Um Romance Comprado//J.B//(+18)

- Capítulo 15 -

Bia ficou me olhando por longos e silenciosos minutos, e eu escutei o barulho do mar, o barulho de pessoas gritando e brincando em uma piscina e barulhos daquelas aves estranhas, que fazem barulhos estranhos, naquelas típicas praias vazias e bonitas. Suspirei. A gente não estava em Toronto, e eu não fazia à mínima ideia de onde estávamos.

Bia se levantou e foi até mim, ainda me olhando nos olhos, cambaleando um pouco, nos seus olhos tinha incredulidade, ela não estava acreditando naquilo... Qual é, nem eu estava acreditando nisso. Eu tinha me casado com 20 anos, com a certeza que o mundo todo estava sabendo disso, e pior, eu me casei com uma mulher que eu só conheço a duas semanas, que é minha namorada falsa, e que, puta que o pariu, eu nunca comi!

Ela puxou os papéis da minha mão, devagar, com lentidão e precisão. E olhou os papéis, primeiro o da casa, e olhou ao redor, fiz o mesmo; Com certeza, essa era a casa que no registro de imóveis, dizia ser nossa, minha e de Bia.

O quarto onde nos encontrávamos não era enorme, mas também não era pequeno, o chão era feito de madeira, o teto, e até mesmo a parede. Parecia mais um chalé do que uma casa. Tinha um espelho, uma cama, e umas bolsas no chão, duas que eu reconheci como sendo a minha mala e a mala de Bia, já a outra, bom, a outra eu não reconheci, era cinco malas e uma bolsa de criança... De quem era aquela malinha? Por que todas elas estavam naquele quarto? Olhei e vi que no quarto tinha uma grande janela que dava para ver o mar, e que estava fechada. O sol estava raiando, ao invés de estar chovendo, o mar era azul, e se forma espumas brancas quando as ondas, não muito grandes, se quebravam, elas faziam você querer pular dentro dela, pensando que a água estaria morna, mas ela, com certeza, estaria de gelar qualquer um... É, realmente, a gente com certeza não estava em Toronto, talvez um lugar perto dali, porém, não tão perto. Olhei mais um pouco o quarto e vi duas portas, uma dando para o que eu acho que era um banheiro e outra que dava para um tipo de corredor.

Olhei para Bia, e ela estava olhando já o outro papel, a certidão de casamento de alguma paróquia de Toronto, o papel em que estava dizendo, estava escrito com todas as letras, que nós estávamos casados, que tudo que era meu era dela, que tudo que era dela era meu.

- Eu disse que não queria beber. – Ela falou com raiva na voz, franziu os lábios e me olhou irritada. O olhei irritado também, não era só ela que estava na merda, eu também estava. Afinal, no casamento, um vai dormir melado de merda, e o outro acaba melado também. Ok, frase cú, mas com sentido.

- Eu não forcei você abrir sua boca, e muito menos pedi uma caipirinha vip e a enfiei guela abaixo em você. – Falei, entre dentes, mostrando para ela que ela não era a única que estava irritada, e com uma ressaca do carailho... Caramba, como é que a gente se casou bêbados? Ninguém viu o nosso estado e tentou impedir, não? Ela me olhou, fez um biquinho e mexeu a cabeça, como se tivesse pedindo desculpas, eu fiz o mesmo. Ela suspirou e olhou para o papel.

- A gente vai se divorciar? – Ela perguntou, como se quisesse ter certeza do certo, ainda olhando o papel, com uma careta, ela estava tentando encontrar um sentido naquilo, ou talvez, um erro que mostrasse que aquela certidão era falsa. O que eu mais queria era me separar de Bia, eu não a conhecia, ela era minha namorada falsa, eu só tinha 20 anos, e ainda era cedo demais, Deus do céu, eu namorava a Selena a 4 anos, e eu nunca, nunca a pedi em casamento, nem quando fomos para Las Vegas, bebemos muito e ficamos chapados, o máximo que a gente fez foi sair e ficar com outras pessoas, ai com Bia, uma garota que eu só conheço a Duas semanas, eu só bebo, nada de drogas, e eu me caso? Como?! Cadê o sentido nisso?

- Não podemos. – Respondi a ela e suspirei, me sentando na cama, eu olhava para a parede de madeira. Aquele lugar era confortável... Eu não a olhei, mas eu sabia que ela estava me olhando, eu sentia seu olhar queimar minha cara.