Capítulo 21

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Harry

Aquelas correntes apertavam meu tronco, quase me impedindo de respirar. Até então, elas estavam suspensas no ar, mas aí começaram a descer em direção ao óleo fervente, levando a mim e a América para baixo lentamente.
Depois de descobrir que todos, exceto Percy, haviam tido o mesmo sonho, eu não ouvi mais nada (se é que alguém disse algo depois disso). Mas, vendo que não teria mais nenhuma chance, resolvi tomar coragem e fazer o que eu já devia ter feito antes...
- America, acho que a gente vai morrer...
- Você acha?!
Acho que não comecei muito bem.
- America, eu só quero dizer que...
- Fale logo! - ela estava irritada e se debatia o tempo todo.
- America, eu te amo.
Ela parou de se debater.
- O quê?
- Eu te amo.
- Desde quando?
- Sabe quando você desceu daquela árvore no bosque de Illéa?
- Sei.
- Desde lá.
- É sério?
Não sei se estava vermelho, mas sei que estava quente (na verdade, o lugar em que estavamos estava muiti quente então a vergonha só aumentou o calor). Era óbvio que ela não sentia o mesmo. Ela gostava de Percy, era notável isso. Mas, pelo menos, eu havia falado.
Eu queria chorar ali mesmo. Eu era um idiota. E iria morrer.
Então eu senti seus dedos macios se entrelaçarem com os meus. Aquilo me acalmou.
- Você é um fofo - ela sussurrou, acho que mais para si mesma ouvir do que para eu ouvir.
Eu fechei os olhos. Se eu morresse, eu morreria feliz com ela ao meu lado.

Katniss

- Jackson, faça alguma coisa!
- Você acha que se eu pudesse fazer, algo já não o teria feito?!
- Essas cobras vão nos picar até a morte!
- Eu sei disso, Katniss!
Até agora as cobras eram de um tamanho normal, silvando e mostrando suas línguas pontiagudas para nós, mas eram muitas. Agora, elas estavam crescendo e, em pouco tempo, eu e Percy não caberíamos mais na gaiola com elas. Eu usava minhas flechas para acertá-las, mas isso de nada adiantava. Ou seríamos picados quando seus dentes peçonhentos nos alcançassem ou seríamos devorados ou esmagados por elas. A ideia de "União ou Morte" nesse momento não adiantava, já que todos estávamos sem chance de escapar. E isso não era nada bom.

Tris

Meu corpo já estava em contato com as pontas das chamas. Meu corpo já doía demais e aquelas queimaduras se formando apenas piorava a dor. Adeus, mãe. Adeus, pai. Adeus, amigos. Adeus, Thomas. Aquela era a minha hora, não tinha mais jeito...
Se não fosse pela tábua parar drasticamente e começar a voltar para a sua posição original.
Fiquei embasbacada quando vi Thomas puxando a tábua para cima. Ele havia se soltado daquelas correntes de alguma forma e agora usava toda a sua força existente e não existente para me salvar!
- Thomas, como fez isso?! - eu gritei, também usando toda a minha força que restava.
Ele fez a parte de trás da tábua encostar no chão, me deitando. Aquele movimento quebrou o mecanismo que movimentava a tábua. Não acreditava que Thomas era tão forte assim.
- Eu também não sei! - ele disse. Parecia cansado demais. - Quando eu te vi quase sendo queimada viva e olhei em volta e vi os outros, eu me senti pior do que já estava. Então simplismente puxei as correntes para baixo, o que eu já tinha feito milhares de vezes, e elas se soltaram de onde estavam presas lá em cima. E aí eu corri pra cá e puxei isso e...
- E eu adoraria ouvir mais a sua história, mas isso seria melhor se eu saísse daqui.
- Ah, sim! - ele pegou minha faca, que ainda estava na minha bota, e cortou as amarras que prendiam minhas mãos e meus pés. Eu achava que aquilo era feito de algum tipo de metal super forfe e que seria muito difícil destruí-las, mas uma faquinha conseguiu cortá - las como se cortasse uma linha de costura.
Quando me levantei, meu corpo ainda doía muito e, mesmo já longe do fogo, ainda sentia calor. Meus braços e pernas não tinham forças e as queimaduras ardiam. O suor escorria do rosto de Thomas. Me levantei rapidamente e isso me deixou tonta, me fazendo quase cair no chão, mas ele me segurou.
- Você está bem?
- Sim. Obrigada. Vamos, temos que ajudar os outros.

Sem Roteiro Nessa Guerra Onde histórias criam vida. Descubra agora