A vozes não se calavam na mente de Vincent Howes.
Algumas delas o acompanhavam desde a infância. A primeira vez que ouvira... era apenas um garoto.
Lembrava como se fosse agora... estava com o gato que sua mãe lhe presenteara. E a voz tinha lhe ordenado para segurar o pescoço do animal.
Quando seus pais descobriram, simplesmente disse que um carro o havia atropelado. Incultos e estúpidos, pensara, eles mal desconfiaram da pequena mentira.
E, desde então, as vozes aumentaram em tamanho e quantidade.
Quando conhecera Renata, ainda no colegial, um verme ridículo derrubara sua pilha de livros, fazendo-a cair no chão. Vincent os recolhera, encarando a caligrafia cheia de floreios na apostila.
Recordava de ter adorado o nome. O som que era emitido ao recitá-lo parecia aplacar as vozes em sua mente, aquietando-as. Fazendo-o pensar por si mesmo.
No entanto, no dia seguinte, acharam o valentão que a empurrara embaixo da arquibancada, enforcado. E, mais uma vez, ninguém sequer desconfiou o magricelo e simpático estudante da classe de Renata.
A companhia da tímida menina de cabelos castanhos aparentava trazer Vincent de volta á sua vida normal, fazendo com que se esquecesse das vozes e do horror de seu próprio passado. O fazia ser feliz. Mas não aquela felicidade gerada por sentir a vida se esvaindo de suas vítimas, e sim uma alegria do tipo que só podia ser obtida dividindo-se uma vida com outra pessoa.
Infelizmente, muitas vezes, não era o suficiente para sufocar seu outro ego.
Pouco tempo depois, um incêndio acidental acontecera em sua casa, matando seus pais, enquanto Vincent estava fora. Ou, pelo menos, foi o que a perícia alegara, ao investigar as causas. Novamente, sem nenhum suspeito.
Vincent Howes havia chorado. Mas estava amordaçado dentro de Purple Guy. E Purple Guy apenas fingira chorar.
A única vez que sentiu seu verdadeiro eu realmente feliz foi no dia em que havia, diante do mundo, tomado Renata como sua esposa. Talvez tivesse sido o único momento em que Vincent Howes se sentiu como ele mesmo, sem nenhuma voz para subjugá-lo.
A vida com Renata, após a "tragédia", parecia ser finalmente o inicio de um período sem recaídas. Havia concordado, após alguns incidentes menores, á fazer acompanhamento médico, para aplacar as poucas inclinações que transpareciam no dia-a-dia.
Mas então, veio aquela notícia arrasadora. Purple Guy não se conformou ao saber que Renata teria um bebê.
Então, como um dique se rompendo, as vozes retornaram.
Havia conseguido encenar bem durante longos e torturantes sete anos, tentando ignorar o que as vozes diziam.
Um dia, parecera que Vincent tentara emergir.
Eu não sei se isso é um sonho. Ou um terrível pesadelo. Eu faço coisas... mas não quero fazê-las de verdade. E, mesmo assim, por algum motivo, quando as faço, eu me sinto feliz por dentro.
Então, as vozes haviam lhe dito o que fazer em seguida.
Como uma marionete, Vincent Howes foi levado á matar aquelas pequenas e irritantes crianças.
O único efeito colateral de suas ações em Purple Guy foi ver que Renata, depois de voltarem para casa, parecer perder toda e qualquer vontade de viver.
A mulher alegre e vivaz, como uma flor ressecada, murchara e se desbotara de qualquer cor.
Purple Guy apenas a ajudou á terminar com seu sofrimento, quando despejou, em seu copo, uma dose letal dos medicamentos pesados que usava.
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Five Night's At Freddy's: A Origem
FanfictionVocê acredita no sobrenatural? Sabe, nem sempre o sobrenatural vem de lugares mal assombrados, mansões abandonadas ou criaturas geradas por encarnações do mal. Às vezes, o sobrenatural surge na inocência, das risadas, do som da alegria infantil. Sur...