Capítulo 14

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Abro os olhos devagar e minha visão está embaçada. Fico piscando os olhos e aos poucos consigo enxergar algo.

Aos poucos uma imagem vai aparecendo e logo vejo que é Lucas me encarando.

- Você está bem? - Ele pergunta.

- Lucas? - Chamo ele para ver se estou mesmo com ele. - Onde estamos?

- Na sua casa. Esqueceu? - Ele pergunta com preocupação.

- Ah, espera... - Será que foi um sonho? - Você está aqui à quanto tempo?

- Ah é, me desculpe. Só vim aqui pegar a chave do seu carro que o Pedro pediu, para ele colocá-lo na garagem. Cheguei aqui agora e você estava dizendo umas coisas estranhas e estava gritando meu nome. - Ele coloca um sorriso no canto de sua boca.

Sinto minhas bochechas ficarem vermelhas, mas logo digo:

- Ah, é que... é... - Não sei o que dizer para ele.

- Olha, você estava sonhando comigo não estava? Fala a verdade, porque eu sei que estava. - Assenti. - Era sonho ou pesadelo?

- Sonho. Não, espera... era pesadelo! - Digo enquanto fico sentada na cama.

- Você pode me dizer como foi? - Ele pede.

- Posso. Foi assim, eu estava andando em uma floresta escura. Tudo no sonho era escuro. As árvores com folhas negras, os frutos, os bichos tudo... - Comecei a falar tudo sobre o pesadelo (ou sonho, não sei) e ele ficou meio assustado com tudo isso.

- E como era essa garota? - Ele pergunta depois de eu contar o sonho todo.

- Ela era um pouco maior que eu, usava um vestido que batia nos pés e era Preto. A pele dela era pálida, os olhos e o cabelo eram negros. Ela parecia ser gótica. Tudo na casa dela era Preto, assim como tudo no sonho. - Digo.

Eu disse à ele o sonho, mas não disse dos estranhos sentimentos que cresceu dentro de mim ao ver ele é meninos abraçando aquela garota.

- Aconteceu mais alguma coisa? - Ele pergunta.

- Não. Foi só isso mesmo. - Respondo. - Lucas...

- Oi? - Ele diz enquanto me olha com um olhar calmo.

- Me promete uma coisa?

- Claro. Qual?

- Me prometa que nunca irá me abandonar ou me esquecer?

- Eu prometo! Nunca irei te abandonar, nunca baixinha. - Ele dá um beijo na minha testa. - Nunca vou te esquecer também.

Dou-lhe um longo abraço e ele retribui.

- Vamos descer lá para a sala? - Ele pergunta.

- Sim. Quantas horas são? - Pergunto.

- 18:00h. Ah, e o Pedro chamou os meninos e eu para dormir aqui, espero que não se importe.

- O Pedro parece que advinha meus pensamentos. Eu ia chamar vocês, mas se ele chamou, é bom que dá menos trabalho. - Ele ri. - Vou ao banheiro primeiro cuidar desse meu rosto amassado de tanto dormir. - Ele continua rindo e eu vou até o banheiro.

Saio do banheiro e me lembro que quando eu cheguei da escola eu dormi no sofá e agora acordei em meu quarto.

- Lucas, me lembrei que eu dormi no sofá da sala e agora acordei no meu quarto. Quem me trouxe? - Perguntei encarando ele.

- Nem queira saber. - Ele diz.

- Não acredito! Você me trouxe até aqui? Espera, como você me trouxe?

- Eu disse que você não iria querer saber. - Ele diz com as mãos para cima em forma de rendição. - Eu te trouxe no colo. - Olhei para ele assustada. - Não, eu não fiz nada. Só te trouxe mesmo e se fosse para eu fazer algo, você precisa querer. - Ele diz com um sorriso maléfico.

- Vamos lá para a sala, vamos! - Digo tentando mudar de assunto.

- Vamos. - Ele continua com o sorriso maléfico e agora com o olhar também.

Enquanto estamos andando no corredor do andar de cima em direção à escada, vejo que estou descalço.

- Esqueci da minha sandália. Já volto. - Digo.

- Fica descalço mesmo.

- Não. Espera, a diarista veio hoje?

- Ah, não. Ela ligou e disse que teve que ir ao médico e amanhã ela vem.

- Ata. Se quiser pode ir para a sala, depois eu vou.

- Ok então. - Ele foi para a sala e eu voltei para o meu quarto.

Calcei minhas sandálias e desci as escadas até a sala. Vejo Pedro e Gabriel jogando GTA e Lucas sentado no sofá com um pote de sorvete nas mãos e vendo os meninos jogarem. Espera, o tempo que eu gastei para calçar minhas sandálias e chegar aqui, deu para ele ir até a cozinha e pegar o MEU sorvete?

Vou até eles e me sento ao lado do Lucas. Pego a colher da mão dele, pego um pouco de sorvete do pote e depois coloco na boca.

- Que você está fazendo? - Ele pergunta mesmo sabendo a resposta.

- Tomando sorvete. - Pego o pote da mão dele. - Está bom. Você quer?

- Quero! - Ele pega o pote e a colher da minha mão. - Pega uma colher lá na então. - Digo pegando o pote da mão dele de novo.

- Ah não, voltei de lá agora! Pega você. - Ele pega o pote da minha mão.

- Se você pegar, te dou um beijo. - Sussurro no ouvido dele.

Ele se levanta com o pote e a colher nas mãos e faz sinal com a cabeça para eu seguir ele. Segui ele para ver o que vai acontecer.

Chegamos na cozinha e ele coloca o sorvete na geladeira e me leva até a área da piscina.

Andamos até a borda da piscina e nos sentamos com os pés na água.

- Essa água está boa não é? - Ele pergunta com um olhar malicioso de novo.

- Está sim. Mas nem pense que eu vou entrar aí. E outra, você tirou o sorvete de mim. Estou com raiva de você. Vou lá tomar sorvete, porque ganho mais do que ficar aqui com você.

- Será mesmo? Tem certeza? - Ele pergunta. Agora não está mais com a expressão maliciosa.

- Certeza absoluta! Vou lá. - Digo fingindo estar triste pelo meu sorvete.

- Então vamos ver se você muda de ideia. - Ele diz se levantando.

Me levanto também e ficamos encarando um ao outro.

- Eu não vou mudar de opinião! - Agora estou com raiva mesmo. Ninguém mandou ele tirar meu pote de sorvete.

- Quer ver que eu te faço mudar de ideia? Vou fazer você gostar mais de mim do que de um sorvete. - Solto uma risada irônica.

- Duvido. - Digo ainda encarando ele com os braços cruzados.

- É o que vamos ver. - Ele responde me encarando também.

[EM REVISÃO] A Garota Misteriosa - O Mistério Continua... Onde histórias criam vida. Descubra agora