A PUNIÇÃO

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Pela primeira vez eu senti que o banco do vagão do expresso de Hogwarts não estava muito confortável. Eu mal conseguira descansar dentro dele, e aquela viagem estava me deixando extremamente cansado. Motivos eu não fazia a minima ideia, eu nunca tinha sentido essa sensação antes. Como se meu corpo estivesse nervoso, com medo, recusando a ideia de ir para Hogwarts.

— Harry? — A voz de Hermione ecoou e me fez sair do mundo dos pensamentos.

— Está tudo bem? — Rony acompanhou a pergunta.

Era incrível como esses dois conseguiam adivinhar o que eu estava sentindo. E por mais que eles não acreditassem na minha desculpa, falar para eles sobre essa minha sensação só deixaria os dois mais preocupados.

— Eu estou com sono. Não dormi direito a noite, acho que é o nervosismo.

Já estávamos no final da viagem e eu reconhecia que estávamos chegando. Rony e Hermione ficavam brincando de adivinhar os sabores dos Feijõezinhos de todos os sabores. De vez em quando Rony fazia umas caretas tão engraçadas, que até meu mal humor estranho sumia e eu me juntava a Hermione na risada.

Quando o expresso parou, me apressei em pegar as malas e sair para a direção das carruagens. Quando a fumaça do expresso tomou conta do local, era como se a minha cabeça levasse uma porrada e uma tontura me atingisse. A imagem dos dementadores atacando Duda não saia da minha cabeça. Meu padrinho, os aurores e a ordem e todas aquelas coisas que martelavam minha cabeça desde o acontecido com Duda.

— Harry, vamos! — Hermione chamou.

Balancei a cabeça freneticamente, de novo, tentando afastar esses pensamentos. Já era a quarta vez desde que eu havia entrado no trem.

Nós fomos para as carruagens, eu jurava ter visto um animal puxando a carruagem. Mas Hermione me garantiu que as carruagens eram puxadas sozinha. Mais uma pulga atrás da orelha para a minha listinha.

Fomos para nossas comunais nos arrumar para o jantar. Quando tudo estava pronto, Rony já estava me arrastando para o salão atrás de Hermione.

Procuramos ela por alguns instantes até a acharmos e sentarmos ao seu lado. A comida como sempre estava divina e o Diretor Dumbledore dava os normais e novos avisos.

— Harry, olhe. É a nossa nova professora de Defesa Contra as Artes das Trevas.

O aviso de Hermione fez meus olhos correrem o salão, até encontrar o bombardeio de vários tons de rosa. Eu reconheceria aquela mulher em qualquer lugar depois da audiência disciplinar.

— Ela estava na audiência disciplinar no ministério. Dolores Umbridge — Resolvi comentar.

As palavras e a voz dela me irritavam. Alguns alunos estavam comentando como ela seria dentro de sala, e outros criando pegadinhas com ela. Professora Dolores Umbridge tinha uma postura autoritária enquanto caminhava com seus saltos barulhentos e comentava alguma coisa a frente do diretor.

Depois que todo o jantar acabou, nós fomos para a comunal. Eu e Rony botamos os papos em dias com muitos de nossos colegas da comunal, logo deu a hora de deitarmos. Ou eles irem deitar.

Peguei a capa da invisibilidade e dei uma olhada no mapa do maroto para ver se estava tudo limpo para chegar ao meu destino. A joguei sobre mim, que agora já não cobria direito meus pés e sai da comunal. Caminhei quase correndo os corredores que, agora depois de tantos anos eu tinha decorado. O barulho dos meus passos nas escadas trazia lembranças de todos os momentos que eu passei meditando na Torre de Astronomia. E era esse o motivo da minha escapada noturna.

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