Tris
A porta se abriu de repente.
Achávamos que John iria aparecer ali, já estávamos preparados para isso, mas quem abriu a porta foi Rick, com os outros cinco autores logo atrás. Ao que parecia, não havia nenhum sinal de John Green.
Nem Rick nem os outros estavam esperando encontrar seis adolescentes com suas armas apontadas para a porta, então foram surpreendidos ao nos encontrar em posição de ataque. Thomas havia aceso novamente nossa esperança com aquele pequeno discurso. Tínhamos que mostrar quem éramos àquelas pessoas e era isso que íriamos fazer.
- Esperem, não vamos fazer nada com vocês - disse Rick, erguendo as mãos em sinal de rendição.
- Não queremos voltar - disse Katniss, com seu arco apontado diretamente para o rosto de Rick.
- Eu sei que não. E não vão.
Abaixei minha faca, confusa. Os outros fizeram o mesmo com suas respectivas armas.
- O quê? - perguntei.
- Por favor, crianças, sentem-se.
Rick foi em direção às cadeiras estofadas no centro da sala e sentou-se numa delas. Veronica sentou-se na outra, ao lado de Rick. J.K., Suzanne, James e Kiera permaneceram em pé atrás de ambos. Eu, Thomas, Katniss e America nos sentamos no sofá em frente à eles, com Harry e Percy em pé atrás do sofá.
- Os ideiais de John Green pensados para realizar o teste com vocês eram bons. O motivo era aparente, o processo era genial, mas o meio de finalização que ele havia mentalizado era totalmente ilógico. Nós não podíamos permitir que, depois de tudo, vocês se separassem.
- Sabemos que, se voltassem para seus livros, esqueceriam por completo de tudo o que ocorreu, mas nos colocamos no lugar de vocês - disse Veronica. - Muitas coisas que aconteceram, as coisas ruins, talvez eu gostaria de esquecer, mas não gostaria de me esquecer das coisas tão boas que também aconteceram.
Acho que não quero esquecer nem as coisas ruins, pensei.
- Admito que não esperávamos que a relação entre vocês se tornasse tão forte quando se tornou, mas sempre soubemos que não seria uma relação de apenas conhecidos - disse Rick.
- Aliás esse era o intuito do experimento desde o princípio - disse Kiera. - Queríamos que soubessem também que nunca concordamos com essa parte final do plano de John Green e ele sabia disso, mas persistiu em achar que era o certo a se fazer. Ele acabou perdendo o controle.
- Saibam que já preparamos tudo para vocês e garantimos que John não mais os incomodará - disse J.K. - Vocês não podem ficar aqui no mundo real, podem até desaparecer se ficarem por tempo demais, mas temos uma proposta que talvez possa interessá-los.
- Qual seria essa proposta? - perguntou Thomas.
- Crianças, o que vocês acham de ter um livro só para vocês? - perguntou Rick.
Aquilo me pegou de surpresa.
- Você quer dizer um livro só nosso, onde nós poderíamos ficar juntos? - perguntei.
- Onde possamos viver nossas próprias histórias? - perguntou Percy, completando minha fala.
- Sim! - disse Suzanne. - Essa é uma proposta única, aberta exclusivamente para vocês. Tivemos que discutir o caso com muitos outros escritores, com o próprio Conselho e Diretoria da LDEAT para conseguir a aprovação da ideia e todos eles concordaram. Sabem como são os escritores, sempre sensíveis e comovidos com histórias como as suas - na verdade, eu não sabia, mas não discuti. Tudo aquilo ainda era muito novo para mim.
- Nós aceitamos! - exclamou America.
- Com uma condição - intervi.
- E qual seria, Tris? - perguntou Rick.
- Que nós tenhamos o total controle sobre nossos atos e pensamentos nesse novo livro. Não quero mais ser controlada por ninguém.
- Entendo. Você é divergente, ninguém pode te controlar - disse Veronica, com um sorriso no canto da boca. - Mas...
Veronica olhou para os outros cinco escritores e eles tiverem uma curta conversa entre olhares para decidir a condição. Eu sabia que poderia ser uma coisa impossível de conseguir, mas era isso que eu precisava. Eu precisava de um pouco de liberdade para decidir o que fazer daqui para a frente.
Thomas entrelaçou seus dedos nos meus e apertou minha mão. Mesmo sem dizer uma palavra, pude sentir que ele estava tão tenso quanto eu para saber qual seria a resposta à condição apresentada.
Por fim, depois de discussões telepáticas, Rick assentiu e Veronica sorriu ao voltar-se novamente para mim.
- Condição aceita.
Soltei o ar, aliviada e feliz. Thomas apertou mais uma vez minha mão e aquilo me deixou mais calma.
- Vocês entrarão no Livro Vazio, a base inicial de todo livro que as faz - explicou James. - Ele será armazenado no acervo da LDEAT, mas não será apresentado ao público. A história dos seis estará permanentememte guardada aqui, apenas sob nosso conhecimento.
- E o que vai acontecer com os nossos livros originais? - perguntou Harry.
- Eles continuarão a existir. Também já sabemos o que fazer em relação a eles. É um longo e relativamente complicado o processo, não precisam se preocupar com isso - disse Kiera. - Está tudo correndo conforme deve ser.
Não pude deixar de esboçar um sorriso. Tínhamos conseguido. Tudo pelo que lutamos, valeu a pena. Não podia acreditar, finalmente tinha conseguido a liberdade e a possibilidade de estar para sempre com quem eu amo.
- Prontos para ir? - perguntou J.K., com um sorriso enorme no rosto. Todos os autores mantinham sorrisos radiantes em seus rostos.
- Mas é claro que sim! - exclamou America, com seu ânimo de todas as horas retomado.
- Ótimo! - exclamou Kiera, tão animada quanto America. Tal mãe, tal filha. - Veronica e James, vocês podem ir preparando as coisas para o transporte?
- É claro - disse Veronica, se pondo em pé. - Vamos, Dashner?
- Estou bem atrás de você, Roth!
- Suzanne, você e J.K. podem arrumar algo para nossos queridos comerem?
- Finalmente chegou a hora! - comemorou Suzanne, dando uma risada em seguida.
- Vamos, Suzy! - disse J.K., rindo também.
- Rick, vamos terminar de ver o que precisamos ver e acertar os últimos detalhes para a partida deles, tudo bem?
- Claro.
- Assim que estiverem prontos, nos encontrem na Sala de Transportes, crianças - disse Kiera por fim. Logo, os últimos dois escritores que restavam no cômodo saíram e fecharam a porta. Assim que isso aconteceu, America começou a pular de alegria.
- Não posso acreditar! - exclamou.
- Nem eu! - disse eu.
America veio correndo me abraçar e eu retribuí o gesto. Em cima de nosso abraço, veio Thomas envolver a nós duas em seus braços, seguido por Harry e Percy. Apenas Katniss, se fazendo de durona, não estava no abraço coletivo.
- Vem, Katniss, eu sei que você quer vir aqui! - disse Thomas.
- Estou bem e estou muito feliz por isso estar acontecendo! - disse ela. - Mas podem aproveitar esse momento meloso entre vocês.
- Ah, mas você vem, sim! - disse Percy, se desvincilhando do abraço e correndo até Katniss. Ele a levantou pela cintura para trazê-la até o nosso círculo.
- Não, Jackson! Pare com isso agora!
- Eu sei que você quer entrar no abraço!
- Eu te odeio!
- Eu sei!
Ele a colocou no chão bem no meio de nós e a envolvemos no abraço. De primeira, ela tentou sair dali, mas acabou cedendo e se deixando envolver.
- Eu amo vocês, gente - disse ela, por fim. - Mas já está bom de abraço.
Ela saou do meio do abraço e rodoa nos soltamos dele. Ficamos nos olhando por mais um instante. Estávamos sorrindo e felizes com o que estava acontecendo. Eu não sabia exatamente como reagir a tudo isso, eu só queria que chegássemos logo ao nosso novo livro para que eu pudesse continuar aproveitando cada segundo ao lado deles.
- Prontos para ir? - perguntou Harry.
Assentimos e saímos pela porta, seguindo para o nosso futuro.
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Sem Roteiro Nessa Guerra
RandomJá pensou se todos os seus personagens de suas sagas favoritas se juntassem em uma única história? Em Sem Roteiro Nessa Guerra foi o que aconteceu! Nessa emocionante história, Tris (Divergente), Thomas (Maze Runner), Katniss (Jogos Vorazes), Harry (...