram dormir, mas eu fiquei no meu quarto lendo livros, ouvindo música e mandando mensagens para meus amigos. Lá pela 01:30 da manhã, eu finalmente fui dormir.

 Quarta-feira

Eu estava muito nervosa, porque na quinta seria meu exame e eu não quero ser louca. Esse dia, minha faltou do trabalho para ficar comigo então ela me distraiu um pouco. Fomos ao shopping, assistimos um filme no cinema, tomamos sorvete(não me corrija) e ficamos passeando, então na quarta eu não vi Davi e nem Sofia, apenas falei com eles por mensagem.

Eu não sei por que mas eu sinto que algo não está bem.

Quinta-feira

Hoje meu nervosismo só aumentou, acordei meio-dia, então eu almocei junto com os meus pais que mais tarde iriam de levar para o médico. Depois do almoço, me arrumei e mandei uma mensagem para todos os meus amigos mais próximos falando que eu ia para a consulta e falaria com eles mais tarde.

Fomos até o hospital e chegamos ás 14:00 em ponto. Logo fomos atendidos e o médico me levou até o lugar onde faríamos a consulta. Eu me deitei em um divã e ele começou a me fazer perguntas, como se ele fosse um psicólogo mesmo. O médico fazia perguntas normais e eu ia respondendo, depois fiz tipo um raio-x do meu cérebro e eu voltei para a sala. O médico falou que ele iria analisar tudo e que voltaria em alguns com o resultado da consulta.

Meia hora mais tarde, ele voltou com uma cara não muito boa e com alguns papéis. Nesse momento meu coração estava quase saindo pela boca. Ele se aproximou, meus pais o olhavam ansiosos e eu o olhava meio desesperada.

-Eu analisei tudo e conversei com alguns outros médicos e todos chegamos á uma conclusão. A senhorita sofre de transtorno bipolar. 






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