Freddy Fazbear's Pizza

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1983


Durante longos dez anos, Fredbear's Family Diner se manteve como o carro-chefe da Fazbear's Entertainment.

No entanto, neste período, a popularidade do restaurante pareceu decair drasticamente. Outros estabelecimentos, próximos á cidade de Austin, pareciam ter percebido o sucesso do uso de animatrônicos em seu portfólio de recreação, e também começaram a criar seus próprios personagens.

Depois de mergulhar em uma crise do qual nunca se recuperou, o dono da franquia finalmente decidiu fechar as portas de seu primeiro restaurante para sempre, e vender sua franquia para um novo investidor.

Os frequentadores mais antigos lamentaram o fechamento do local, e a sugestão de abrir um novo estabelecimento pareceu surtir efeito no novo dono da Fazbear's Entertainment. Por isso, em 1983, deixando de lado o modelo de restaurante familiar, foi inaugurada, num novo local, a Freddy Fazbear's Pizza.

A ideia causou bastante rebuliço, pois, a despeito das demais franquias de restaurantes, o novo comércio se voltaria exclusivamente para o ramo das pizzarias, usando novos animatrônicos para o entretenimento dos clientes, e ainda mantendo o conceito de lugar de recreação familiar.

Todos os objetos da Fredbear's Family Diner foram transferidos para a nova unidade, deixando o local antigo finalmente abandonado. As fantasias antigas de Freddy Fazbear e Bonnie, assim como a caixa do animatrônico Puppet, foram guardadas na nova pizzaria de Austin, recolhidos numa sala oculta que os funcionários chamavam de Safe Room.

O sucesso aumentou ainda mais quando, no mesmo ano, Fredbear's patenteou um programa de TV inspirado em seus novos personagens, Fredbear & Friends, que foi uma sensação na rede televisiva da época.

Tanto o desenho animado quanto o restaurante ostentavam seus cinco personagens, adorados pelas crianças. Mas os pequenos preferiam ver pessoalmente as novas mascotes da Fazbear, enquanto comiam e se divertiam com suas famílias.

Freddy Fazbear's Pizza era bem maior do que sua antiga filiar. Tinha mais de cinco divisões diferentes. A Área de Refeições era ligada por uma porta á um salão de ventos, onde se localizava o palco onde ao animatrônicos se apresentavam, na forma de uma simpática banda, formada pelo novo Freddy Fazbear, um urso pardo, Bonnie, um coelho roxo, e Chica, uma galinha amarela.

Na Enseada do Pirata, outra sala da pizzaria, havia uma grande decoração marítima, onde, oculto por um navio cenográfico, estava Foxy, uma raposa animatrônica com tema pirata. Ao contrário dos demais, tinha um tapa olho que cobria seu olho robótico, e um gancho no lugar da mão mecânica.

O dono do restaurante reaproveitou o antigo Freddy – agora chamado de Golden Freddy – e colocou-o em funcionamento, mas de um modo diferente dos demais. Cada animatrônico podia ser controlado por pessoas, que os usariam em forma de uma fantasia. Este uso, no entanto, era extremamente delicado, devido ás ferragens e mecanismos das mascotes. Para poupar os funcionários fantasiados deste desconforto, o endoesqueleto de Golden Freddy foi retirado e guardado novamente na Safe Room da pizzaria.

Embora Golden Freddy finalmente estivesse, outra vez, entretendo as crianças, já não chegava nem perto da popularidade do novo Freddy, com sua cartola e gravata negras e seu grande microfone. Tampouco ganhava do novo Bonnie, com sua guitarra, ou de Chica, que ostentava um colorido cupcake em suas asas. Foxy ainda causava um pouco de receio nas crianças menores, mas era uma sensação entre os garotos mais velhos.

Puppet nunca havia voltado á sair de sua caixa de presentes.

Enrolado no chão da caixa, havia passado os últimos cinco anos num total estado de torpor. Apesar de ter podido, por todo aquele tempo, vaguear pela Fredbear's Family Diner, nunca voltara a ver nenhum guarda de segurança no lugar, e concluíra que, no fim das contas, seu assassino nunca havia trabalhado ali.

Já não se recordava de seu nome, ou de quem fora em sua vida passada. Tudo que ainda tinha era aquela sede de vingança, que não conseguido saciar até agora.

E, talvez, um fantasma de conforto, quando rebobinava a caixinha de música em seus braços negros, encolhendo-se ainda mais e tentando fingir que tudo aquilo era apenas um longo pesadelo.

Mal sabia que, fora da Safe Room, á alguns metros dele, um homem sorria em direção ao palco, ladeando uma mulher que sustentava a filhinha de três anos no colo.

- È mesmo uma graça, não é, Vincent? – ela falou, rindo quando a filha sacudiu-se em seu colo, apontando imperiosamente na direção de Bonnie.

Vincent sorriu. Adorava o modo que a esposa dizia seu nome. O tom rouco dela trazia á tona lembranças muito prazerosas de anos atrás.

- Sim... é mesmo, Renata... curioso.

- Mamã... cu... elho – a garotinha guinchou alegremente.

- Você, gostou dele, Brandy?

- Cuelho! – ela repetiu, rindo.

Renata ergueu os olhos para Bonnie, franzindo o cenho, enquanto acompanhava o animatrônico balançar a cabeça na direção das crianças, balançando as patas na guitarra e fazendo um som falto de instrumento musical soar dos alto-falantes.

- É mesmo uma graça – comentou, embora achasse o animatrônico um pouco assustador com suas olheiras e pálpebras escuras. Mas simplesmente adorava a filha, e nunca conseguia discordar dela.

Uma garotinha loura, da idade de Brandy, parecia querer chorar de alegria ao assistir Chica oferecendo-lhe seu cupcake de pelúcia.

- Não, querida – a mãe dela ralhou, embora segurasse o riso, quando a menininha fez menção de morder o objeto – não é para comer de verdade!

Dois garotos faziam cócegas num garotinho menor, pouco maior que um bebê, enquanto conversavam na mesa mais próxima de Freddy. Um deles revirou os olhos, quando uma menina de cabelos dourados, aparentando ser bem mais velha, o chamou da mesa adiante.

- Bart, a pizza vai esfriar! Deixe o irmão do menino em paz!

O garoto loiro se ergueu, andando martirizado na direção da irmã, quase tropeçando na menininha que pulava ao redor de Chica. O outro garoto riu, pegando o irmãozinho no colo.

Todo o ambiente destilava alegria e animação, que não diferia do clima agradável de que a Family Diner se tornara pioneira.

Vincent, no entanto, não gostava nada de todo aquele barulho. Aquelas criaturinhas irritantes, gritando e correndo como bestinhas terríveis, sombras roxas turvando sua visão, faziam seus tímpanos latejarem e suas mãos se fecharem em punhos.

Já havia aguentado, durante três terríveis anos, toda a balbúrdia que aquela coisinha lhe trouxera. Nunca pensara em trazer mais um daqueles monstrinhos para o mundo, e tivera que esconder a vontade de esganar Renata quando ela lhe contara da gravidez.

Havia lhe dado um castigo. Lembrava muito bem de quando a ambulância chegara, levando-a inconsciente para o hospital mais próximo, enquanto ele era arrastado para a delegacia.

Foi fácil se tornar Vincent Howes diante dos delegados, alegando que estava fora de si quando fizera aquilo. Seu histórico psiquiátrico na adolescência confirmava suas defesas, e foi uma questão de tempo para ser liberado, aguardar Renata receber alta, pedir desculpas e fingir que nada havia acontecido.

Desde então, parecia ter se tornado o marido exemplar, mimando a esposa e a filha, e tudo que havia ocorrido pareceu ser esquecido.

Mas o som das crianças pareceu chacoalhar em sua cabeça, como vozes demoníacas que nunca pareciam se calar. Faziam seu sangue ferver e sua vontade de extravasar aumentar violentamente.

Porém, seria paciente. Pensaria numa oportunidade.

Olhou de soslaio para Brandy, que beijava o rosto da mãe, acenando para ele, e encarando o pai com um carinho simplesmente indisfarçável.

Vincent suspirou, lançando lhe um grande sorriso.

Ela seria a primeira.

Five Night's At Freddy's: A OrigemOnde histórias criam vida. Descubra agora