Um Monstro Por Dentro

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As risadas cessaram na mesma hora.

Apenas para os gritos de sussurros dos presentes explodirem o local.

- Oh, céus – o guarda tampou a boca, paralisado.

Os meninos retiraram as máscaras, congelados, sem conseguir desviar os olhos do corpinho inerte, pendurado na boca do animatrônico do palco.

- Merda – guinchou um deles.

- Mas eu... como...

- Merda, cara, merda!

Os rapazes estremeceram, horrorizados, com as mãos manchando-se do sangue que jorrara nas máscaras.

Terrence sentiu como se alguém houvesse o cortado, retirado suas entranhas e o costurado outra vez. Congelado, balançou a cabeça consigo mesmo, incrédulo, vendo o corpo do irmão imóvel.

- Mas eu... não era... não... – gaguejou.

Heloise chegou ao local, arregalando os olhos, aterrorizada, ao ver o amigo contorcido dentro de Fredbear.

- Jason! Jason! – gritou, chorando.

O tumulto das dez pessoas que presenciavam a cena chamou a atenção do outro segurança, que entrou correndo na sala do palco, confuso.

- O que está havendo aqui?

O rapaz sentiu vontade de vomitar quando ouviu a voz do pai.

Achava que estava imaginando coisas. Que Jason ia se mexer, que estava fingindo, que todo o sangue fosse apenas parte de uma ilusão...

Por que Jason não podia estar ferido. Não, não podia.

Nunca imaginara Jason ferido.

Verdade fosse dita, já o machucara algumas vezes, como parte de suas brincadeiras de mau gosto. Divertia-se em vê-lo chorar, em ver o como era pequenino e medroso se comparado á ele.

Mas vê-lo sangrar, feri-lo de verdade... nunca.

Nunca pensara nisso.

O horror o inundou, quando percebeu que a visão era real.

- Jason... –balbuciou, perdido – eu... eu... Jason...

O guarda que vigiava o palco segurou o outro, apavorado.

- Vincent, espere...

- Esperar o que?

Mas ele viu o que era.

O presente que carregava caiu no chão com um estrondo, enquanto via dois adultos tentando retirar o garotinho das ferragens travadas.

- JASON!

O grito do pai pareceu atingir Terrence como uma faca nas costas. Baixou a cabeça, trêmulo e aflito, enquanto o homem disparava para cima do palco, sacudindo o bracinho languido do filho mais novo, berrando, implorando para que desse algum sinal de vida.

Terrence para as mãos, maculadas de rubro, encharcadas com o sangue do irmão.

È sua culpa. È tudo culpa sua.

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O menino foi levado ás pressas para o hospital, internado imediatamente na Unidade de Terapia Intensiva.

Vincent e Terrence acompanharam, inexpressivos, a descrição do diagnóstico dada pelo médico.

Com apenas onze anos, Terrence não tinha idéia do que era "perda do lóbulo frontal do cérebro", ou "coma natural", nem "estado vegetativo". Só sabia que nenhuma destas coisas era boa.

Five Night's At Freddy's: A OrigemOnde histórias criam vida. Descubra agora