DH entra e olha ao redor, avaliando tudo. Isadora ta parada no mesmo lugar, acaba de fechar a porta e eu ainda estou aqui, paralisado.
O homem que matou meu pai, o homem que cuidou da minha mulher, o homem que ja matou muitas pessoas, esta agora no meu apartamento, querendo conversar.
O que eu faço ?
- Pode se sentar. - Isa fala ríspida. DH a olha com dor.
Ele se senta na poltrona ao lado do sofa, Isa se senta no sofa maior e me olha. Eu finalmente consigo andar e vou ate ela, me sento e encaro aquele homem.
Eu nao sei, mas o olhando assim ele parece inofensivo, sem mostrar perigo algum. Assim ele é so... Um pai ferido. Sou humano, tenho compaixão, mas a ponta de raiva por esse assassino estar aqui nao passa.
Droga ele matou meu pai, um homem inocente. Meu heroi, porra.
- Bom...- DH começa. - Eu quero te pedir desculpas...
- Pelo o que ? Matar meus pais ? Me deixar órfã ? Mentir pra mim a vida inteira ? - Isa fala ríspida e baixo. DH arregala os olhos surpreso.
- Me deixa falar pequena...
- Ok. Mas nao me chame de pequena. Voce nao tem esse direito. - Fala um pouco mais calma. Ate eu estou surpreso. Eu no lugar dela estaria gritando, explodindo de raiva.
- Tudo bem.... - Fala cabisbaixo. - Bom acho que ja te contaram a historia de como conheci sua mae nao ? - Ela balança a cabeça concordando. Ela está calma, mas de alguma forma eu sei que esta se segurando. - Eu a amava, nunca tinha amado como amei ela. Eu queria ela pra mim. Queria muito. Mas ela... Ela nao me queria. E eu nunca a culpei, eu era ruim, mas mesmo assim.... Eu queria. - Ele olha Isa que o encara sem expressão. Suspira e olha pras mãos. - Quando soube que ela e seu p-pai. - Nessa hora ele fez uma cara de dor, desgosto. Isa fecha as mãos em punhos. - Eu fiquei com raiva, mas quando... Quando soube de voce... Eu... Fiquei maluco, porque era tudo oque eu queria. Uma familia... - Ele fecha os olhos como se tivesse lembrando de alguma coisa. - Eu queria uma familia como a deles. Uma família feliz, sem um passado de mortes... - Ele encara Isa que agora está com os olhos molhados. Seguro sua mao, porque mesmo depois de tudo que passei, ela sofreu mais, ainda sofre, e isso me quebra. - Quando descobri que eles iriam embora, eu nao queria. Era melhor ver sua mãe sorrindo com seu pai, mas perto de mim, do que nunca mais a ver. - Nesse momento eu vejo que ele a amava, mas um amor doentil. - Então... Entao eu mandei mexerem no carro, mas nao pra fazer algum acidente, mas para o carro nao funcionar. Eu nao estava pensando direito, estava com raiva, mas nao queria o mal de nenhum dos dois, da mulher que eu amava, e do meu melhor amigo... Mas... - Ele olhava pro nada, quando uma lagrima saiu de seus olhos. Isa aperta minha mae forte. - Mas ele se foram... Eu estranhei, nao era pra ter acontecido. Outro carro mas nao aquele, eu mandei estraga ele. Nao era pra ele dar partida, eu sei que nao funcionaria pra prender eles la, mas na época eu nao pensava direito. Nao mesmo. Quando o acidente aconteceu... E eu soube que eles...eles... eles morreram.... - Eu via dor em seus olhos. - Eu fiquei... Nao sei... Me perdi. Mas então eu soube que você nasceu, voce iria ficar com o pai da sua mãe, mas ele odiava o Felipe... Então eu peguei voce. Cuidei de voce como minha. De alguma forma eu me sentia culpado pelo acidente, me sentia responsável por você. - Ele encara Isa que esta chorando muito agora. Ela coloca a cabeça em meu peito, e soluça. Eu to abismado com tudo isso ainda. - Então cuidei de voce Isa. Dei o nome que sua mãe escolheu, vi voce crescer, te ensinei tudo. Mas conhecendo Roberta sabia que ela nao queria voce nessa vida, entao fiz voce estudar, ser alguém como ela. Ser alguém diferente de mim. Eu queria que voce tivesse um futuro que sua mãe sonhava pra você. - Isa nao falava nada, apenas olhava pro nada e chorava. - Lembra quando voce me pediu pra andar de bicicleta ? - Ele sorri de lado, como se tivesse vivendo aquele momento agora. - Voce andava e toda vez que caia corria pra mim e falava que nao queria mais, mas depois de 5 minutos estava la novamente, subindo na bicicleta e caindo. Ficamos assim por uma semana ate voce conseguir andar de um quarteirão pro outro sem cai. - Ele sorria e eu via nos olhos de Isa que de alguma forma ela se lembrava, eu via felicidade em seus olhos. - Voce sempre foi igual a ela, persistente. Sempre que queria alguma coisa ia ate o fim do mundo pra conseguir. Nao desistia ate conseguir. Eu sempre achei isso maravilhoso, porque de alguma forma eu via ela em voce. Eu sei que muitos acham que nao, que eu nao mudei, que eu nao me arrependi do aconteceu, mas sim, eu me arrependi, e muito. Todos os dias quando te olhava eu me arrependia. Eu de certa forma me sentia culpado por ter tirado sua familia, seus pais, ate mesmo me arrependia de amar sua mae. Meu Deus, como me arrependo de um dia ter amado ela. Nao pelo sentimento mas por ter machucado tantas pessoas por ele. Eu a queria, e nao media esforço pra ter ela. Ate mesmo perder meu melhor amigo. Mas ela era especial. Ela tinha o mesmo brilho nos olhos que você Isadora, a mesma alegria. O sorriso dela era igual o seu, contagiante. Iluminava o dia de qualquer um, os cabelos ruivos grandes, aqueles olhos brilhantes, tudo nela era lindo. - Isa o olhava surpresa. Os olhos dele brilhavam com cada palavra dita. O mesmo brilho que meus olham tinham quando falava de Isa. - Mas enfim.... Eu realmente nao sei o que aconteceu com o carro. Eu mandei mexerem, mas pra ele nao ligar. Nao mexi no freio, que foi o motivo do acidente. E sobre eu mentir pra voce... Eu tinha medo, medo de voce me odiar como agora. Eu iria te contar, mas com o tempo, eu comecei a te amar como uma filha, entao... Entao eu.... nao contei por medo.
Isa nao falava nada. Nao chorava mais também, apenas quieta, em silêncio.
Mas eu queria falar, queria saber o porque da morte do meu pai. Eu precisava... Pode ser egoísmo, mas cara meu pai morreu por culpa desse homem na minha frente.
E pelo fato dele ser um foragido, e estar aqui se explicando, mostra de alguma forma que ele a ama.
Estou tao confuso. Pelo oque ele falou ele nao matou ninguem. Mas... E se for mentira ? Se ele mentiu ? Mas... Nao sei.
- Meu pai.. - As palavras saiam sem eu notar. Isa e DH me olharam. Isa com compreensão e DH com confusão.
- O que tem seu pai garoto ? - DH pergunta confuso.
- Eu sei que nao é hora mas você esta aqui, e eu preciso saber. Meu pai foi morto no alemã. - DH agora me olha com atenção. - Por engano, eu acho. Ele foi ver um prédio perto do morro, e na mesma hora aconteceu uma invasão no morro. - DH parece querer se lembrar desse dia. - Ele levou um tiro na cabeça. - DH parece se lembrar e isso me da raiva. - Ele estava trabalhando e pelo o que eu descobri voce matou ele. - Falo em tom de acusação, DH me olha com compreensão e eu estou mais confuso ainda. - Ele era inocente, pai de familia, meu pai, meu herói. Honesto. Ajudava as pessoas sem querer nada em troca. Minha mãe quase se matou por sua causa, eu me a fundei em trabalho, e consegui me formar como policial, e em pouco tempo delegado. Uns dos delegados mais jovem da atualidade. Por sua culpa. - Ele me olhava com pesar. Ate mesmo com pena.
Lagrimas saiam de meus olhos sem permissão. Soluços baixos saiam de minha boca sem autorização. Sinto os pequenos braços de Isa em meu corpo, e isso me acalma, me relaxa. Ela é tudo o que preciso.
DH olha a cena e quando abre a boca eu tenho vontade de quebra a cara dele.
- Eu nao matei seu pai. - fala com firmeza.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Meu Grande Amor.
Romansa[Livro completo e sem revisão.] Vingança. Isso era o que corria em minhas veias. Eu precisava de vingança. Precisa ver DH preso. Pagando por cada crime. Por cada morte. Pela morte do meu pai. Meu heroi. Eu queria mais que qualquer coisa. Mas então...