Retorno

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Acorde.

Vamos lá. Acorde.

Não se entregue.

Acorde.

Uma pulsação incômoda disparou ao redor dos olhos de Belinda, quando as luzes começaram a invadir sua visão.

Respirou ruidosamente, quase engasgando com o tubo respiratório que haviam lhe colocado no rosto.

Piscou, confusa, sentindo o corpo fraco e dolorido.

Envergou a cabeça, num movimento que quase a fez convulsionar de dor. Sentia como se cada osso de seu corpo tivesse sido pisoteado.
Enxergou, suspenso num apoio metálico, a bolsa de soro que pingava lentamente em direção ao acesso, acoplado de seu braço livre.Tentou movimentar o outro braço, e ficou surpresa ao vê-lo engessado, pousado contra seu peito, numa tipóia improvisada.

O alívio inundou-a, quando se deu conta de onde estava.

Estava viva.

Havia sobrevivido.

- Ah, a dorminhoca acordou.

Em meio ás nuvens de sua visão embaçada, Belinda focalizou um rosto jovem e sorridente, olhando para ela.

- Bom dia, senhora Gerard – a enfermeira deu uma piscadela – você deu um susto em todos nós, hein? Há um séquito de pessoas lá fora querendo te entrevistar – a expressão gentil da moça vacilou – como se vítimas de acidentes tivessem que participar de sua mídia ridícula.

A mulher engasgou, trêmula.

- O q-que aconte...ceu?

Belinda titubeou. Sabia muito bem o que havia acontecido... as lembranças jorravam em sua mente recém-despertada, tomando-a de calafrios.

Mas tinha que saber o que o mundo achava que havia acontecido lá.

- Você não lembra? – a enfermeira indagou, penalizada – ah, imagino que não – franziu o cenho, olhando o prontuário da paciente – intoxicação das vias respiratórias por carbono, lesão exposta no tornozelo esquerdo, fratura do braço esquerdo, traumatismo crânio-encefálico... minha nossa. Pensando bem, não a culpo por preferir dormir.

Belinda riu sem querer, fazendo a cabeça latejar ainda mais.

- Mas, como eu dizia... – a moça pousou o prontuário da mesa – houve um acidente onde você trabalhava. Dentro do parque de diversões, certo? – deu um muxoxo quando Belinda assentiu – parece que houve um curto circuito na casa de horrores... o prédio inteiro pegou fogo... e, bem, boa parte da entrada desabou... você estava fugindo, não era?

Belinda suspirou. Não sentia nenhum remorso pelo que havia feito. Talvez, exceto, um pequeno arrependimento pelos funcionários inocentes que ficariam desempregados – embora, a seu ver, estivessem bem melhor assim.

Então, se todos achavam que havia sido um acidente, ficaria feliz em não discordar.

Sua única preocupação, agora, era saber se havia valido a pena.

Teria conseguido libertar as crianças?

E – engoliu em seco – Springtrap também fora soterrado pelos destroços?

Não era o tipo de coisa que poderia discutir com a doce e ingênua auxiliar.

- M-me acharam...? – gaguejou – c-como?

- Bem, quase a construção toda ruiu. Dava para ver a fumaça daqui da janela, vinda do parque – a enfermeira arrepiou-se – até onde sua ficha informa, os donos disseram que provavelmente havia alguém soterrado ali. Os bombeiros apagaram o fogo e encontraram a senhora, depois de umas duas horas. Deu sorte de se abrigar na ventilação... o que sobrou dela te protegeu do incêndio.

Five Night's At Freddy's: A OrigemOnde histórias criam vida. Descubra agora