Partida

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Belinda olhou para cada pessoa diante de si, sentindo o estômago embrulhar de tensão.

Depois que a notícia sobre o incêndio em Fazbear's Fright se espalhara, muitas pessoas, movidas por curiosidade ou velhas opositoras da franquia Fazbear, haviam retornado a debater sobre tudo que desconfiavam ou ouviram falar sobre todo o mistério envolvido naqueles últimos quarenta anos.

A manchete abalou novamente a cidade de Austin, de um modo que ninguém esperava que acontecesse depois de tanto tempo.

E, em meio às postagens escandalizadas no Facebook, Belinda encontrara, perplexa, um grupo cujos usuários tinham os sobrenomes das crianças assassinadas.

A viúva Marie Holland, a mãe de Lucy e Bart, Gale e Tina Matthews, pais de Alfred e Frederick, Susie Temple, mãe de Oliver, e Calvin Williams, pai de Mark, eram os únicos participantes da comunidade privada, cuja capa exibia uma montagem com as fotos antigas de seus filhos.

Sentia um nó de aflição ao ver as fotos de perfil dos pais. O tempo e o sofrimento haviam causado rugas que ultrapassavam o mero envelhecimento. Ainda jovens, quando a tragédia acontecera, todos agora eram quase idosos, entre os cinqüenta e os sessenta anos.

As postagens deles fizeram seu peito rachar ao meio. Alternavam-se entre mensagens sobre saudade e fotografias digitalizadas das crianças, em álbuns sem número, sempre com alguma frase emocionada em suas descrições.

Atiçada por alguma loucura, sem o conhecimento de John – que saíra para trabalhar -, Belinda havia convidado todos eles para comparecerem em sua casa, afirmando ter informações sobre o que acontecera com suas crianças, tantos anos atrás.

Foi o que bastou para que os novamente alvoroçados pais concordassem com o encontro, além da curiosidade em conhecer a jovem que conseguira sobreviver á todo aquele novo drama.

No entanto, diante dos rostos que tanto lembravam os espíritos que libertara, Belinda sentia-se receosa. Como poderia abrir a mente deles o suficiente para contar-lhes a verdade, que a havia perturbado durante o dia todo? Por que achava que acreditariam?

Mas ela não tinha opção.

Se não lhes contasse, se deixasse que todos vivessem sem saber o que ocorrera com seus filhos, como se perdoaria? Aquilo a torturaria para sempre.

- Bem – pigarreou, nervosa – acho que já sabem por que os chamei aqui. Eu... – tossiu, tentando disfarçar a ansiedade – eu soube o que aconteceu. Com seus filhos. E, antes de tudo, gostaria de transmitir meus pêsames – suspirou – imagino que não é o tipo de dor que se apaga com o tempo... realmente sinto muito pelo que aconteceu.

Belinda viu-os encarando-a, com sorrisos fracos nos rostos. Imaginou que haviam ouvido aquilo centenas de vezes nas últimas décadas.

Ela engasgou outra vez, como se formular as palavras lhe parecesse quase impossível.

Foi quando, para espanto geral, um sussurro, trazido pelo vento, entrou pela janela da casa, mergulhando em meio á pequena reunião.

- Mamãe?

Belinda enrijeceu, atônita, e não foi a única. Os pais se arrepiaram, arregalando os olhos, e olhando ao redor freneticamente.

Luna começou a ladrar em cima do sofá, saltitando na almofada, como se visse algo que mais ninguém via.

Mas a voz era terrivelmente familiar. Não só para Belinda...

Mas para Marie também.

- Estão aqui – sussurrou, chocada.

Five Night's At Freddy's: A OrigemOnde histórias criam vida. Descubra agora