Sentia-me enterrada na almofada como se tivesse sido feita à minha medida. Os lençóis enrolados à volta dos meus braços e o meu corpo todo relaxado naquele macio colchão.
- Mana! – ouvi um alto e prolongando berro junto a um estrondo que me fez sentar na cama como uma mola.
O coração quase que me saltou da boca e senti-me completamente deslocada e perdida.
"Que dia é hoje? Onde estou? Que horas são?" Imensa coisa saltou à minha mente.
Estava num sono tão profundo que acordar desta forma me está a provocar um certo choque de noção, principalmente pelo barulho da porta a bater na parede ao ser aberta com aquele entusiasmo. Observei os pequenos caracóis loiros e saltitões de Isaac com os seus brilhantes olhos cinza direccionados para mim com um sorriso brincalhão nos lábios.
- Peste... - resmunguei de forma estranha com os despenteados cabelos a taparem-me a cara.
Ele saltitou até mim e apertou-me num abraço um pouco violento quase esganando-me o pescoço. Fiquei feliz de saber que eles já haviam voltado de casa dos avós.
- Levanta-te mana, vamos comer um gelado! – guinchou de forma demasiado alegre para as poucas horas da manhã que deveriam ser.
Beijei-o na testa e atirei-me para trás cheia de moleza. Mas quem é que ao pequeno-almoço quer comer um gelado? Esta criança era tal e qual eu. Com o meu irmão escarranchado na minha barriga conseguia ouvir a chuva a cair lá fora. Mais um dos infinitos dias gelados.
- Depois de almoço... - murmurei com a cara tapada pelos braços. A luz picava-me os olhos.
- Mas mana, eu já almocei, vá lá! – abana-me fazendo-me baixar os braços e choramingar.
O quê? Que horas são? Volto-me a levantar num ápice fazendo Isaac cair para trás no meio das minhas pernas e rir em gargalhadas. Estico-me para agarrar no meu telemóvel e vejo que já passa um pouco das duas da tarde. Ah Joey! Porque é que ele não me acordou! Dormir com ele fez com que eu dormisse como já não dormia à muito tempo, de tal forma que nem dei pelo tempo passar, estava demasiado tranquila e confortável.
Pego no meu irmão ao colo apenas com um braço enquanto ele me envolve com as pernas e dirijo-me à cozinha procurando por ele. A sua cabeça roda do sofá fazendo os seus cabelos abanar. Os seus olhos observam-me atentamente com um ar de satisfação. Sento Saac na parte de cima do sofá fazendo-o escorregar até se sentar ao seu lado. Reparo que ele estava a jogar qualquer coisa na televisão ainda no seu pijama.
- Porque é que não me acordas-te? – choramingo descontraindo os ombros.
- Digamos que nunca foste uma pessoa fácil de acordar. – ri dizendo a maior das verdades.
Acredito até que ele me tivesse chamado uma dúzia de vezes, dançado, posto música, saltado, feito uma festa, cantado, entre outras mil coisas. Fiz uma careta e deslizei também pela parte de cima do sofá até estar no seu colo enroscada em si dando-lhe um abraço daqueles em que me encaixo no seu pescoço como um bebé.
- Gosto muito de ti. – mimo sentindo-me preguiçosa ainda a pensar em como agi ontem e sinto o seu peito vibrar com o seu riso abafado.
- Vai levar o teu irmão a comer um gelado, vai... - brinca espreitando por cima de mim para continuar o jogo sem largar o comando.
Pouco esperto. Percebi logo que Saac já lhe deve ter pedinchado para o levar mas conhecendo Joey como conheço deve-o ter mandado pedinchar a mim. Dei-lhe um beijo demorado só para o impedir de ver o ecrã como forma de protesto mas fui obrigada a largá-lo e a levantar-me assim que os seus dedos me começaram a fazer cócegas, odiava porque tinha imensas, por norma nem ainda me estavam a tocar mas só de saber a intenção da pessoa já me faltava o ar.
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Fallen
ParanormalUm romance cheio de mistério, suspense, drama, criado principalmente para quem gosta de histórias emocionantes com fins imprevisíveis. "A sua única preocupação era conseguir ver o bonito sorriso dele a qualquer altura do seu dia. Haveria crianças ma...