Capítulo 3

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Tris

Caminhávamos pelos corredores do labirinto e eu conversava com Thomas, contando sobre minha vida em Chicago, sobre as facções e tudo mais. Minho permanecia quieto, nos guiando.
- Então é isso que existe do lado de fora? - ele perguntou.
- Eu me faço a mesma pergunta.
- Por que você veio parar aqui?
- Não faço ideia.
- Ah. De qualquer modo, acho que a sua vida lá era melhor que a nossa aqui...
- O que tem de tão ruim aqui?
- Tem algo pior do que estar preso num labirinto sem saída?
- Nasceram aqui?
- Viemos pra cá.
- Por que vocês vieram para cá?
- Não viemos porque queríamos. Na verdade, não sabemos quem nos trouxe pra cá nem o porquê. Só sabemos que todos os garotos que estão aqui, inclusive nós, num belo dia acordaram na caixa e surgiram aqui.
- Ah. Só tem garotos aqui?
- Sim. Ou quase.
- Como assim?
- Há alguns dias, chegou uma garota na caixa. E as coisas começaram a ficar estranhas.
- Acho que o fato de eu estar aqui é um desses fatores estranhos.
Antes que Thomas pudesse dizer qualquer outra coisa, Minho nos avisou que havíamos chegado na Clareira.
A Clareira era um grande campo, com algumas árvores, uma plantação e um prédio rústico no meio. Muitos garotos estavam espalhados pelo lugar e me encaravam. Eu não os julgava, era mesmo chocante eu estar lá. Minhas roupas eram extremamente diferentes e eu era uma garota. Eu queria entender porque eu estava lá, mas nada se passava pela minha cabeça.
Um garoto loiro veio correndo, e mancando, em nosso direção.
- Thomas, Minho! Que bom que chegaram! Quem é essa?... Enfim, não temos tempo pra isso!
- O que aconteceu, Newt? - perguntou Minho.
- É a garota. Ela acordou.

Aquele prédio rústico era a Sede e era lá que estávamos. Depois que Newt avisou para Thomas e Minho o que havia acontecido, eles saíram correndo até aqui e eu vim junto. Newt nos trouxe até um quarto onde tinha uma garota sentada numa cama. Ela estava estática e com uma cara pálida de morta. Um outro rapaz estava conversando com ela.
- Descobriu algo, Alby?
- O nome. Teresa. Mas ela não fala mais nada, apenas chama por ele.
O rapaz negro, Alby, apontou para Thomas. Depois, seus olhos se voltaram para mim.
- Outra?
- Ela não veio pela caixa.
Alby esfregou as mãos no rosto e depois disse ao meninos:
- Os três - ele apontou para a porta. - Agora.
E os quatro saíram.
Me sentei na cama ao lado à da garota e respirei fundo, enquanto a porta se fechava. Precisava pensar num jeito se voltar para casa.
- Você não veio pela caixa? - ela perguntou, sem se mexer. Sua voz parecia um sussurro.
- Não.
- Qual o seu nome?
- Tris.
- O meu é Teresa.
- Eu sei.
Eu não podia voltar pelo menos lugar que eu vim, já que ele não existe mais. Eu poderia tentar furar a parede ou...
- Thomas.
- Ele não está aqui.
Escalar os muros poderia...
- Thomas.
- Ele não está aqui, Teresa.
Seria muito complicado fazer isso, eu podia simplismente...
- Thomas.
- O que você tanto quer com ele?!
- Thomas. Sabe.
- Sabe o que?
- Thomas. Sabe. Saída.
- O quê?! Sério?! Como você sabe disso?!
- Não sei. Só sei.
Ela respirava com mais dificuldade.
- Você está bem? - perguntei.
- Pegue. Aquilo.
Ela apontou para algo que estava em cima de uma mesa num canto do pequeno cômodo que, pelo que me pareceu, era um tipo de enfermaria. Fui até lá. Peguei a pequena seringa e levei até ela, que se esforçava cada vez mais para respirar.
Entreguei a seringa a ela e ela enfiou a agulha na coxa. Fiquei impressionada porque ela pareceu não sentir dor ao enfiar a agulha na perna, porém me lembrei de que também já estava acostumada, só que no pescoço.
Depois que o líquido da seringa se foi por completo, Teresa já respirava melhor e sua pele ganhou mais cor, mais vida e pareceu mais quente.
- Muito melhor assim - ela disse.
- O que era isso? - apontei para a seringa. Ela retirou-a da perna.
- Não sei.
- Então como sabia que aquilo ia te ajudar a melhorar?
- Do mesmo jeito que sei o que Thomas sabe.
- Sem saber.
- Exato - ela parecia mais animada do que antes.
- Você tem poderes ou algo assim?
- Não - ela deu uma pequena risada. - Apenas sinto, sabe?
- Então Thomas sabe mesmo como sair daqui?
- Eu acho que sim.
Me levantei rapidamente e fui em direção à porta.
- Onde você vai?
- Encontrar Thomas.
Abri a porta e saí. Notei Teresa logo atrás de mim. Não havia ninguém no andar e todas as portas das outras salas estavam fechadas. Eles deviam estar em algum lugar. Me concentrei para tentar ouvir algum resquício de som.
- ...planejamento a seguir...
O som veio da minha direita, então virei para lá e comecei a andar lentamente, prestando atenção em tudo. O som ficava mais alto e identifiquei onde os garotos estavam.
Fui pisando forte até uma sala no canto do andar e cheguei abrindo a porta. Oito olhos se fixaram em mim.
- Thomas, você sabe sair do labirinto, não sabe?
- O que você pensa que... - Alby me repreendeu, mas eu o repreendi com um olhar raivoso e um "shiu".
- Sabe ou não sabe?
- Bem, na verdade, eu imagino que... - começou ele.
- Sabe ou não sabe?
Ele olhou para Minho, como se estivesse pedindo permissão, e, depois da aprovação dele, se voltou novamente para mim e disse:
- Sim. Mas a situação é meio complicada.

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