Transferência

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No Canto das Crianças, Lucy repousava, desabada contra o chão.

Qualquer pessoa que entrasse no local não reconheceria Toy Foxy como um animatrônico, e sim como uma pilha retorcida de metais e engrenagens, cuja cabeça canídea encarava tristemente o teto do cômodo. Um chiado ensurdecedor de frequência de rádio preenchia o lugar, vindo de um de seus mecanismos de comunicação, instalado em seu sistema e também quebrado pelos pequenos.

Sua primeira aparição para o público infantil da Freddy Fazbear's Pizza culminara num destino bem pior do que dos outros animatrônicos. As crianças, maravilhadas com suas cores coloridas, haviam arrancado-lhe peças do endoesqueleto e da forragem plástica. A marionete que recobria seu ombro havia sido brutalmente tirada da cabeça metálica que a movia, e sumira no mesmo dia, talvez agora na casa de um dos pequenos visitantes.

Mark, que agora residia na Área de Jogos, parecia querer manter distância dos demais, demasiadamente temeroso de tomar parte do que os espíritos planejavam para o guarda noturno. Lucy concordara, tentando aparta-lo de mais sofrimento.

Antes que Jeremy surgisse para dar cabo de sua terceira noite como guarda noturno, os espíritos haviam ido visitar Lucy.

Bart agachou-se diante do emaranhado de metal, afagando o focinho rosa com uma expressão de tristeza.

Lucy?

O animatrônico não se mexeu. Em vez disso, as crianças ouviram um soluço vibrante saindo pela boca de Toy Foxy.

Olhe só para mim. Irônico, não é? Destroçada em vida, e destruída em morte. Pois é. As crianças me adoraram. O lamento quase ecoou nos corredores. Agora mudaram meu nome. Nada mais adequado, eu acho.

Bart abraçou o pescoço do endoesqueleto.

Eu sinto muito, Lucy. Eu... eu queria poder ter evitado.

A cabeça de Mangle ergueu-se, virando-se para o pequeno espírito que a abraçava.

Você não podia fazer nada. Também está... também não poderia parecer.

A mão descarnada do animatrônico tentou afagar o rosto imaterial, simplesmente atravessando o ar. Lucy choramingou outra vez.

Foi ele? Ela virou os olhos na direção que levava ao Escritório. Foi ele mesmo que fez isso com vocês?

Não lembramos. Mas só pode ser ele, imagino. Brandy baixou a cabeça. Não lembramos quem nos matou. Apenas que era um guarda noturno da pizzaria.

Se está aqui, não é para fazer bem algum. Lucy grunhiu. Ele deve estar entrando agora. Voltem para seus corpos. Vamos apanha-lo.

Longe dali, Jeremy se aninhava em sua escrivaninha, colocando para tocar a nova mensagem do cara do telefone, já de olho nas câmeras que começavam a funcionar.

- Alô, alô! Viu? Eu disse que não haveria nenhum problema! Você... uh... você viu Foxy aparecer no corredor? Provavelmente não. Eu apenas estava curioso. Como eu disse, ele sempre foi meu favorito.

- Ainda não – resmungou Jeremy – e nem quero vê-lo, se quer saber.

Encarou as duas novas câmeras, instaladas no painel durante o dia, e ficou curioso ao perceber claramente a forma que não vira antes. Parecia uma carcaça esquartejada de um animatrônico, bem parecida com Foxy.

Five Night's At Freddy's: A OrigemOnde histórias criam vida. Descubra agora