Capítulo 10

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Tris

Nosso vagão quebrado continuou seguindo em direção ao castelo. O cansaço me consumia e eu sentia uma dor latejante quando tentava dobrar os dedos. Agora que não corria mais o risco de cair em direção à morte, notei o quanto minhas mãos estavam detonadas: as dobras dos meu dedos estavam sangrando. Cortei pedaços de tecido de minha blusa e Thomas ofereceu também pedacos da calça dele.
- Corte onde já está rasgado mesmo - ele disse e cortei tiras onde antes Teresa havia o havia segurado. Logo, ele me ajudou a enfaixar os lugares onde sangrava.
Quando terminou seu serviço médico, Thomas foi para um sofá. Cada um de nós estava deitado um em um sofá, tentando recuperar as energias.
- Ele se foi - gemeu Katniss.
- Sinto muito - eu disse.
- Eu devia tê-lo protegido...
- Eu não aguento mais isso - eu disse. - Quero ir pra casa.
- Tris, você sabe que talvez o único jeito de voltar pra casa seja indo pelo caminho que estamos seguindo...
- Eu sei, Thomas, mas é que... estou cansada de tudo isso. Já se passou... - tentei pensar, mas não sabia quanto tempo havia se passado desde que saí de Chicago. - algum tempo e eu já quase morri muitas vezes nessa tentativa de voltar pra casa. Talvez nem consigamos voltar pra casa...
- Não diga isso, Tris...
- Thomas, é a verdade. Admita. Teresa sumiu e agora, Peeta. Estamos indo por um caminho sem saber onde vamos chegar na esperança de algo que talvez nunca aconteça! Não sabemos nada do que está acontecendo com nós mesmos!
- Só sei de uma coisa - disse Katniss, enxugando as lágrimas e assumindo sua postura forte de antes. - quem quer que seja que esteja fazendo isso conosco, vai sofrer sérias consequências.
O trem parou. Havíamos chegado em Hogwarts.

Dentro do castelo não havia ninguém. Por ser uma escola, imaginei que os alunos estivessem em aula. Mas a calmaria durou pouco tempo.
De um corredor, surgiram correndo inúmeros alunos que pareciam desesperados. Fui atropelada pela multidão. Katniss chamou minha atenção e apontou para uma porta de uma sala que estava aberta. Fomos os três na contramão da aglomeração de alunos até aquela sala. Entramos no cômodo escuro e fechamos a porta.
- O que foi isso?! - disse eu.
- Hora do recreio? - disse Katniss.
- Garanto que aquele tumulto não tem nada a ver com o recreio.
A porta da sala se abriu e um garoto surgiu. Ele fechou a porta rapidamente e ficou encostado nela. Ele segurava uma espécie de graveto com uma luz na ponta, que iluminava um pouco mais o ambiente. Mesmo assim, ele não pareceu notar nossa presença.
Me aproximei dele, mas ele não me viu, estava concentrado a porta, com a orelha encostada na madeira, como se quisesse saber algo.
- Quem é você? - eu perguntei e ele deu um grito de susto. O garoto virou o graveto iluminado em nossa direção e finamente notou nossa presença lá. Ele tinha cabelos castanhos escuros, usava óculos redondos e tinha uma cicatriz na testa.
- Quem são vocês?
- Tris.
- Thomas.
- Katniss.
- E você?
- Harry. Harry Potter. Como vocês apareceram aqui? Essa sala sempre está vazia e, pelo que eu vi, vocês não estudam aqui.
- Acho que somos de bem longe daqui - disse Katniss.
- Tem tempo para uma história longa? - perguntou Thomas.
- Deixe-me ver - ele encostou novamente a orelha na porta. Depois de um tempo, se afastou dela novamente. - Acho que temos um pouco de tempo.

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