America
- Harry, já estamos muito perto do óleo - minha voz já estava embargada por causa do choro. Eu não queria morrer assim. Na verdade, eu não queria morrer, mas assim era muito pior! Ainda mais depois de ouvir o que Harry sentia por mim. Como eu era idiota! Eu não havia notado isso até aquele momento. E finalmente percebi o quanto ele tinha sido fofo e legal comigo. Quando estavamos na caverna em Illéa e eu fiquei de vigia junto com ele, quase não conversamos, mas, quando ele conseguia falar alguma coisa (e agora eu entendia por que ele não conseguia falar quando estava em minha presença), ele me dizia coisas bonitas. Eu tinha tentado chamar a atenção de um cara que nem ligava pra mim enquanto tinha um que já me notava muito antes. Aquilo era um sofrimento ainda maior do que o calor absurdo desse lugar. E agora eu iria morrer pensando nisso!
- America, acho que tem um jeito de nós sobrevivermos. Pelo menos, por mais alguns minutos... - disse Harry.
- Qual é o jeito?!
- O poço de óleo não é tão largo e tem um degrau em volta dele, como uma borda que impede o líquido de transbordar. Se nós conseguirmos forçar os pés para a frente, acho que dá pra alcançar essa borda e ficariamos apoiados lá por mais algum tempo.
- Bem, não custa nada tentar, não é?
Antes que meus pés se encontrassem com o líquido fervente, estiquei-os, forçando-os para a frente, assim como Harry havia dito, e ele fez o mesmo. Alcancei a borda e travei meus calcanhares no degrau que cercava o poço. Ficamos apoiados pelas costas um no outro e o esforço que eu estava fazendo nas pernas para me manter parada ali naquela posição era tremendo. Pelo menos, nós havíamos parado de descer.
- Deu certo, Harry! - eu disse, emocionada. Ainda conseguiria sobreviver por mais algum tempo!
- Ótimo, mas... como saímos daqui agora?Harry
- Harry! - Thomas gritou.
- America! - Tris gritou ao mesmo tempo. Ambos estavam vindo correndo em nossa direção. Fiquei feliz ao ver que estavam vivos, apesar de aparentarem estar bem cansados. Tris parecia que iria desmaiar a qualquer instante.
Eles analisaram nossa situação por um momento e, por fim, ela disse:
- Já sei - sua voz estava abafada. - Thomas, está com a faca?
Ela se voltou para mim e America. Já deve ter entendido o plano de Tris.
- Forcem seus corpos o máximo que conseguirem para a frente e, quando eu contar até 3, saltem nessa direção, ntenderam?
Assentimos. O plano não fazia muito sentido. Quer dizer, do jeito que estávamos, se nos movessemos um centímetro, cairíamos no óleo, mas resolvi não discordar.
Thomas se voltou para Tris, que estava com as mãos apoiadas nos joelhos e respirando forte, e a estendeu a faca.
- É melhor você jogar a faca entre os dois - ela disse.
- Mas minha mira não é tão boa quanto a sua, você sabe disso.
- Mas eu não vou aguentar jogar a faca. Acredito em você. Apenas torça para ela cortar as correntes com a facilidade que cortou minhas amarras - ela se voltou que estávamos presos ainda. - Prontos?
Me forcei o máximo que consegui para frente com a corrente ainda amarrando meu tronco. Thomas começou a contagem:
- 1...
Posicionei meus pés em cima do degrau que cercava o poço, com um medo enorme de esgorregar, para tomar impulso quando pular.
- 2...
Apertei a mão America mais uma vez. Aquele gesto me deixou mais seguro sobre o que eu iria fazer naquela hora.
- 3!
Thomas lançou a faca e eu impulsionei todo o meu corpo para a frente. Não sei como, mas a pequena faca de Tris cortou as correntes que antes nos prendiam e eu consegui saltar para fora do poço. O chão estava quentíssimo, mas quando meu rosto e minhas mãos o tocaram, foi a melhor sensação do mundo.
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Sem Roteiro Nessa Guerra
RandomJá pensou se todos os seus personagens de suas sagas favoritas se juntassem em uma única história? Em Sem Roteiro Nessa Guerra foi o que aconteceu! Nessa emocionante história, Tris (Divergente), Thomas (Maze Runner), Katniss (Jogos Vorazes), Harry (...