Hospital, depoimentos e ciúmes.

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Só consegui ouvir o barulho de sirenes e vozes meio desesperadas e nada mais depois. Acordei em um lugar todo branco, que reconheci. Era um hospital. Quando abri os olhos, vi Davi correndo em minha direção e chamando meu nome. Mas eu não conseguia falar, nenhum som saia da minha boca quando eu puxava ar, só então reparei em mim. Eu estava com as costelas enfaixadas, assim como o meu pé direito.

-Manu, não precisa falar- disse Davi me olhando com um sorriso no canto da boca

Eu precisava falar e saber o que estava acontecendo, pois a última coisa que lembrava era uma luz branca e o chão.... "Ah, lembrei agora, merda" eu pensei na hora. Eu havia sido atropelada, eu tinha que falar com Davi, puxei todo o ar que podia mas quando eu ia falar, alguém me interrompeu.

-Ela está bem??-disse um menino na qual eu reconhecia a voz

-Bem, na verdade ela estaria melhor se você não tivesse atropelado ela, né?!- respondeu Davi

-Eu já disse que não foi minha culpa, eu não vi ela por causa da chuva e eu não aprendi a dirigir direito ainda.

-Mas você ainda não aprendeu como funciona o freio?-falou Davi ríspido

Depois da pequena discussão, eu pude reparar no menino que se encontrava na porta, parado e quase chorando. "Por que ele estaria tão abalado?Pelo menos ele não está numa cama de hospital todo engessado" pensei na hora. Mas uma coisa eu tenho que admitir, para um atropelador, ele é bem bonito. Alto, cabelos pretos mais compridos, olhos azuis, aparentava ter uns 16 anos e usava uma blusa preta e uma calça jeans.

-MANUELA-alguém gritou e com alguém quero dizer minha mãe

Ela chegou bem desesperada pela porta empurrando o garoto e atrás vinha meu pai.

-Filha, Meu Deus, você está bem? Consegue falar? Tá com dor de cabeça? ENFERMEIRAAAA

Mães sempre bem desesperadas, meu pai apenas chagou e quando viu o Davi e o menino desconhecido, ele os chamou para fora, provavelmente meu pai não ia deixar barato.

-Mãe, calma eu tô bem.- eu disse reunindo todas as minhas forças

-Graças a Deus, e aliás bem você não está tanto né?! E também que menino bonito encostado na porta, você escolheu bem.

-Mãe, o meu namorado é o outro.- eu disse meio envergonhada

-Ah, também é bonito. Peraí,então aquele é o idiota eu te atropelou? Vou dar uma surra nele. Já volto.

-Não mãe!!

Eu disse mas ela já estava lá fora provavelmente batendo no garoto, mães. Não foi exatamente tanto culpa dele, eu não olhei para a rua e se eu tivesse olhado, talvez eu não estivesse naquela maca. Mas uma coisa aconteceu, o menino chegou na porta e a fechou, meus pais o obrigaram a pedir desculpa mesmo comigo nessa situação, tenho certeza. Eles são bem malucos.

-Bem-ele disse suspirando- você não me conhece, e com certeza agora não é um momento que você gostaria de ter me conhecido. Eu sou um idiota por ter te atropelado, eu não devia ter saído de casa com tanta pressa e ainda por cima com raiva. Como eu poderia imaginar que uma menina, ou no caso você, estaria passando na rua naquele exato momento em que eu não prestava atenção na estrada, e eu ainda nem tenho carteira, apenas "peguei emprestado", não eu roubei o carro do meu pai, que deve estar chegando agora aqui junto com a minha mãe. Mas Manuela, ou Manu se você preferir, quero me desculpar pelo que fiz. Eu fui tão imprudente...

-Não foi tão sua culpa- eu o interrompi

-O quê?-ele me disse confuso

-Eu não olhei para os dois lados da rua, se eu tivesse olhado, provavelmente teria evitado esse acidente.

Sobrevivendo à AdolescênciaOnde histórias criam vida. Descubra agora