Amor em dose dupla.

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Lucas estava deitado na cama, sua missão se aproximava e o nervosismo só tomava cada vez mais conta de sua cabeça. Um dos fatores aditivos de seu nervosismo era a pessoa que iria para a missão com ele. A menos de vinte e quatro horas Gabriel havia se declarado a ele.

A noite estava calma e dessa vez o mar não fazia barulhos. As ondas vinham calmamente a praia e se desfaziam na areia com a mesma leveza. Ele andava naquela parte, onde a onda finaliza, sentindo a água tocar seus pés de minuto a minuto. Lucas não podia negar, o mar lhe acalmava. Ao contrário daquele pensamento. Ele olhava para qualquer lado e tudo lhe trazia o nome de Gabriel na mente. O mar, a areia, a lua, o barulho das ondas, o cheiro de maresia. Tudo lembrava Gabriel!

Já havia passado mais de meia hora que Lucas estava deitado na areia, observando o céu nublado e pesado com nuvens escuras. Iria chover, com certeza. Um barulho diferente se fez no local, mas ele resolveu ignorar. Segundos depois uma imagem deitou-se ao seu lado, virando de frente para ele. Gabriel estava ali, sorrindo com aquelas covinhas que faziam Lucas se arrepender de ter o conhecido. Os olhos azuis penetravam a alma de Lucas, como se o dono desses olhos soubesse tudo que se passa dentro dele.

— O que faz aqui? — Perguntou.

— É meu lugar favorito.

— Não é, esse é meu lugar favorito. Você só veio aqui por causa de mim ontem.

— E é por esse motivo mesmo. O meu lugar favorito é onde está o seu.

Lucas sentou-se de imediato, sendo seguido por Gabriel. Sua respiração estava ofegante e ele não conseguia parar de encarar a areia, como se fosse a coisa mais interessante do mundo. Gabriel ficou apenas calado, esperando que o menor falasse algo para lhe deixar mais à vontade.

— Eu gosto de você!

Disse por fim, Lucas.

— Eu sempre gostei de você! — Respondeu Gabriel, puxando Lucas para que ficasse cara a cara com ele.

— É só que é complicado. Namoro dentro do acampamento. Namoro de primos. Um romance de risco!

— Por que diz risco? — Gabriel já estava com a mão de Lucas entre as dele, acariciando-as como se fossem ursos de pelúcia.

— Eu e você vamos a uma missão amanhã, muito perigosa. Somos semideuses, vivemos disso. A qualquer minuto, a qualquer hora e em qualquer lugar podemos ser mortos. E eu não quero me apaixonar por você para perder você.

Lucas estava sendo tão sincero que todo seu corpo transparecia isso. Seus olhos choravam, sua boca dizia, seu semblante exponha, suas mãos suavam frio. Gabriel nunca sabia quando estavam sendo sincero ou não, mas naquele dia, ao olhar para Lucas, ele sabia que não existia sinceridade maior do que a dita naquele momento.

— Então, faremos o que sempre fizemos. Eu te protejo e você me protege.

Lucas sorriu, mas um sorriso cansado.

Gabriel pousou a mão na bochecha de Lucas, acariciando-a com ternura. Sentados na areia, Gabriel ainda pode perceber que era alguns centímetros mais alto que Lucas, na verdade ele sempre percebera isso, mas agora era possível provar.

Lucas fitou os lábios do garoto a sua frente, desejando o mínimo toque. Como que lendo seus pensamentos, Gabriel juntou seus lábios em um beijo calmo. Logo foi se alvoroçando, tornando-se preciso e desejado. Um explorava os lábios do outro, conhecendo o toque, o cheiro, o gosto, o corpo! Tudo estava virando uma grande exploração de duas almas se tocando.

[...]

Meia noite, cansado e com sono, lá estava Draco, andando pelas ruas sujas e desertas dessa cidade. Suas únicas companhias eram a lua e alguns animais de vida noturna. Num canto havia um cão e um gato tentando encontrar alimentos, revirando latas de lixo. Em outro ponto da rua, ratos entravam e saíam de um esgoto próximo à padaria da esquina. Ele estava tentando lembrar por que havia saído tão tarde do emprego, quando ouviu uns passos atrás dele. Caminhou mais depressa, sem olhar para trás. Começou a tremer e a suar frio. Coração acelerado. Aqueles passos não paravam de lhe perseguir. Virou depressa. Não havia nada além de sombras. O medo aumentou. Ou ele estava enlouquecendo, ou estava sendo seguido por algo sobrenatural.

Correu desesperadamente. Parou na primeira esquina, ofegante. Olhou novamente. Nada! Continuou a andar, tentando manter a calma. Faltava pouco para chegar à sua casa. Já mais tranquilo, parou, finalmente, em frente à sua porta. Pegou a maçaneta, ainda um pouco trêmulo devido ao susto e à corrida. Quando a girou, a porta não abriu. Provavelmente seus pais já estavam dormindo. Procurou suas chaves em todos os bolsos que tinha. Não encontrou.

Os passos recomeçaram. O medo voltou em dobro. Ele estava meio tonto. Não conseguia manter-se de pé. O mundo girava vertiginosamente. Tentava gritar, mas a voz não vinha. Aquele som se aproximava cada vez mais. Não havia saída. Juntou, então, todas as suas forças e, num movimento brusco... Caiu da cama e acordou.

Harry veio correndo a seu encontro, Draco ainda soava frio. Tinha sido apenas um pesadelo.

— Já é o terceiro essa semana.

Comentou Harry.

— Eu sei, mas tudo é tão apavorante!

Draco pousou sua cabeça no colo de Harry que passou a acaricia-lo. O veela menor pousou a mão sobre a bochecha do namorado, respirou fundo e suas veias dilataram em um roxo profundo, como se sugasse o sangue de Draco. No mesmo segundo em que Harry parou, Draco tinha se acalmado e já não sentia mais medo.

— Como aprendeu a fazer isto? — Perguntou Draco.

— Ser conjurador me ensinou a aprimorar meus poderes veela, você também pode.

Harry puxou a mão de Draco e colocou em sua bochecha. Ensinou Draco a respirar e transparecer sentimentos. As veias de Draco dilataram iguais as de Harry e os sentimentos do namorado passou para ele. Draco já chorava.

— Relaxa. — Harry pediu, tirando a mão de Draco dele. — Eu também chorei na primeira vez que aprendi isso.

Always? Okay!Onde histórias criam vida. Descubra agora