Capítulo 7

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Katniss

Eu havia me oferecido no lugar da minha irmã, eu era um tributo. Tris e Thomas eram apenas duas pessoas que surgiram do nada e precisavam voltar para casa, e Peeta era alguém que eu devia proteger nesses Jogos. Eu podia morrer ali.
Fui até a entrada da caverna e puxei levemente a cortina de musgo que a cobria. Não havia nenhum pé de alguém ou arma do lado de fora. Saí com o arco posicionado para caso precisasse atirar.
No chão havia um paraquedas. Haymitch havia mandado algo para nós ajudar, como já fizera outras vezes, mandando aquela pomada milagrosa. Porém, antes que pudesse pegá-lo do chão, senti uma forte pancada nas minhas costas, o que me faz cair no chão cheio de pedaços de pau e folhas. Não foi totalmente confortável.
Rolei e fiquei de barriga para cima novamente. Marvel, um dos Carreiristas, estava se aproximando de mim com uma grande faca na mão.
- Acabou pra você, Distrito 12.
- Por que não me mata de uma vez? É mais rápido do que ficar fazendo essa cena.
Me levantei novamente.
- É mais divertido lutar um pouco com a presa antes de destruí-la.
Com uma das mãos ele segurava o facão e com a outra desferiu um soco em meu rosto. Ele levantou o facão e comecei a recuar, apenas pegando distância para poder atirar melhor. Ele foi se aproximando mais de mim e, depois de sua tentativa de me amedrontar, começou a correr e eu fugi dele. Marvel poderia jogar aquela faca e me atingir a qualquer momento, mas não o fazia.
Tropecei numa raiz e dei uma cambalhota. Quando consegui me levantar, Marvel estava mais perto e a lâmina de sua arma raspou em minha perna. Gemi de dor. O ferimento ardeu muito e, provavelmente, havia sangue, mas não parei de correr. Preparei o arco e lancei uma flecha em sua direção, mas ela passou de raspão em seu ombro.
Fui em direção a uma árvore. Escalei-a, mesmo com muita dor na panturrilha gracas ao corte. Imaginava que lá em cima teria uma proteção e uma visão melhor do que antes. Mas não esperava que Marvel também soubesse escalar árvores. Já em cima, com ele subindo, eu não tinha mais como sair dali. Era um beco sem saída.
Me posicionei em um galho, quando Marvel se aproximou, me olhou nos olhos com um olhar meio robótico e disse com uma voz grave e mecânica misturada com a voz dele:
- Começou, 12. LDEAT.
- O quê?!
Ele não respondeu. Senti um ar gélido entrar pelas minhas narinas, como se inalasse algo, mas não havia vento. Depois disso, Marvel apenas levantou a mão com o facão e cortou o galho em que eu estava e este foi ao chão.

Tris

- Katniss já está demorando demais. Eu vou lá ver.
- Não, Peeta! - eu disse. - E se ela estiver encrencada? Ela não deixaria você ir lá e acabar se dando mal também.
- Eu sei, mas e se algo de ruim realmente aconteceu?! - exclamou Peeta, desesperado.
- Ou pior... ela ter morrido.
- Thomas, não piore as coisas! - eu o repreendi.
- Desculpe. Mas é uma possibilidade.
- Eu sei - disse Peeta. Ele afundou a cabeça entre as mãos e ia chorar se não fosse pelo som que surgiu da direção do buraco de entrada e saída da caverna.
Peguei minha faca e me posicionei para atacar. Thomas fez o mesmo, só que sem a faca. Alguém poderia ter descoberto nosso esconderijo e tínhamos que estar preparados.
A caverna estava escura e não víamos nada. Ouvi algo cair do buraco, provavelmente foi o som dos pés de alguém encontrando o chão. Ouvi o som dos passos vindo em nossa direção e eles pareciam se aproximar cada vez mais. Eu ia atacar o invasor se não fosse pela luz de um fósforo que iluminou seu rosto.
- Katniss! - Peeta gritou e foi rapidamente em sua direção. Se estava ferido antes, agora não mais mostrava isso. Eu suspirei de alívio. - Você está bem! Por que demorou tanto?
- Tive uns pequenos imprevistos.
Katniss encostou o fósforo na vela e ela acendeu iluminando novamente o ambiente.
- Sua perna está sangrando. Muito! - eu disse.
- Isso não é nada - ela disse. Sentou-se e pegou um pote que estava ao lado da cama improvisada de Peeta. Ela o abriu e dentro dele havia uma espécie de pomada, que ela esfregou no corte da perna. - O que importa é isso.
Ela levantou um pote preso a um parquedas.
- Haymitch nos mandou isso? -perguntou Peeta.
- Imagino que sim. Caiu em frente ao nosso enconderijo.
Peeta enfachou sua perna ferida enquanto Katniss abria o pote do paraquedas. Seus olhos se arregalaram.
- Não tem nada aqui. Só um envelope.
Peeta tirou do pote um envelope fechado por um selo vermelho com um H desenhado nele. Ele abriu o envelope e tirou de dentro um papel menor.
- Isso não é de Haymitch.
- Deixe-me ver isso - Katniss tirou o papel das mãos de Peeta.
- Deve ser de outro tributo, Katniss.
- Não, não é.
- Como tem tanta certeza?
- O nome que assinou esta carta não é de nenhum dos mentores dos outros.
- O que está escrito? - Thomas perguntou.
Ela leu:

Escola de Magia e Bruxaria de Hogwarts

Embarque imediato.
LDEAT.

- Embarcar on...
Antes que Thomas completasse sua pergunta, um apito de trem soou alto e fez a caverna tremer. Tampei os ouvidos com as mãos para abafar o som. De repente, uma luz começou a surgir de um canto mais escuro da caverna. A luz cresceu e cresceu até parar. Quando parou, o apito também parou e pude ver a coisa mais estranha desde que saí de Chicago hoje de manhã (pelo menos, eu acho que era hoje de manhã já que havia perdido a noção do tempo):
- Um trem?! - gritei.
- De onde ele surgiu?! Aqui é uma caverna, não um túnel! - exclamou Katniss.
- E ali tinha uma parede! - disse Peeta.
O trem era vermelho e preto e na frente lia-se Hogwarts Express 5972. Ao ler esse nome, lembrei-me da carta do paraquedas e peguei o papel de Katniss.
- Bem, acho que devemos embarcar.

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