Capítulo 13

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Saac tinha o nariz esborrachado na vitrina enquanto contemplava as coloridas caixas com gelados. Baixei a cabeça envergonhada na esperança que o rapaz tirasse os seus olhos de cima de mim e se virasse para outro lado, mas reparei que não fui bem sucedida quando comecei a observar os seus sapatos perto dos meus. Levantei a cabeça lentamente sem alternativas para o encarar, mas céus, eu não podia olhar para aqueles olhos ou não desviaria mais de lá os meus, eles estranhamente prendiam-me como garras.

- Eleanor. – proferiu com a maior naturalidade com um sorriso de covinha.

- O-olá. – respondi envergonhada. – Ah, hmm... obrigada. – gaguejei de forma ridícula e espanquei-me mentalmente. Tentar parecer uma pessoa normal estava-se a tornar cada vez mais complicado com ele. Arqueei uma sobrancelha quando soltou um risinho abafado como se eu tivesse dito alguma piada. Certamente apercebeu-se de que eu estava nervosa. – E desculpa... - suspirei ignorando o facto de saber que se está a rir de mim.

- Não se deve deixar uma criança impaciente por um gelado. – sorriu sem tirar os olhos de mim como se quisesse esquecer as minhas desculpas e os agradecimentos. 

Olhei para Isaac e o seu ar quase me fuzilava, dava para perceber bem que ele estava desesperado para comer um daqueles gelados. 

- Bem, é melhor eu ir... - informei como uma despedida pegando no meu porta-moedas. 

Ele nem se moveu. Passei por ele em direcção ao meu irmão e não consegui evitar não olhar para trás e como sempre já tinha desaparecido, deveria ser uma pessoa bastante ocupada, mas talvez até seja melhor assim, ao menos não me humilho mais caso ele tivesse a intenção de ficar, a sua presença ainda me causa alguns conflitos mentais. 

Após longos minutos de escolha, acabamos os dois por trazer uma enorme mistura de gelados, frutas e bolachas. Eram de fazer crescer água na boca. Assim que me viro quase esbarro com um corpo forte, ia pedir desculpa mas solto uma gargalhada junta a um revirar de olhos ao reparar que era ele. Mas como é que...?

- Desculpa, esqueci-me de trancar o carro. – informa. 

Ele não se cansa de ter este sorriso na cara o tempo todo? Acabo de pensar nisto e o seu ar torna-se impávido. Senti-me como se tivesse feito algo de errado apesar de nem ter aberto a boca.

- Acho que devias pedir para meterem caramelo liquido no teu gelado, fica sempre melhor. – soa a imprevisível voz do meu irmão com os olhos postos na alta figura à sua frente.

- Vou seguir o teu concelho. – volta a esboçar o mesmo sorriso mas de forma mais leve e eu decido direccionar Isaac até à mesa antes que o gelado derreta. 

Pouso ambos em cima da mesa para poder pegar nele ao colo para o sentar na alta cadeira. Como era de esperar ele sente-se bastante bem nestas mesas por o tornar mais alto. Antes que pudesse sentar-me ao seu lado, já o alto corpo do rapaz se faz notar perto de nós fazendo-me sem querer recuar um passo.

- Posso fazer-vos companhia? – pergunta inocentemente enquanto coça a parte de trás da cabeça. - É que bem, não há mais mesas. - informa e eu noto a veracidade disso ao olhar em meu redor.

- Sim! – responde a peste por mim. 

Mesmo não o conhecendo é óbvio que não iria recusar, principalmente após os acontecimentos sucedidos, apenas não percebo o porquê de ele nos querer fazer companhia. Ele olha-me como se esperando a confirmação e eu apenas lhe respondo com um sorriso, não sei mesmo porque me sinto tão incomodada ao seu lado. Talvez por ainda ter na ideia que ele me andava a seguir.

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