Capítulo 27

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Tris

- Sejam muito bem-vindos à LDEAT! É uma grande honra recebê-los aqui! - nos saudou John, sentando-se na cadeira vazia à ponta da mesa.
- Então é você a mente brilhante por trás disso tudo? - disse Katniss, cruzando os braços.
- Exatamente, Srta. Everdeen! Espero que não queira me agredir por tê-la feito passar por tanto.
- Estou me esforçando muito para não fazer isso.
- Enfim, é muito bom poder ver cara a cara os indivíduos solicitados. Gostariam de conhecer um pouco a LDEAT? - ele perguntou, dando continuidade à conversa.
- O que significa LDEAT realmente? - perguntou Thomas.
John se voltou para os seis escritores e perguntou:
- Vocês ainda não contaram a eles?
- Não, estávamos esperando que você os contasse - respondeu Rick.
- Tudo bem então - John voltou-se novamente para nós, os indivíduos solicitados. - Vamos indo e eu vou explicando tudo no caminho.
Todos nós levantamos e seguimos John. Saímos pela mesma passagem por onde ele havia entrado na sala. Enquanto passávamos por um corredor igual ao outro que nos levou à sala de reuniões, John falava:
- LDEAT significa Liga dos Escritores A.T.
- A.T.? - questionou Harry. - O que significa A.T.?
- Aí vai de pessoa para pessoa, o que cada um acha que somos. Alguns dizem que significa Amados de Todos, outros dizem que é Ambiciosos e Talentosos, outros ainda nos chamam de Assassinos Tops...
- Assassinos?! - exclamou America.
- Acalme-se, Srta. Singer. Não somos assassinos de verdade, apenas literariamente e quando é necessário. O que importa é que: somos diferentes para cada leitor, cada pessoa nos vê de forma diferente e isso é o interessante.
- Mas por que A e T especificamente? - perguntou Percy.
- Precisávamos de duas letras essas foram as mais queridas entre os escritores durante a última votação para o nome. Mas continuando o que eu dizia anteriormente, a Liga foi fundada em 1860 por dois famosos escritores: Júlio Verne e Mark Twain. Na época deles, a Liga ainda se chamava Companhia da Escrita. Os dois pegaram seus próprios livros e coletaram outros de diversos autores, alguns até mais antigos que eles, como William Shakespeare e Luís de Camões, e montaram um grande acervo. A partir dali, começaram a fazer pesquisas sobre os exemplares e a pensarem em muitas coisas em relação aos livros. Com o passar do tempo, vários autores entraram para a organização, como George Orwell, Virginia Wolff, Pablo Neruda, Carlos Drummond de Andrade, e muitos outros. A organização cresceu e acabamos fundando inúmeras filiais da Liga ao redor do mundo, com a sede aqui em Nova York, onde foi fundada originalmente e onde estamos agora. Desenvolvemos várias técnicas de escrita e muitas outras tecnologias para aperfeiçoar e melhorar a vida tanto dos escritores, quanto dos leitores, quanto dos próprios personagens. E, depois de mais de 150 anos, temos a LDEAT de hoje!
John disse essa última frase, abrindo uma grande porta no final do corredor que revelou um lugar incrível.
Estávamos no andar mais alto do prédio, mas era possível ver tudo o que estava abaixo de nós dentro do prédio, graças à sacada que circulava todo o andar. Em todos os andares haviam salas com paredes e portas de vidro onde centenas de pessoas de jalecos circulavam, de homens à mulheres, de jovens à idosos, com pranchetas, livros, tablets e outras coisas que eu não sabia dizer o que eram nas mãos. Era simplismente fantástico o lugar, tão moderno e novo para mim que meu queixo estava caído. Todas as pessoas que passavam por nós, sorriam e nós cumprimentavam.
- Esses são os escritores, cada um fazendo o seu trabalho, sua produção, aperfeiçoando projetos e analisando casos. Temos vários setores aqui, desde de Setor de Formação da Ideia Original para histórias até Setor de Design para se fazer o design dos personagens e design de cenários, e vários setores de edições. Este é o andar de Edições, Aperfeiçoamentos e Testes. Aquela ali - John apontou para uma das salas. Nela havia uma mulher gorda e de cabelos vermelhos mexendo num computador. À sua frente, havia um tubo de vidro enorme que ia do teto ao chão onde estava um garota ruiva. Em poucos segundos, a garota pareceu desaparecer partícula por partícula. Fiquei chocada com a cena. - é a Sala de Transporte, onde personagens podem ser trazidos ao mundo real.
- Assim como nós? - perguntou Percy.
- Exatamente como vocês. Bom dia, Cassandra! - disse John à mulher gorda de cabelos vermelhos enquanto passávamos em frente à sala onde ela estava.
- Bom dia, John! - disse ela, acenando para ele.
Continuamos andando até pararmos em frente à outra sala onde um homem mais idoso, com uma grande barba branca e acima do peso, jogava alguns bonecos em uma espécie de caixa. Havia várias outras caixas no local além da que ele jogava seus bonecos.
- Aqui é a Zona de Morte. Quando um autor está escrevendo um livro e precisa matar algum personagem, ele pega seu modelo e o põe numa das caixas. Cada uma representa um tipo de morte: por envenenamento, fuzilamento, incineração etc.
- Isso é meio mórbido - disse Harry, em choque.
- Se o personagem for ruim, não é tanto assim. Bom dia, George! - disse John, saudando o homem de barba branca.
- Bom dia, John!
- Matando muitos por hoje?
- Só os de sempre.
- Então são vários.
- Numa guerra de tronos tudo pode acontecer, não é? - disse George, dando uma risada rouca ao final.
Continuamos a andar. John mostrou mais algumas salas para nós e explicou mais algumas coisas sobre a organização até chegarmos numa sala cujas paredes não eram de vidro. Era uma sala simples, como a de uma casa antiga. Havia cadeiras com braços de madeira e assento estofado, um sofá de tecido estampado e um tapete cheio de desenhos de flores. As paredes eram beges e o chão era de madeira escura. Havia uma lareira, uma mesa de madeira com vários trecos em cima e alguns quadros nas paredes.
John foi até a frente da lareira a fim de se esquentar um pouco, mesmo não estando tão frio. Eu, Thomas, Percy, Katniss, Harry e America continuamos em pé parados e Rick, Veronica, J.K., James, Suzanne e Kiera continuaram do lado de fora da sala. A porta ficou aberta, então eles poderiam ouvir tudo o que se passava dentro do cômodo.
- Tudo o que aconteceu com vocês foi necessário para nossos estudos. O teste foi um sucesso, vocês foram um sucesso! E agora que o teste de vocês está completo, podemos levar os resultados a público e acredito que em pouco tempo as discórdias vão cessar! É realmente ótimo! Muito obrigado! Muito obrigado mesmo a todos vocês! - disse John. - Estão prontos para voltar?
- Voltar? - perguntei, em dúvida.
- Sim, voltar. Voltar cada um para seu livro.
De repente o que eu mais temia aconteceu. Eu sabia que desde o começo o que eu mais queria era voltar para casa, para Chicago, para Divergente, mas agora... eu não queria mais. Agora que tinha a opção de realmente voltar bem na minha frente, eu não queria agarrar a oportunidade. Eu finalmente achei alguém que me ama de verdade, sem que alguém tenha escrito que ele precisava me amar, e achei amigos de verdade que se importam comigo, sem que alguém tenha dito que eles precisam se importar comigo, e eu não queria abrir mão de tudo isso de uma vez.
Nós seis nos entreolhamos, todos pensando as mesmas coisas. Os olhos de America já estavam ficando vermelhos e as lágrimas começavam a cair.
- Eu não quero voltar! - ela disse e caiu de joelhos no chão.
- Srta. Singer, é necessário... - John começou, mas ela o interrompeu, irada.
- Sem essa de "Srta. Singer"! Você não pode me obrigar a voltar! Olhe para tudo que já nos fez passar! Ainda tem coragem de causar mais estrago?!
- Por favor, Sr. Green, deve haver um jeito de evitar que isso aconteça - disse Thomas, mantendo a calma.
- Sr. Thomas, não há escolha. É necessário que vocês voltem. E, se pensarem bem, quando retornarem às origens, não se lembrarão de nada disso.
- E quem disse que eu quero esquecer? - disse Harry, enfrentando John. - Você nos fez passar por tudo aquilo para que nós criássemos uma ligação e para você mostrar ao mundo que podemos estar juntos e sem discórdias, mas agora quer desfazer tudo o que criou. Acha justo isso? Acha lógico isso?
- Ele está certo. Se você mesmo queria que isso acontecesse entre nós, por que quer destruir? E por que achou que nós aceitaríamos numa boa? - disse Percy.
- Está se achando o mais poderoso daqui a ponto de nós obrigar a fazer coisas que não queremos?! Acho que o senhor já fez isso até demais e eu não vou permitir que faça mais uma vez! - explodiu Katniss. Primeiro imaginei que ela iria espancar John Green, mas havia lágrimas em seus olhos, uma coisa difícil de se ver. Ela se deixou cair de joelhos no chão, assim como America.
- Vocês acham que... - John começou, mas foi interrompido novamente, dessa vez por Veronica:
- John, pode vir até aqui um instante?
Ele fechou os olhos e respirou fundo e se voltou mais uma vez para nós antes de sair pela porta do cômodo.
- Vocês tem 10 minutos para se despedirem.

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