Botando pra Quebrar!

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UMA ESPAÇOSA ESCADA DE PEDRA CINZENTA nos leva até o topo da negra montanha pedregosa que se ergue na nossa frente. Mesmo de onde estamos, consigo notar que seu pico é aplainado e que mesmo antes, em sua encosta, várias casas — também feitas do mesmo material de pedra cinzenta da escada — se projetam e criam várias ruelas por entre elas, formando um complexo labirinto de caminhos que além de se conectarem com outros que levam a casas mais acima ou abaixo, também chegam ao topo.

Quando começamos a subir, a longa escada me engana, pois ela me faz olhar para seu topo e, assim, algumas vezes acabo errando o passo ao pisar em seus degraus. Não me preocupo em passar vergonha, pois meus amigos estão na mesma situação. Começamos a rir um do outro.

— Essa maldita escada sempre faz isso com as pessoas que não mora na cidade! — diz Helene.

— Sempre faz isso? — pergunto. — Vocês já estiveram aqui?

— Sim, mas faz um tempo. Viemos em excursão de escola. Nos explicaram cada pontinho que existe nessa merda — responde Vector.

— E o que tem de tão importante aqui nessa cidade para ter excursões escolares? — Lucy pergunta, sem entender.

— Imagino que seja por ter o Prédio dos Governantes... — arrisca Ben.

— Isso mesmo — diz Helene com um sorriso no canto da boca.

Nunca tinha reparado, mas só agora, olhando aquele sorrisinho, noto na beleza de Helene. É diferente de qualquer outra garota que eu tenha visto. É uma beleza... selvagem.

— A escada, as casas e outras construções são feitas de mármore bruto — explica ela. — E o nome da cidade se deu por conta do local em que foi construída, como as antigas acrópoles, que além de outras construções importantes como os templos, também abrigavam os palácios dos governantes. No caso, o que tem aqui, serve como o local onde eles trabalham ou algo assim — ela riu e deu um soco de leve no braço de Vector. — Saca só, ainda lembro do que eles explicaram!

Olho mais atentamente para uma das casas ao meu lado. Os tijolos de pedra são irregulares e nao lisos. Por conta do sol que bate diretamente nas peças retangulares, sua cor mais se assemelha ao branco.

— Ah, já sei! — exclama Lucy, com o indicador levantado. — O grey vem de cinza, que é a cor das construções aqui da cidade! Acro-grey!

— Sim, querida — diz Helene com uma careta que dizia "Qual o problema dela? Isso é tão lógico!".

Eu rio e Vector me acompanha, escondendo o rosto com a mão. Acho que esse tipo de reação é uma raridade em se tratando dele.

— Vi em algum lugar que a cidade tem quatro saídas nos quatro pontos cardeais, cada uma levando para outra cidade — é Baker quem fala, coçando atrás da cabeça com os dedos, não muito certo do que dizia.

— Isso, são quatro escadas que indicam os pontos cardeais e cada uma leva para uma cidade — responde Vector, voltando ao seu estado sem ânimo. — Leste — diz ele, apontando para trás da gente, de onde tínhamos vindo de Luvander —, oeste — continuou, indicando à nossa frente —, norte — para a nossa direita — e sul — para a esquerda.

Pois é, meus preceitos que tinha da dupla estão sumindo aos poucos. Os dois se vestem desse jeito meio maluco, mas aparentam ser bem inteligentes. É... Vou parar de ficar pensando coisas sobre ele, até porque nem os conheço! Pra que vou ficar gastando tempo imaginando coisas?

Depois de alguns minutos — que mais pareceram horas — subindo aquela escadaria gigante, conseguimos finalmente chegar na parte plana da montanha e a admiração de nós três que nunca tínhamos visitado a cidade, foi notável.

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