Tris
Estava escuro dentro do guarda-roupa. Comecei a andar, na esperança de que ambos estivessem me seguindo, nos batemos algumas vezes, mas nada nos impedia de seguir em frente. O guarda-roupa não tinha fundo. Andávamos, andávamos, andávamos e não acabava. Andamos por bastante tempo.
- Estão todos aí? - perguntei.
- Sim - Thomas e Teresa responderam em uníssono.
- Alguém está enxergando algo.
- Não - ambos novamente.
Não acabava. Escuro, silencioso e assustador.
Gemi de dor. Havia batido minha testa em algo. Tateei minha frente e percebi que o teto estava abaixando.
- Está formando um tipo de funil. O teto vai descendo.
- Vamos seguir engatinhando - disse Thomas.
- E se não tiver saída? E se o teto e o chão se encontrarem? - perguntou Teresa.
- Nós voltamos por onde viemos - respondeu ele.
Agachei e fui engatinhando para a frente. Com minha mão direita, fui procurando o teto de vez em quando, para ver a que altura ele estava. Depois de um tempo, ele parecia não mais descer, havia estabilizado numa altura.
Há quanto tempo já estaríamos aqui? Não sei, só sei que comecei a avistar um pontinho de claridade em frente. Era pequeno, o que significava que ainda estava longe, mas era a saída.
- A saída! - disse, alegre.
Eles comemoraram atrás de mim.
A pequena luminosidade crescia cada vez mais. Eu queria ir mais rápido, mas não sabia o tamanho do túnel para poder me debater tanto.
Tudo estava bem, até que o túnel começou a tremer. Um terremoto começou do nada e eu caí de barriga no chão. O ponto de luz foi se distanciando, mas a luminosidade continuou a mesma, até aumentou um pouco porque eu pude ver melhor minhas mãos e o túnel. Ele era maior e mais largo do que eu imaginava. O teto estava mais alto do que da última vez que o tateei, deveria ter subido novamente.
O tremor só aumentava e eu ouvia os gritos de Teresa atrás de mim. Não estava mais aguentando aquilo. Eu tinha que chegar até a saída. O tremor me levantava do chão e me fez bater a cabeça muitas umas vezes. Estava com medo de quebrar algum osso.
Me forcei a me mover para a frente, mas não adiantava.
De repente, o tremor parou. Meu rosto encontrou o chão e eu recuperava o ar. Thomas surgiu ao meu lado.
- O que...foi...aquilo?! - estávamos esbaforidos.
Não consegui responder, ao mesmo tempo por não saber e por não ter fôlego.
- Aguenta continuar? - perguntei.
- Sim - ele respondeu.
Me esforcei para sentar. Ele se sentou também. O suor estava pingando de sua testa. Não acredito que aquele terremoto tenha nos destruído desse jeito.
Seus olhos então se voltaram para o chão e ficou o encarando. Eu segui seu olhar.
- Uma rachadura? - perguntei.
- Acho que não é apenas isso.
Me aproximei daquilo e não era mesmo uma simples rachadura. Havia várias rachaduras. E elas formavam letras.
- Parece... uma mensagem.
- O que está escrito, Tris?
Eu li:Uni ou Mor. LDEAT.
- O que isso signifi...
Teresa gritou e eu já entendi o porquê. Uma rajada de ar começou a nos puxar para mais longe da saída. Era como se existisse um enorme triturador lá atrás que nos atraía. Não sei o que tinha lá, mas sabia que não queria descobrir.
- Thomas! - gritei, não sei nem porque. Ele não poderia fazer nada para evitar isso.
Prendi meus dedos nas letras-rachaduras para evitar ser sugada. Thomas fez o mesmo e Teresa, que vi pelo canto de olho, estava segurando no tornozelo de Thomas. O vento parecia mais forte e meus dedos doíam de tanta força que fazia para segurar meu corpo. Se esse vento não parasse, não teria mais jeito e seríamos sugados para o buraco negro atrás de nós.
De repente, um corda surgiu na nossa frente. Ela veio da saída e chegou até nós como se tivesse sido jogada dentro de um poço, caindo em linha reta, indo contra as leis da gravidade, já que estávamos numa linha reta.
Tirei uma das mãos da rachadura para tentar alcançar a corda. Meu corpo estava sendo puxado para trás e meu braço tentava me levar para a frente. Sem sucesso. Eu não alcançava a corda, por mais que tentasse. O engraçado é que eu só precisava me esticar um pouco mais para alcançar, e não conseguia.
Já estava desistindo, quando uma mão, a de Thomas, segurou meu pulso e me forçou a ir mais pra cima.
Dessa vez, eu consegui.
Quando agarrei a corda, com Thomas preso ao meu pulso, ambos fomos puxados para a frente pela corda, longe do perigo.A luminosidade e o fim do túnel se aproximavam rapidamente.
De repente, fomos lançados para fora do túnel. Caí bruscamente no chão, o que fez meus braços, minhas pernas e meu rosto doerem ainda mais. As dobras dos meus dedos estavam clamando por socorro, mas pelo menos não sangravam.
Pelo menos, voltei para Chicago, pensei. Mas estava enganada.
Abri os olhos lentamente e estava cercada por uma floresta. Thomas estava caído no chão, tão detonado quanto eu. E Teresa...
- Thomas! - balancei seu corpo para acordá-lo. - Onde está Teresa?!
- O quê...? - ainda meio desacordado.
- Onde está Teresa?!
- Teresa... Teresa! - ele despertou rapidamente.
- Ela sumiu!
- Não é possível! Deve ter sido puxada conosco já que ela estava segurando meu...
Ele olhou para o tornozelo e se supreendeu. E eu também.
A barra de sua calça, onde Teresa antes segurava, estava rasgada.
- Você tem um tatuagem? - perguntei.
- Não!
- É porque tem uma coisa preta em seu tornozelo. E aquilo é uma tatuagem!
Fui até lá para ver. Estava escrito:Indivíduo não solicitado. LDEAT.
- O que significa isso?!
- Está na sua perna. Se você não sabe, eu vou saber?!
- Isso não importa agora. Teresa sumiu!
- Eu sei!
- Será que ela não ficou presa no... onde está o túnel?!
Ao redor, não havia nem um sinal do túnel por onde havíamos vindo.
- Ah! - me sentei aos pés de uma árvore. - O dia não pode ficar mais estranho?
- Corram! - uma voz gritou. Olhei para o lado e vi uma garota de trança correndo em nossa direção. O rosto dela demonstrava tanto pânico que apenas obedecemos e saímos correndo na direção que ela seguia.
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Sem Roteiro Nessa Guerra
RandomJá pensou se todos os seus personagens de suas sagas favoritas se juntassem em uma única história? Em Sem Roteiro Nessa Guerra foi o que aconteceu! Nessa emocionante história, Tris (Divergente), Thomas (Maze Runner), Katniss (Jogos Vorazes), Harry (...