PARTE 3 - DECISIVOS PASSOS -- Capítulo Bônus: J Duplo

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Olá! Estou vivo.
Como dito anteriormente, esta será a terceira e possível última parte da história. E iniciarei com um Bônus da dupla dinâmica Jeremy and Jane: Jota Duplo (nome do capítulo).
Caso se percam com os nomes das cidades, nas Notas Finais há o o mapa de Toran descoberto até agora!
Boa leitura!  

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RECORDAÇÕES


— VOCÊ É A BONECA MAIS LINDA DO MUNDO! — Giulia abraçou a boneca de pano feita por ela mesma, de pedaços​ de trapos velhos, os olhos de botões arrancados de camisa costurados na bolinha que era a cabeça.

Aquela frase dita a magoou. Ainda assim, sempre a dizia, porque era como sua mãe falava com ela, e por mais que aquilo a machucasse tanto, insistia em repeti-la, para manter sempre fresca a imagem de sua progenitora.

Uma lágrima percorreu um caminho lento e angustiante pelas suas bochechas. Segurou a boneca com mais força e cheirou as tiras que amarrou como cabelo, pois ainda continham o cheiro de mãe, aquele cheirinho que só os filhos reconhecem sendo únicos de sua progenitora.

— Oh, meu amor, larga esse brinquedo. — O padrasto apareceu na entrada da porta. Tinha acabado de chegar do trabalho na lanchonete de Nochelert, onde fritava batatas e hambúrgueres. O cheiro de fritura misturado ao azedo proveniente das dobras formadas pelo excesso de gordura que se desdobravam por todo seu corpo exalava mesmo à distância. — Já disse que você tem que brincar é comigo. — Começou a se despir. — Vamos então nos divertir um pouco.

Giulia só teve tempo de conseguir jogar a boneca para baixo da cama. A boneca tinha que ficar intocada, imaculada, era a imagem e perfeição daquilo que um dia ela iria ser.

O padrasto a agarrou e sufocou. Os gritos sendo amortecidos por uma das mãozorras tapando a boca da garotinha de nove anos, a outra a segurando firmemente os cabelos curtos para a pequena não escapar.

Sufoco, pressão em cima de seu corpo, a dor lancinante invadindo todo o seu ser.

Depois que o padrasto se retirou, Giulia teve forças de puxar a boneca para si, alva e pura, tão diferente dela: suja e apodrecida. O cabelo doía. Aliás, tudo nela doía, desde o corpo até a alma.

— Porco — murmurou. — Por que insiste em me sujar também?

Mamãe, por que teve que morrer tão cedo? Volta pra mim.


GIULIA ACORDOU DAS PROFUNDEZAS de imagens que vieram sem aviso prévio e inundaram sua mente. Quer dizer, Giulia não, agora ela era Jane, rebatizada pelos Rocket, os únicos que a acolheram neste infindável mundo com incontáveis pessoas.

Agora, como Jane, seu objetivo não era mais se tornar imaculada como a antiga boneca.

— Jeremy? — chamou, ainda entorpecida.

Olhou para os lados do quarto e viu que estava só. Nem mesmo aquela praga do Jorge estava ali. Sozinha. Um interruptor foi acionado dentro de sua cabeça e o clarão repentino iluminou suas ideias. Lembrou. Jeremy já tinha ido embora. Estava sozinha agora.


~×~


ENRICO PUXOU A MÃO E VIU A GOTA DE SANGUE se formar no polegar da mão direita. Levou-o à boca. Era terrível trabalhar no roseiral, vivia sendo picado pelos espinhos das rosas. Não, pensando melhor, o pior era trabalhar no canavial, cheio de Combees e outros Pokémon insetos prontos para morder e ferroar.

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