Lucy

102 9 0
                                    



A primeira semana foi a pior de todas para a família Holland.

Marie e George, os pais de Bart, já estavam suficientemente aterrorizados com o desaparecimento de seu filho caçula. Mas ninguém, nem mesmo eles, parecia mais perturbado do que Lucy.

A garota não parava de relembrar o momento em que o garoto a abraçara, prometendo que voltaria em meia hora. Agora, corroída de remorso, pensava que nunca devia tê-lo deixado fora de sua vista.

E ainda tivera que agüentar o descaso de Henry. Henry, o perfeito idiota. Perguntava-se o que havia visto naquele ser humano. Tinha se apaixonado por aquele completo imbecil, pensado num futuro com ele, e, agora, sabia em que buraco teria caído se prosseguisse com aquela loucura.

Algo doía no coração de Lucy, que tinha a sensação terrível de que Bart não estava apenas desaparecido.

As investigações não surtiram efeito. Não havia nenhuma pista do paradeiro de Bart ou das outras quatro crianças, que haviam desaparecido na Fazbear naquela noite.

Eles viviam brigando por coisas bobas, como qualquer outro casal de irmãos. Mas todos sabiam o quanto Lucy amava Bart. Sabiam o quanto era importante para ela.

Foi como se uma parte dela tivesse morrido naquela mesma noite.

E Lucy começou a odiar aquele lugar com as poucas forças que haviam lhe restado.

Havia passado os sete dias seguintes num estado de torpor paranóico, agindo mecanicamente, mantendo-se calada, e sempre com o olhar vago e arrasado.

Durante a maior parte do tempo, permanecia no quarto do irmão, tratando o lugar como um tipo de templo memorial. Olhava as fotos de Bart, vendo-o crescer desde a fotografia do bebê no balanço até o garoto de dez anos vestido de pirata numa festa á fantasia. E afagava a pelúcia favorita do menino, um boneco de Foxy, ainda sentindo nele o cheiro da colônia infantil que Bart derrubara no bichinho uma vez.

O rosto dele parecia dançar em sua visão, os olhos castanhos arregalados, o sorriso brincalhão se abrindo, quase atingindo os cabelos loiros. Sempre achara aquela expressão a coisa mais encantadora do mundo.

Quando o oitavo dia chegou, porém, os pais de Lucy ficaram surpresos ao verem a filha descer as escadas, apanhar a chave do carro e fazer menção de abrir a porta para sair.

- Lucy?

Lucy encarou a mãe, cujos olhos pareciam injetados de tanto chorar.

- Sim?

- Onde está indo?

A garota suspirou, baixando o olhar.

- Eu... – arfou – vou dar uma volta. Pegar um ar – murmurou – volto logo.

- Não vai nem tomar café, querida? – indagou o pai, preocupado.

- Não. Estou sem fome – a menina disse, evasiva – eu vou voltar daqui a pouco.

Lucy saiu e fechou a porta, sem nem conseguir terminar de se despedir. Arquejou alto, como se todo o ar tivesse se esvaído de seus pulmões.

No entanto, antes de entrar no Volvo, percebeu um rosto familiar na sebe ao lado.

- Mark?

Um garoto cabisbaixo saiu da moita, aproximando-se de Lucy. Mark Williams, o melhor amigo de Bart, parecia muito abalado, enquanto afagava o próprio braço.

Five Night's At Freddy's: A OrigemOnde histórias criam vida. Descubra agora