- Capítulo 11 -

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Eu fiquei o olhando ali, procurando qualquer tipo de mentira em sua cara, mas não tinha nada, nenhum traço de mentira. A sua face só demonstrava medo da minha reação, e óbvio, vergonha. Meu Deus... Bill era um striper, sai de cima do balcão, fui até ele, e ele só me observava, com uma cara de criança que esperava levar uma tapa da mãe por ter feito algo de errado. Peguei seu rosto em minhas mãos, sentindo sua barba fazendo coscas em minhas mãos, abaixei o seu rosto, para que assim ele me olhasse nos olhos, já que ele era bem alto. Ele tentava de todos os tipos de jeito, desviar seus olhos do meu, por causa da sua vergonha.

Meu Deus pobre Bill...

O abracei com força, e o senti suspirar de alivio, ele correspondeu ao meu abraço, suas costas estavam tremendo, ele estava tentando segurar o choro. Desfiz-me do seu abraço e o levei até a sala, segurando a sua mão. O fiz se sentar no sofá.

- Como assim? – Perguntei assim que me sentei ao seu lado.

- Como assim? Simples eu vou, com uma roupa de cowboy para cima de um palco, e tiro minha roupa, para as mulheres me jogarem dinheiro. Vamos lá Bia, não é difícil de entender. – Ele foi grosso, provavelmente pensando que eu estava rindo de sua cara. Eu nunca faria isso com ele, nunca riria dele e fico chateada se ele pensa que eu vou fazer isso com ele algum dia na minha vida.

- Deixe dessa grosseria comigo, Bill. – Falei séria.

- Desculpa. – Ele falou e desviou o olhar para o chão. Suspirei, me sentindo culpada por ter sido séria demais. Quem era o coitado que tirava a roupa por dinheiro era ele, não eu. EU deveria ser um pouco mais gentil.

- Não tudo bem. – Falei, me desculpando também. - O que eu quero saber é como você foi parar assim, tirando a roupa para ganhar direito.

- Meu pai e minha mãe queriam que eu fizesse direito. – Ele começou. - Eu passei na faculdade aos 16 anos, mas eu não queria ser um advogado como o meu pai, então eu fugi de casa para vir para aqui, realizar meu sonho, ser roteirista. – Ele suspirou. – Deu para viver aqui por um mês, já que minha irmã de mandava dinheiro, mas ai ela parou de mandar, e disse que estava viajando, seguindo o próprio sonho dela. Ela também tinha deixado direito, mesmo já o estando cursando há quatro anos, e foi para argentina, ser uma socióloga. Ela tinha de ter dinheiro para ela mesma, então pediu para que eu arranjasse um trabalho, pois aquele mês seria o último mês que ela mandaria dinheiro. – Ele falou e eu vi que tinha uma leve amargura em sua voz. Como se ele só tivesse lembranças ruins disso.

- Você ficou irritado? – Perguntei calma, tentando o entender.

- Não, óbvio que não. – Ele falou aquilo como se fosse um crime. Como se fosse um rime se sentir irritado com a irmã. - Eu a entendia, e me sentia feliz por ela estar seguindo o seu sonho, assim como eu, o seu irmão mais novo, o tinha feito. – Ele falou me explicando o que sentia calmamente. Eu estava começando a o entender.

- Você foi atrás de um emprego?

- Claro! – Respondeu-me rapidamente. - Procurei um como louco, mas o único que eu achei que me dava dinheiro para viver aqui. Era um de garçom pela manhã e noite, nos dias de semana, e de tarde, noite e madrugada, nos sábados e domingos. Eu aceitei o trabalho, sem pensar duas vezes. – Ele suspirou e eu vi a raiva nos seus olhos. - Eu faltava muitas aulas por causa do trabalho, estava começando a me dar mal nas provas, eu repeti todas as cadeiras, e foi assim que tudo só piorou, eu antes tinha uma bolsa na universidade, agora eu já não tinha mais, eu tinha de pagar para estudar. – Ele falou um tanto irônico colocando as mãos no cabelo e os bagunçando. - Eu estava fudido, eu tinha de arranjar urgentemente um emprego onde eu tivesse tempo para estudar e que me desse um bom dinheiro para eu pagar tudo... Mas... Não existia um emprego assim, não existe, não em Nova York... – Tive de concordar com ele, lembro-me de quando há alguns dias atrás eu estava trás de um emprego e não achava um bom. Os bons sempre já tinham sido preenchidos. – Na verdade encontrei, porém nenhum era agradável. No caso era de prostituto ou Striper. – Ele falou e deu de ombros, seus ombros estavam tensos, e não relaxados.

Um Romance Comprado//J.B//(+18)Onde histórias criam vida. Descubra agora