3 DIAS ATÉ A FESTA
Terrence fingiu seu melhor sorriso, quando o pai virou-se para o filho mais velho, que praticamente esmagava a pequenina mão de Jason entre os dedos. O pequeno reprimia uma careta de dor.
- Cuide bem dos eu irmão, Terrence – o segurança sorriu – Martha vai ficar na casa de uma amiga por hoje, então vão ter que ficar por aqui até eu terminar de trabalhar pelos próximos dias. Tudo bem?
- Tudo bem, papai.
Jason teve vontade de dizer que nada estava bem, mas Terrence o ameaçara, dizendo que, se contasse qualquer coisa ao pai, iria terminar de destruir seus outros bichinhos de pelúcia.
- Tudo, papai – fungou, segurando o choro.
- Ótimo. Não vou demorar – despediu-se dos meninos, deixando-os diante das mesas da Área de Refeições, e saindo do local.
O garotinho encarou o irmão, amedrontado.
- Você vai mesmo ficar comigo?
Terrence o encarou, gargalhando.
- Acha mesmo que vou ficar cuidando de você, pirralho? Se vire aí. Vou dar uma circulada pelo restaurante – soltou a mão do irmão, empurrando-o para o meio das pessoas que circulavam – tome cuidado com os monstros, tampinha!
Jason choramingou.
- Terrence! Não me deixe aqui!
Encolheu-se diante das sombras que coalhavam sua visão. Pequeno e confuso, tudo parecia grande e amedrontador ao seu redor. Até mesmo o som das risadas e passos o apavorava.
Tímido, não conseguia sequer ter coragem de chamar a atenção de algum adulto para ajuda-lo. Tinha medo de Terrence castiga-lo se fizesse aquilo.
Andou a esmo pelo local. Detestava aquele ambiente. Muito colorido e barulhento, para começar. Mas, principalmente, odiava aqueles animatrônicos assustadores que se apresentavam no palco.
"Ele saiu sem você. Ele sabe que você odeia este lugar. Você está logo ao lado da saída. Se correr, poderá fugir."
Ia tentar ir à direção em que o pai desaparecera, mas viu, adiante, a sombra apavorante de Spring Bonnie. Começou a soluçar, assustado, sem conseguir prosseguir.
- Papai! Papai!
Recuou, tentando retornar de onde saíra.
Caminhando lentamente, soluçante, viu algo estranho na porta lateral do corredor onde estava, agora surpreendentemente aberta. Escondeu-se embaixo de uma das mesas, atônito.
Em meio á escuridão, viu a sombra de alguém, provavelmente um dos seguranças, segurando o que parecia ser uma cabeça de coelho.
O menino não teria se assustado, não tivesse jurado que, quando um corpo de animatrônico surgiu nas sombras, encabeçado por uma sombra muito menor, estivesse vendo alguém sendo enfiado cruelmente dentro de um daqueles terríveis robôs.
Para completar, a sombra do segurança encaixou a cabeça do coelho na outra sombra, fechando-a dentro do traje.
Jason ficou aterrorizado, e jogou-se no chão, abraçando-se e chorando alto, mesmo quando alguém fechou as portas que estavam abertas.
Viu as pernas de alguém se aproximarem da mesa onde estava, e uma risada horrivelmente familiar.
- Você está aí, franguinho? O que foi? O ursão malvado tentou te pegar, foi?
O garotinho mal teve tempo de secar as lágrimas, quando o rapaz o puxou para fora da mesa, rindo.
O restante do dia não foi melhor. E, quando finalmente foram embora do local, Jason, com a raiva e o medo engasgados dentro de si, tivera que fingir para o pai que estava animado com aquela maldita festa de aniversário.
Para Jason, seria melhor que nem vivesse o bastante para ter mais um.
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2 DIAS ATÉ A FESTA
Terrence fizera pior no dia seguinte. Além de deixar Jason novamente sozinho em Fredbear Family Diner, não reaparecera mais. E Jason, angustiado, tinha certeza que o irmão retornara para casa a fim de lhe pregar mais uma peça.
No entanto, preferia as humilhações do irmão, a arriscar-se dentro daquele lugar amedrontador. Se Terrence tinha ido para casa, Jason também o faria.
Levantou-se da mesa onde havia se recolhido, chorando, e encarou a porta de saída.
"Você pode sair desta vez. Mas você tem que se apressar."
Golden Freddy o chamava para fora.
Correndo, Jason disparou para a saída do restaurante, embora estivesse morrendo de medo de ir para fora.
Assim que saiu, enxergou o estacionamento do local. Com os olhos lacrimejando, olhou ao redor, tentando relembrar o caminho de volta.
Porém, viu uma garotinha acenando para ele da calçada.
- Ei, Jason. Onde esta seu brinquedo de pelúcia? – ela sorriu.
Jason a conhecia da escola, embora não recordasse seu nome. A menina inclinou para ele uma pequena pelúcia de Spring Bonnie
– O meu é Spring Bonnie – a garotinha deu de ombros – mas eu o chamo de Springtrap. Parece uma armadilha de mola, papai disse. Falou que tenho eu ter cuidado com ele, ou vou acabar arrancando meu dedo.
Jason encarou o bonequinho, mas não conseguiu responder á menina. Aflito, simplesmente continuou andando, deixando-a com uma expressão confusa.
Começou a andar pela calçada, recordando aos poucos o trajeto de volta á sua residência. Via Golden Freddy o acompanhando atentamente, se teletransportando á medida que caminhava.
Mais adiante, viu Julie, outra colega de sua sala, olhando para ele.
- Ei, Jason – ela apontou com a cabeça na direção do restaurante – é melhor você ficar atento. Ouvi dizer que eles ganham vida á noite. E se você morrer, eles escondem seu corpo e não contam a ninguém.
Ela riu, contrafeita, quando Jason estremeceu, alarmado.
- Por que você está preocupado? Te vejo na festa! – Julie continuou gargalhando, apenas assistindo Jason continuar andando, chorando mais do que nunca.
Não conseguiu evitar ser barrado por outra criança zombeteira adiante. Parecia que, afinal, agora todos achavam graça de seu pavor no restaurante.
- Você não é o garoto que sempre se esconde debaixo da mesa e grita? – o rapaz sentado na calçada gracejou – ninguém mais está com medo de lá! Por que você está? Pare de ser um bebê!
Gordon, o garoto que vivia adulando Terrence, não foi exceção. Ostentava um balão colorido na mão, e apontava para Jason.
- Você está indo para a festa? Todos estão indo para a festa – fungou, humorado – ora, você devia estar lá! Vai ser seu aniversário! Haha!
Inconsolado, Jason chegou a casa, tapando os ouvidos.
As coisas se misturavam em sua mente, fazendo com que o garoto chorasse ainda mais.
A casa parecia deserta, mas Jason já desconfiava que Terrence fosse assusta-lo. Sabia que não teria como evitar que o terror o dominasse quando isso acontecesse.
Entrou em seu quarto, querendo apenas deitar-se na cama, dormir e, com sorte, nunca mais acordar.
Antes que pudesse fazer isso, porém, Foxy surgiu debaixo de sua cama, rosnando, e fazendo-o pular para trás.
Terrence balançou a cabeça, deliciado, quando o irmão quedou-se no piso, berrando.
- Seu bobo chorão – o irmão chutou Jason para o lado, saindo porta afora – nem um pio, hein? Prometo que amanhã tem mais...
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Five Night's At Freddy's: A Origem
FanfictionVocê acredita no sobrenatural? Sabe, nem sempre o sobrenatural vem de lugares mal assombrados, mansões abandonadas ou criaturas geradas por encarnações do mal. Às vezes, o sobrenatural surge na inocência, das risadas, do som da alegria infantil. Sur...