Capítulo 17

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Tris

O calor crescia e o suor escorria por todo o meu corpo. Aquele momento lembrava meu sonho, mas o que acontecia no sonho era muito pior do que o que acontecia ali. Mesmo assim, precisávamos fazer algo para escapar.
Nós cinco estávamos concentrados no centro da caverna para nos proteger do fogo.
- Nós vamos morrer! - gritou America. Os cabelos dela soltos pareciam as chamas.
- Não vamos! - o calor absurdo já estava me deixando tonta. - Alguém faça alguma coisa!
O fogo já estava no teto e começava a canção para frente, em direção ao centro da caverna, ou seja, em nossa direção.
- Eu... eu sei o que fazer! - disse Harry. Ele pegou sua varinha, disse umas palavras esquisitas de novo e levantou-a. Da ponta, saiu um tipo de campo de força roxo que nos cobriu e que, imagino, nos protegeria do fogo. Ele protegeu. Por algum tempo.
O fogo se aproximava e alcançava o campo de força. As chamas, de início, ficaram barradas, mas depois começaram a invadir o campo de força. Harry estava fazendo muito esforço para manter nossa bolha de proteção em pé e sua expressão demonstrava isso. Ele não ia aguentar sozinho.
Não sabia se ia funcionar, mas peguei minha faca na minha bota, sem dobrar os dedos que ainda doíam muito se eu fizesse isso. Levantei a faca, firmada pelas pontas do meu indicador e do meu polegar, e encostei a ponta dela na da varinha de Harry. E funcionou.
Quando encostei, foi como se o campo de força fosse revestido por mais uma camada e isso barrou mais as chamas e aumentou nossa proteção.
Agora eu sentia o que Harry sentia. Era uma sensação horrível. Era um esforço absurdo que consumia todas as minhas forças. Se continuasse assim, eu não conseguiria segurar a faca com a ponta dos dedos por muito mais tempo. Acho que Thomas notou isso porque sua mão surgiu e agarrou o cabo da minha faca, para firmar, e, nessa mesma hora, soltei q faca. Minha mão foi parar no seu pulso e, apesar de não mais segurar o campo de força diretamente, o cansaço ainda era extremo.
Katniss pegou uma de sua flechas e encostou a ponta com as outras duas pontas, a da varinha e a da faca, e uma terceira camada do campo de força se formou. Estava dando certo. O calor ainda persistia, mas já estava melhorando.
America pegou um de seus grampos, que ela havia prendido no vestido para não perder, e fez o mesmo: encostou a ponta com as pontas. Uma quarta camada surgiu. O fogo ficou barrado para fora de nossa bolha e, depois de um tempo, ele cessou por completo de uma vez só.
Harry abaixou as varinha e o campo de força sumiu. O cansaço tomou conta de todos. O suor grudou no meu corpo todo e eu caí no chão, sem forças.
- Obrigado - disse Harry.
Já recuperava o fôlego, porém, antes que pudéssemos descansar mais, começamos a cair.

Foi como se o chão da caverna tivesse sumido e estivéssemos caindo num poço sem fundo. Ouvia gritos, mas não via ninguém. Ficamos tanto tempo caindo que, depois de um tempo, os gritos até pararam e apenas sentia o vento batendo contra o meu corpo enquanto íamos para baixo nesse poço sem fundo.
Depois de mais um bom tempo caindo no nada, parei. Foi como quando chegamos em Illéa: caí com tudo no chão de um lugar desconhecido. Porém dessa vez não estávamos em um bosque.
Me levantei, agora com grande parte da minha força recuperada, e vi que estava em um grande quarto com beliches.
Ouvi atrás de mim coisas batendo contra o chão e já sabia que se tratavam de Thomas, Katniss, Harry e America.
- Por que eu sou sempre a almofada? - disse Thomas.
- Por que você amortece bem a queda - disse Katniss, rindo.
- Nossa, esse lugar é bem melhor que os outros - eu estava impressionada. - Tem até camas!
Thomas se jogou numa das camas de baixo de um dos beliches.
- É tão bom deitar em alguma coisa confortável! - ele disse, com a voz abafada pelo colchão, e nós rimos.
Não tinha muita coisa no quarto, apenas alguns beliches, uma banheira (que eu acho que deveria ficar no banheiro) e coisas desse tipo. Ao lado se um dos beliches havia um escudo cheio de desenhos e uma espécie de chifre de animal gigante. Thomas se levantou na hora que alguém abriu a porta.
Era um garoto usando uma camiseta laranja com a escrita Acampamento Meio-Sangue e um desenho de um meio homem meio cavalo. Seus cabelos eram negros e seus olhos eram verdes e lembravam o oceano. Ele ficou surpreso ao nos ver.

Sem Roteiro Nessa Guerra Onde histórias criam vida. Descubra agora