Capítulo 11

357 49 5
                                    

O seu peito subia e descia enquanto eu o observava enrolado nos seus lençóis. O seu cabelo estava ligeiramente caído para o lado preenchendo a almofada branca, um braço fora da cama e os lábios serrados. A sua respiração leve era a única coisa que se ouvia por entre estas quatro paredes. Mesmo ele estando a dormir consigo sentir este ambiente pesado entre nós. Ele insistiu durante largos minutos para que eu dormisse na sua cama deixando-o a ele dormir no seu enorme sofá de onde agora o observo do lado oposto do quarto. Por norma teria aceite, mas estou num estado demasiado casmurro e fechado para ceder a minha vontade a alguém. 

Quando algo me incomoda ou me sinto mais em baixo, não consigo estar bem com ninguém, torno-me parva, nisso sei que sou demasiado transparente, pois mesmo que a pessoa não tenha a culpa acabo por a desprezar com toda a minha força, mesmo sem razões. 

Sorrio ao reparar na infantil luz de presença no canto do quarto, ele pensava em tudo para o meu bem. Eu era uma chata que não merecia ter alguém como ele ao meu lado. Ele é sempre tão preocupado e atencioso comigo, sempre tão gentil mesmo dentro das suas brincadeiras infantis. Às vezes sinto que o tomo demasiado por garantido e nisso eu sei que erro, pois nunca devemos tomar como garantido alguém na nossa vida, não está correto, porque a partir do momento em que o fazemos deixamos de nos esforçar, de fazer gestos para que não caiamos em monotonia, deixamos de agir de forma a nos amar novamente como no primeiro dia, como se ainda nos estivéssemos a conhecer, deixamos de alimentar a relação. Sei que por vezes como esta me desleixo, mas a consciência rápido bate na minha testa quando saiu de mim e olho para nós, para o que somos, para o que temos, para o que nos tornamos.

Encolho as pernas até ao peito e respiro fundo enquanto contemplo a sua pureza natural. Ele não me merece.

Encolho-me contra o sofá quando o sinto remexer-se, os cobertores deslizam fazendo-o ficar com o seu pijama à mostra. Com pijama digo uma t-shirt branca e as suas habituais calças cinza largas do género moletom

Desculpa Joey.

Aperto a almofada contra mim e suspiro novamente quando reparo que ele começou a tremer de frio, mas não se tapa por estar demasiado adormecido. Estou numa luta interior, mas decido não pensar muito antes de agir. Antes que pudesse dar conta, já os meus pés descalços caminhavam silenciosamente até ele. Tinha na ideia apenas aconchega-lo, mas aconchegar-me a ele pareceu-me ser uma ideia melhor, aquele sofá é confortável, mas nada se compara ao seu abraço. 

Entrei cautelosamente dentro da sua cama e apoiada em apenas um braço observo-o a dormir daquela forma tão serena antes de me encostar ao seu peito e nos cobrir. Ele remexeu-se novamente um pouco com o meu contacto, mas fiquei feliz por saber que ele continuava num sono profundo. O seu corpo estava quente apesar do frio que sentia, sabia bem, quase tanto como um aquecedor.

 Abracei-o pela cintura enquanto ouvia o seu coração bater. Esta calmaria era o que eu mais ansiava sentir no final de todos os meus dias.

- Desculpa. – sussurrei demasiado baixo para que ele não pudesse acordar. – Sei que sou uma parva e tu não mereces. Só mereces coisas boas. Desculpa agir como uma idiota enquanto sei que só queres cuidar de mim. Desculpa não desempenhar bem este meu papel de melhor amiga. Para falar a verdade sou uma péssima melhor amiga, mas apesar de tudo espero que saibas o quanto importante és para mim... - digo. 

Depositei um pequeno beijo no seu maxilar por ser o único sitio onde chegava e aninhei-me a ele finalmente fechando os olhos deixando todo o meu corpo repousar. Era tão bom poder ter momentos como este sem nenhum de nós pensar que estávamos a agir interesseiramente. Ambos sabia-mos o que ia no interior um do outro e isso era tranquilizante, se não o tivesse acho que cairia na loucura e até pagaria para ter uma amizade como a dele. Se bem que nem no meio de um bilião de gente encontraria alguém assim. Ele chegava-me e sobrava. 

Agarrei o fundo da sua camisola de mão fechada como se tivesse medo que ele me escapasse e senti-me a adormecer.

- Conheço-te de cor, incluindo o teu pior... e mesmo assim não te troco. - a sua ensonada e lenta voz soou fazendo-me assustar, enquanto ele se espreguiça um pouco surpreendendo-me e aquecendo-me por dentro. - És a melhor. - acrescenta.

- És um idiota. – murmurei com um risinho apertando-o mais contra mim por me ter estado a ouvir e não me impedir. Ele fez o mesmo passando um dos seus braços por cima de mim e beijou-me o topo da cabeça. 

- Vês? O teu melhor e o teu pior juntos... e continuo a adorar-te. - brinca referindo-se ao facto de o ter chamado de idiota mas abraçado em carinho ao mesmo tempo.

Ele não deveria agir sempre de forma tão doce comigo, deveria de me repreender pelo meu mau feitio, por ser casmurra, por não o deixar fazer o seu melhor para comigo. Deveria de me gritar e chamar à razão não me deixando ser tão fria com o ser mais quente do planeta, pois sei que nesses momentos o deixava triste por mais que ele não o demonstrasse.

- Deverias de me repreender... - sussurro um pouco envergonhada para comigo. 

- Não fizeste nada de errado. - simplesmente responde passando a mão pelos meus cabelos como uma caricia. Sei que ele sabe o motivo do meu estado anterior, por isso tenta amenizar e varrer quaisquer vestígios disso de mim. Mas porque é que ele tinha de ser sempre tão bom comigo?

- Jo... - preparo-me para me levantar para o encarar e resmungar, mas caiu novamente contra o seu peito quando ele me puxa pelo cotovelo fazendo-me perder a força no braço em que me apoiava, cortando-me ainda a meio da fala. 

Sinto um risinho abafado quando ele me aperta com força e me dá duas palmadas em brincadeira. 

- Estás repreendida. - goza apagando todo o embaraço de mim com uma gargalhada. - Dorme bem Els. – o meu estômago apertou pela alcunha junta com o seu riso. 

Eram imensas as vezes que ele me chamava assim, mas não conseguia evitar não me sentir desconfortável, a única pessoa de quem ouvia constantemente prenunciar o meu nome desta forma já não estava mais aqui para me chamar sequer por qualquer outro nome.

- Dorme bem Joey. – ri-me de forma mais breve pelo seu divertimento e apertei-o mais para que a escuridão de pensamentos me largasse. 

Eu sabia que junto a ele eu estava protegida da maneira a me proporcionar uma boa noite de sono e bem que eu estava a precisar dela.

_______________________________________

Hii there! :)

Aqui têm um novo capítulo.

Yeii, as mil visualizações já foram ultrapassadas, fiquei muito feliz quando reparei!

Espero que estejam a gostar tanto quanto eu!

Agradeço imenso todas as mensagens que tenho recebido de apoio e incentivo, assim como todos os votos, são bastante importantes para mim, obrigada. 

Se gostarem por favor comentem, adoro ler as vossas opiniões sejam boas ou más, respondo sempre que posso, prometo que irei fazer o meu melhor para vos agradar! :)

Boas leituras!

Sarry, xx

FallenOnde histórias criam vida. Descubra agora